sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Estranha história de Natal

Neste natal, certamente haverá ricos, no nosso cada vez mais pobre país, que procurarão oferecer os mais belos objetos da moda. Vaidade das vaidades, como dizia Salomão, esse ilusório prazer de se ostentar objetos altamente dispendiosos, no primeiro caso malas de pele de crocodilo, ou casacos de pele e, noutro ainda, este de tapetes, as vistosas peles de tigres! O mesmo acontece noutras partes do mundo, em que predominam objetos ou obras em marfim ou a maníaca ideia de que certos animais, como os rinocerontes e os tigres, são portadores de qualidades afrodisíacas. Nesse prazer, ou melhor, nesse desvario, residem os maiores culpados da devastação dos animais selvagens e da extinção de belas espécies em algumas regiões e a sua ameaça noutras! Este monstruoso crime agravado pela avareza, ou, em muitos casos, necessidade de populações pobres, principalmente da África central e de zonas rurais da Índia, ou ainda de Moçambique, leva à destruição principalmente desses belos e inteligentes paquidermes e felinos superiores. Num só ano, como foi o caso de 2011, 25.000 elefantes foram dizimados para a extração dos dentes, devido à cobiça do marfim. O maior crime, porém, ocorreu em janeiro deste ano, em que uma centena de cavaleiros, munidos de metralhadoras e de granadas de propulsão, oriundos do Chade, surgiram no vizinho Camarões, a Norte, destruindo centenas de elefantes, famílias inteiras - filhos, mães, pais, avós e - no Parque Natural de Bouba Ndjidah, ato semelhante no ataque de 2006, efetuado no Parque Nacional de Zakouma, também no mesmo país. Não obstante a proibição global contra o comércio do marfim, adotada em 1989, a devastação, o horrendo crime da matança dos elefantes, continua. No caso dos tigres, particularmente a raça predominante de Bengal em que não obstante as 23 reservas de habitat desses belos animais, espalhadas pelo país, mas isoladas e cada vez mais em risco devido ao desenvolvimento da Índia, como a construção de barragens e crescentes necessidades dos agricultores por terras aráveis, o tigre é vítima de crescentes níveis de extinção, quando as suas peles são pagas, principalmente em Nova Iorque, a 10 mil dólares (7.500 euros) cada, montante para um aldeão indiano a significar uma vida inteira regradada! Com a China, como a maior culpada, que defende a importação do marfim, e certos componentes de animais, como os rinocerontes, cujos órgãos afirmam exercer efeitos afrodisíacos compreensivelmente a preços astronómicos. O mesmo acontece, como alegada medida de proteção da sua multisecular arte, de onde saem objetos de inegável extraordinária beleza, esta sua atitude não tem desculpa. Faz lembrar o comportamento dos vizinhos japoneses que defendem a caça e abate das baleias por razões científicas, quando os seus ávidos cidadãos as devoram na sua tradicional culinária! Quanto a rinocerontes, em que tanto o Vietname como a Indonésia já não têm nenhum destes potentes animais, os que restam no vasto e belo Parque Krugger, na África do Sul, não obstante os enormes esforços dos seus guardas, um por dia é abatido, especialmente por indivíduos provenientes do vizinho Moçambique. Devido à frequência da prática deste crime, que tanto enriquece as pobres populações fronteiriças, as autoridades sulafricanas têm ordem para matar os assaltantes, pelo que é normal que muitos deles, em sua maioria jovens, o que regressa às suas aldeias não são os preciosos produtos dos rinocerontes ilegalmente abatidos, mas os seus próprios corpos em caixões, enviados como exemplo. QUE AOS ANIMAIS, MUITOS DELES NOSSOS AMIGOS, E QUE TANTO GOSTAMOS DE VER NOS ÉCRANS DAS NOSSAS TELEVISÕES OU ATÉ NO JARDIM ZOOLÓGICO, DEDIQUEMOS TAMBÉM NESTE NATAL UM CARINHO MUITO ESPECIAL. E aqueles ou aquelas que por mera vaidade procurem ostentar produtos ou artigos que provocam a sua morte e extinção, PENSEM MAIS DO QUE DUAS VEZES! BOM NATAL e MELHOR ANO NOVO PARA TODOS QUE ME LÊEM ASSIM COMO SUAS ESTIMADAS FAMÍLIAS!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A IMPRENSA BRITÂNICA SOB HISTÓRICO MICROSCÓPIO

Volvidos 317 anos e 30 de três revisões de autocontrolo, a imprensa britânica foi foco do maior e mais intenso escrutínio da sua história. Após o escândalo das escutas ilegais, em sua maioria a cargo do mais tarde defunto News of The World a mais de 500 pessoas, incluindo algumas das mais célebres figuras da vida artística, como o ator cinematográfico, Hugh Grant, mas não só, nomeadamente Kate McCann, mãe da pequenita Maddie que desapareceu no Algarve, cujo diário foi publicado sem a sua autorização e acusações de que o casal tinha escondido o corpo da menina desaparecida no congelador ou a indevida acusação do professor Christopher Jefferies da morte de uma mulher em Bristol, a série culminou com a intervenção ilegal no telemóvel da pequena Milly Dowler que tinha desaparecido quando regressava do colégio e cujo corpo foi encontrado morto nas proximidades da sua residência em Walton on Thames (a sul de Londres). Os intrusos conseguiram mandar supostas mensagens aos pais da jovem a fim de lhes dar a impressão que estava viva e assim poderem perpetuar e sensacionalizar a sua indevida reportagem. Este, o caso mais mediático que revoltou todo o país e levou o primeiro-ministro, David Cameron, a decretar a realização de um inquérito judicial a cargo de um decano da mais alta instância, o Juiz Lorde Leveson. Numa verdadeira maratona judicial, que durou 17 meses, em que depuseram mais de 500 testemunhas, incluindo o próprio primeiro-ministro, o seu vice, o líder da principal oposição - Partido Trabalhista - Ed Miliband, ministros, comissários e chefes da polícia, jornalistas e proprietários da imprensa, como o magnate Rupert Murdoch, figuras célebres da vida artística britânica, nomeadamente Hugh Grant e ainda os pais da vítima, Milly Dowler, como o casal McCann e muitas outras individualidades, o relatório final, composto por quatro maciços volumes de quase 2000 páginas, foi divulgado na passada quinta-feira. Se a especulação que antecedeu tão ansiado momento atingiu o auge, colocando o primeiro-ministro em foco quanto à aceitação das conclusões, as revelações mais intensificaram o debate. Em menos de duas horas, perante uma repleta Câmara dos Comuns, David Cameron, que recebera 24 horas antes o tão ansiado relatório, embora felicitando o seu autor e lamentando as vítimas, imediatamente provocou polémica ao confirmar as suspeições de que seria contrário a qualquer lei que condicionasse a liberdade da imprensa, na base de dificuldades legais. A sua posição imediatamente o desligou do seu vice de coligação, Nick Clegg, que embora contemplando algumas dificuldades legais, favorece medidas apoiadas por legislação, provocando uma dissensão cujas consequências serão conhecidas nas próximas semanas. E, como se esperava, com o apoio e o clamor da adoção de medidas imediatas de TODO o Relatório por parte da Ed Miliband, nos dois esteios democráticos, as revoltadas vítimas encontraram o ansiado apoio negado pelo primeiro-ministro. Lorde Leveson que considerou a imprensa como um dos principais pilares da democracia, foi o primeiro também a criticar frontalmente os inaceitáveis abusos dos seus transgressores, assim como o seu chegado relacionamento às mais altas figuras políticas do dia. A sua crítica atingiu também a polícia, na averiguação dos vários casos, embora a isentasse de corrupção. A fim de preservar tão importante suporte e evitar abusos que o danifiquem, propôs alterações como: um novo, mas voluntário Regulador, constituído por novos elementos eleitos por uma entidade independente e chefiado por apenas um Diretor (de um dos principais títulos atuais), mas excluindo qualquer membro do governo; julgar e decidir disputas; elaborar um novo código de conduta para os jornalistas, respeitando o direito da privacidade e maior exatidão; poder de investigar e decidir o tamanho e a colocação do pedido de desculpa; direito na aplicação de coimas com base em 1% do total das receitas do título transgressor, até ao máximo de um milhão de libras (1 milhão e 200 mil euros). Finalmente, o novo Regulador deve ter o apoio da lei que force os incooperantes a participar, e, neste caso, sujeito ao atual regulador da Televisão, OFCOM. Documento inédito e Histórico, segundo o The Guardian “o que ao relatório de Leveson faltou em termos literários e de elegância foi compensado em detalhe e clareza. À partida, deve ser dito que se trata de um imensamente sério, bem argumentado e vasto documento (…) que o primeiro-ministro (,,,) deve estudar cuidadosamente antes de descontar as suas partes mais significativas. E a imprensa tratá-lo com respeito – e não com menos humildade”.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

NOVA CRISE NA BBC

Para quem, como eu, serviu, durante 30 profícuos anos, tão eminente Emissora é trágico, neste seu 90º aniversário, ver tão conceituado nome nas manchetes dos media mundiais, incluindo os da nossa e tão criticado nos media britânicos. Mas não só. Também por alguns dos seus próprios e prestigiados funcionários! Dentre eles o veterano renomado jornalista John Simpson que afirmou esta ser a maior crise da BBC dos últimos 50 anos. Subitamente, e depois da transmissão de um programa televisivo pela emissora britânica ITV1, em outubro último, em que denunciava o famoso apresentador da televisão, Jimmy Savile, que morrera aos 84 anos de idade, em outubro de 2011, de múltiplos e alegados crimes de pedofilia, alguns deles alegadamente praticados a raparigas jovens nos camarins da BBC Televisão, em White City (a oeste de Londres nos anos 70 e 80, depois da gravação de programas por ele apresentados. O caso, porém, não ficou por aqui. Um dos seus mais populares programas de investigação, Newsnight, apresentado no canal da BBC2, havia investigado e entrevistado alegadas vítimas do apresentador, com o intuito de o transmitir em dezembro do ano passado, ou seja, um mês depois da morte do apresentador. O programa, porém, não foi transmitido por alegada decisão editorial com base na necessidade de mais confirmações por parte da Polícia. A decisão, foi, todavia, posta em dúvida, alegando-se que a razão principal ficar-se-ia a dever ao facto de colidir com um outro, este a elogiar a vida do visado, a ser transmitido, como realmente foi, durante o Natal do ano passado. Assunto que está a ser investigado por uma entidade independente que esteve ligada à concorrente, Sky News. Enquanto decorria esta e outra investigação, esta última a concentrar-se nas alegações de abusos sexuais praticados nas instalações da BBC, a cargo de uma ex e conceituada juíza, surge outro e inesperado escândalo – a transmissão, no programa Newsnight, de uma reportagem denunciadora de uma alta personalidade política relacionada com o partido Conservador. Embora não nomeando o visado, uma alegada vítima, nele entrevistada, afirmava ter sido violada, quando garoto, numa instituição juvenil no País de Gales. Com o firme desmentido do alegado visado, aliás, mais tarde confirmado pela falsa vítima, na base de confusão de identidade, obviamente, Newsnight, e a BBC voltariam a ser foco de compreensíveis e violentos ataques. Desta vez, porém, as atenções concentraram-se no recém nomeado diretor-geral da BBC, George Entwistle, devido à sua dupla capacidade de editor-em-chefe da Corporação. Sem ter sido previamente consultado sobre tão importante denúncia, por alegadas e deficientes estruturas editoriais, perante tão enorme clamor nacional, decidiu assumir a responsabilidade, demitindo-se, o que aconteceu 54 dias depois da sua investidura e de quase 30 anos de carreira na BBC. O mais irónico, foi George Entwistle ter sido um dos mais brilhantes jornalistas encarregados do programa Newsnight. Precisamente aquele que o levou à demissão! A trama, não ficou por aqui. Como resultado outros conceituados jornalistas da BBC, uns foram suspensos e outro demitido. Esta nova crise surgiu quando a BBC se recompunha de uma outra, esta relacionada com o Iraque e o ex primeiro-ministro Tony Blair, em particular – o também célebre caso Hutton, que envolveu um inquérito judicial chefiado pelo juiz de que teve o seu nome – Lorde Hutton, em 2003. Em causa, a notícia divulgada pela BBC-Rádio 4 em que atribuía ao então primeiro-ministro a manipulação da informação do relatório de autoria dos Serviços Secretos Britânicos de que o então dirigente iraquiano, Saddam Hussein teria armas de destruição maciça que poderiam despoletar em apenas 45 minutos. Pressuposto da intervenção militar no Iraque. Com a decisão de Lorde Hutton, da infundada alegação, resultou uma das até então mais sérias crises da BBC, provocando a demissão tanto do jornalista iniciador da notícia, Andrew Gilligan, como do diretor-geral, o popular e eficiente Greg Dyke, e ainda o Presidente da Corporação, Gavyn Davies. Com esta segunda crise, a questão que abalou os sólidos alicerces de uma das mais conceituadas instituições britânicas, é o futuro da BBC, cuja estrutura hierárquica, nomeadamente editorial, começa a ser enfrentada.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

QUEM SÃO OS SALAFIS?

Nesta que é uma importante fase de ressurgimento islâmico, principalmente depois do ataque do Al Qaida aos USA, em 2009, e da retaliação destes, primeiro ao Afeganistão e, depois ao Iraque, os muçulmanos começaram a recrutar adeptos e a intensificar a sua ação em todas as partes do mundo, graças, principalmente, aos enormes fundos proporcionados quer pela Arábia Saudita, como pelo Qatar. Foi o que aconteceu com os Salafis, principalmente durante a ocupação soviética do Afeganistão em que ali afluíram. Até então obscuro e até chacoteado movimento fundamentalista, particularmente conhecido pela mera distribuição de folhetos junto às mesquitas e festivais islâmicos e conhecido especialmente pelos seus controversos costumes, radicados ao período original de Maomé e, daí, o nome salafi, que significa “os predecessores”. Oriundos dos Sunni, que juntamente aos Shiitas, constituem os dois principais troncos do islamismo, o Salafismo, que não passava de uma filosofia, uma forma de vida, portanto sem qualquer liderança hierárquica, pelo que os seus aderentes não seguem, nem obedecem a uma simples figura, mas dependem e confiam nos escolásticos, antigos e modernos sobre a sua conduta. Para os Salafis, a vida é demasiado séria, pelo que não há lugar para o que consideram frivolidades, como a mais do que comum música, o cinema, a televisão ou a maioria de quaisquer diversões, como é o caso das civilizações ocidentais. O seu lema é o regresso às raízes e à emulação da austera piedade do Profeta Maomé e aos seus primitivos seguidores. Até recentemente, os Salafis não estavam muito interessados em política ou em qualquer forma de governo, democrático ou ditatorial, uma vez que, para eles, Deus, ou Alá é soberano. Porém, devido à acção e radicalização de um dos seus principais membros, Ben Laden, o movimento assumiu nova posição, mas pior, violência. A mais notável ação de terrorismo, encetada por Salafis, ou melhor, pelo seu braço, Ansar al-Sharia, foi o ataque e morte do embaixador americano, J. Christopher Stevens, assim como três dos seus acompanhantes, no consulado americano de Bengazi, na Líbia, no início de setembro de 2012. A sua agressividade repetiu-se no Paquistão, no dia 21 do mesmo mês, declarado feriado oficial para dia de protesto, encorajando motins que levaram à morte pelo menos 25 pessoas. A notória radicalização foi o objetivo dos Salafis que levou virtualmente todo o Paquistão a um espetro político de vários graus para a direita. Mas não apenas. Na decorrente e trágica convulsão da Síria, com Salafis a emergir de todos os cantos do mundo muçulmano, dão nova dimensão à luta contra Bashar al Assad, caracterizada por um novo factor - o sectarismo. Este fenómeno, provocou um verdadeiro terramoto em todo o mundo islâmico ao ponto do próprio presidente tunisino, o liberal Moncef Marzouki, declarar que “estamos a lidar com um grande perigo, uma verdadeira ameaça”. Na realidade, acrescenta que o “Salafismo é como um cancro. Quanto mais retardarmos, mais extremamente difícil será curá-lo”. Aponta a revista TIME (8 de outubro de 2012), que “se os governos democraticamente eleitos do Egito, Líbia, Tunísia e Iémen representam o florir da Primavera Árabe, os recém e afirmativos Salafis são ervas daninhas a dominar o terreno fertilizado pela livre expressão, mas pobremente cuidado por fracos governos.” Por isso, alerta para o facto de que, embora muitas capitais do Ocidente estejam de sobreaviso, isso não chega. Se o seu alastramento não for devidamente atacado, os “Salafis, ao forçarem este tipo de islamismo, puritano e intolerante (…) sufocarão o despertar das novas democracias…”! O melhor e mais recente exemplo é a súbita quase ocupação de metade de um dos mais liberais estados e centro de cultura africanos – o Mali.

sábado, 27 de outubro de 2012

REMAR CONTRA A MARÉ

Nos jornais diários, e não só, assim como nos telejornais das nossas televisões, abundam os clamores, os protestos, os queixumes contra a atual situação do nosso país, mas principalmente contra o Governo. Claro que as medidas tomadas pelos nossos governantes, principalmente passados, como os presentes, em que o nosso nível de vida, privilégios facilmente assumidos, foram atingidos por uma verdadeira hecatombe, principalmente no insustentável número de desempregados e consequente aumento da pobreza, justificam-no. Porém, entre os clamores, os gritos, mas pior, as malévolas e ofensivas acusações, principalmente aquelas ouvidas nas manifestações de setembro, mas pior ainda, o vaiar aos membros do governo, geralmente orquestrado por setores da nossa sociedade, sem significativa representação político-democrática, são completamente estranhas aquele “povo de brandos costumes” como o nosso País era orgulhosamente chamado. Por muita razão que haja, e que, sem dúvida, há, os protestos carregados de compreensível emocionalismo devem ser vistos e analisados de cabeça fria, e à luz da Razão. Quando um Governo, finalmente disposto a “arrumar a casa”, invulgar coragem de qualquer político, devido à enorme impopularidade que as suas necessárias medidas acarretam, embora forçado pelos nossos credores externos, de quem uma irregular normalidade depende, procura fazer o seu trabalho corrigindo hábitos que há muito deveriam ter sido combatidos, esse Executivo é incompreendido e atacado. É possível que, no apressar da eficácia dessas medidas, tenha predominado algo ideológico. O maior pecado, porém, reside na ausência da boa e necessária comunicação. Porém, e aqui, quando as notícias ainda são penosas, pode haver compreensível retraimento, o que afeta a boa e desejada comunicação. Afinal, a GRANDE QUESTÃO, que geralmente se ignora, é: POR QUE CHEGÁMOS A ESTA SITUAÇÃO? Como todos deveríamos saber. Numa economia incompetitiva como a nossa, dependente, pelo menos a partir de 1974 (e aqui lembro-me bem de uma conferência de imprensa dada pelo então Presidente General Ramalho Eanes, na nossa embaixada em Londres, quando foi assistir à Assembleia Geral da NATO, em que aproveitou, junto dos influentes dirigentes mundiais que a ela assistiram, nomeadamente o Presidente americano Jimmy Carter, para ajudarem o nosso país nas duas tão necessárias e históricas tranches financeiras), da ajuda externa, embora os preciosos fundos europeus da Estabilidade Económica não fossem devidamente aproveitados na necessária diversificação da nossa economia, qualquer menino ou menina de escola primária, ou qualquer dona de casa sabe bem o que pode suceder. O pior, e não obstante esta situação, foi viver-se, do agravado endividamento – público e privado - principalmente a partir dos anos 80 e 90, no cáustico e praticamente ignorado endividamento, encorajado por uma Banca a abarrotar de petrodólares oriundos, em sua maioria, da Arábia Saudita, facilmente embalados no velho sonho de que, um dia, se viria pagar, se é que se chegou a pensar nisso! A fatura, a inevitável fatura, teria de ser paga, pelo que os nossos credores, finalmente, bateram-nos à porta. E que forte bater, ao ponto de abalar a até aí considerada solidez dos alicerces! Portanto, por que, agora, se berra, lamenta e choraminga, acusando o Governo de ser desumano e autista? É verdade que, não apenas o nosso, mas os de economias mundiais mais fortes, como é o caso do Reino Unido, país que bem conheço, a fazer igualmente face a uma das suas maiores crises financeiras, agravado ao encerramento diário de 20 estabelecimentos por dia, incluindo famosas cadeias comerciais, optaram pelo mais fácil: não atacar, em princípio, o exagerado despesismo estatal e governativo ou a classe rica, mas o pobre e sofredor trabalhador. Porém, ao tentar reformar o que até aqui tinha sido inreformado e preparar o caminho para, finalmente, se viver PELOS NOSSOS PRÓPRIOS MEIOS, este, ou qualquer governo deveria ser compreendido e APOIADO! Afinal se nós, pelo nosso egoísmo, CRIÁMOS esta situação, NÃO DEVEM SER OS NOSSOS FILHOS, a quem deveríamos proporcionar um bom princípio de vida, a PERPETUAR – E PAGAR - A DÍVIDA POR NÓS CRIADA! Por isso, caros concidadãos ACORDAI e, finalmente, MEDITEM, afim de que o sofrimento atual não seja duradoiro!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

L U Í S A !

LUÍSA. O teu nome, quem to deu, sabia que serias um Raio de Luz! Luz a jorrar, nas, por vezes, densas trevas de um incerto Caminho. O caminho que tens percorrido, com retas cheias de esperança e de luminosidade jorraram uma, embora fortuita felicidade e esperança. Porém, as curvas, algumas delas mais do que tortuosas, também semeadas de fortes e altaneiras ervas daninhas a prejudicar a tua visão, além dos escolhos , neles tropeçaste, caindo, exausta, deixando-te vencer. Titubeando, ergueste-te , caminhaste, para voltar a caír. Porém, não estás só. A tua LUZ, a luminosidade que do teu nome irradia, conduzir-te-à ao bom RUMO. A borrasca, por muito difícil que seja, não é perene! As ondas deste mar, que parece indomável, e por vezes por ti vistas como Adamastores acalmar-se-ão. DISSO PODES TER A CERTEZA. Garante-te AQUELE a quem atribuis ida FELICIDADE! Para isso, só TE PEDE C O R A G E M. Aquela CORAGEM QUE TENS DEMONSTRADO. Ela está em ti, em PLENA PUJANÇA! Para isso, basta CRER. LEVANTA-TE e ANDA!. Entra na nova vereda, a VEREDA DA LUZ QUE O TEU NOME IRRADIA. DEIXA, abandona DE VEZ os elusivos e tentadores elixires ou os conselhos, por muito bem intencionados que sejam, daqueles que tens procurado e pretensamente “ajudado”. O estado em que te encontras, AS LÁGRIMAS QUE VERTESTE que muito me surpreenderam e fortemente me entristeceram. Não esperava! Muitas foram as vezes que pensei em ti, da Luísa que abruptamente nos deixou, esvaiando-se na Saudade da Memória! POR ISSO TAL SITUAÇÃO, NÃO DEVE – NEM PODE – CONTINUAR! LEVANTA-TE, ÉS JOVEM, AINDA TENS RODOS DE ENERGIA, DE POTENCIALIDADE! TENS MUITO À TUA FRENTE! Lembra-te do que foste, da tua POTENCIALIDADE, do TEU SABER, DO QUE FIZESTE, DO MUITO QUE CONSEGUISTE - . Profissional e academicamente! É AÍ QUE RESIDE O POTENCIAL DO TEU NOME, QUAL VULCÃO EM PRESTES ERUPÇÃO! A adversidade, por muita que tenha sido, NÃO É duradoira! As the English say: We LOVE YOU VERY MUCH! PS Os teus fósforos podem permitir o ATEAR DA DESEJADA E HÁ MUITO PERICLITANTE CHAMA DA AMIZADE. Que essa chama, seja TRANSFORMADA EM ARDENTE CHAMA!

sábado, 20 de outubro de 2012

O SEGREDO DA FELICIDADE OU O PRINCÍPIO DA INFELICIDADE

O SEGREDO DA FELICIDADE OU PRÍNCIPIO DA INFELICIDADE Para alguns o dinheiro, a riqueza, pode ser o segredo da felicidade. Porém, segundo a maioria daqueles que ganharam o Jackpot, Totobola ou Euromilhões, como aquele felizardo de Mirandela, em 13 de abril passado, e que depressa esbanjaram a fortuna, facilmente adquirida, esse não é o caso! Nem, tão-pouco isso acontece com o minúsculo país dos Himalaias – Butão - que em vez do PIB serve-se do GNH (sigla inglesa que significa Felicidade Interna Bruta – ou, neste nosso caso, FIB).Claro que nesta fase de crise parece irónico falar-se de, e muito menos, medirem-se taxas de Felicidade! Mas, caro(a) leitor(a), consigo nunca brinco! Medir taxas de felicidade, se isso é possível, é questão de interrogar tanto o governo do Butão como, mais perto, quer o cada vez mais embaraçado primeiro-ministro da Espanha,Mariano Rajoy, ou o ex Presidente Sarkozy, da França, ou, ainda, o primeiro-ministro britânico, David Camero, Como, também os dirigentes do estado americano do Maryland! Tanto o segundo como o terceiro, anunciaram recentemente essa intenção. No caso do segundo, incumbiu, em 2008, os dois laureados Nobel de Economia, Amartya Sen e Joseph Stiglitz, a apresentarem-lhe medidas gerais de satisfação. Quanto ao terceiro, a seguiu-lhe as pisadas, em novembro último, em que anunciou que o seu governo, como alternativa ao PIB, começaria a recolher elementos conducentes à taxa da felicidade, ou bem-estar nacional! Aliás, estas iniciativas, não são totalmente novas uma vez que tanto nos Estados Unidos da América, como na União Europeia, esta, com o seu Eurobarómetro, e individualmente noutros países, já se realizam Estudos Sociais. Sabemos que a Felicidade ou o Bem-estar, são relativos e intangíveis, pelo que dependem de vários fatores, principalmente amizades, relações, vida familiar, segurança financeira e, claro, país de origem, idade e sexo. Embora no Butão o rendimento per capita seja um dos mais baixos do mundo, a expetativa de vida aumentou 19 anos entre 1984 e 1998, atingindo 66 anos de idade, ou seja 30% de aumento, o que é admirável. Possivelmente, esta uma das razões de optimismo. Mas o que é a felicidade? Segundo John Ralston Saul, filósofo político canadiano, trata-se de “harmonia de interesses individuais e comunitários”. Outros cientistas, como Bereton e colegas dos Estados Unidos da América, num estudo conduzido em 2008, relativo ao ambiente, concluíram a existência de inúmeros benefícios ou prejuízos geográficos, nas taxas de felicidade das pessoas. Se a proximidade do litoral era considerada como boa, os desterros, ou lixeiras, era mau. No caso de centros de comunicação, tanto podem ser bons como maus dependendo do tipo e da proximidade quer de aeroportos, neste caso positivo, como da proximidade de grandes rodovias e distâncias, negativo. A conclusão a que chegaram foi que a geografia e o meio-ambiente são fatores sócio-económicos e sócio demográficos, tão críticos como o desemprego e o estado marital! Daqui se conclui também que o meio-ambiente resulta num importante investimento em que predominem o agradável e limpo ambiente. Consideremos ainda outros, como os que mencionámos anteriormente. Se a idade, com as suas consequências, como debelidades físicas e mentais, muitas vezes limitam as nossas capacidades, constituem fatores da taxa de felicidade, compreende-se porque noutro estudo realizado, em 2006, pelo Professor Peter Ubel e colegas, da Faculdade de Sanford da Universidade Duke, a classe etária mais feliz era a de 30 anos. O que, porém, intriga, é o facto de semelhante posição ser atribuída às pessoas de 70 anos de idade! Isto significa, segundo outro estudo efetuado pelo Ministério Britânico do Trabalho e Pensões, a tendência no país do aumento da longevidade. Aponta este estudo, que em 2080 haverá 626,900 pessoas de 100 ou mais anos, 21,000 das quais terão pelo menos 110! Quanto ao sexo, esclarece um estudo recente da revista britânica The Economist, baseado numa investigação conduzida pelo Prof. David Blanchflower, do Dartmouth College (Reino Unido) em 72 países, o sentimento de felicidade varia. Regra geral, as mulheres manifestam maior sentimento de felicidade que os homens. Porém, um quarto, é mais suscetível a depressões e neuroticismo em várias fases da vida, comparada apenas a 10% dos homens. No que se refere ao país, se os Ucranianos, de 62 anos, atingem o topo da lista do povo mais miserável, os Suíços, aos 35, são os mais felizes e, os Britânicos, mais expansivos. Mas, regra geral, a maioria dos países aponta para a taxa etária dos 40 e princípio dos 50, como a mais infeliz, sendo 46 anos a média geral global da insatisfação ou infelicidade.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A MAIS LONGA, BEM PREPARADA E INCERTA JORNADA!

No Egito antigo, quem fosse rico, nobre, membro do alto clero ou da família real, a maior preocupação, depois da morte, era a preparação para a mais longa e incerta jornada da vida eterna. A ilustrá-lo o Museu Britânico montou uma das suas mais notáveis e raras exposições sobre este tema e, em particular, sobre O Livro da Morte. Não um simples volume, mas um conjunto ou de documentos, em papiro, ou simples inscrições nos caixões dos defuntos. Na realidade, o indispensável passaporte para o Além. Mas não a garantia de completo sucesso! No Livro da Morte constam tanto as virtudes em vida do falecido, como, e muito especialmente, a compilação de um guia de palavras mágicas que garantam o sucesso da travessia para a almejada eternidade. Na realidade uma janela aberta aos complexos credos e práticas dos egípcios antigos, quanto a uma das suas principais preocupações sobre o Além. Esta, uma das maiores – e única - mostras de sempre, reunindo numa só exposição a vasta documentação sobre este tema de que o Museu Britânico é possuidor! Uma das principais atrações, pela primeira vez exibidas na sua totalidade, é o mais longo Livro da Morte - 37 metros de comprimento! Trata-se do Papiro (Edith Mary) Greenfield, nome da colecionadora e dadora de tão raro e belo documento, ao Museu Britânico, em 1910. Além deste, constam ainda papiros raros sobre o mesmo tema, como é o caso do Papiro Hunefer, Anhai e Papiro Nebqed, este último especialmente emprestado pelo Museu do Louvre. Intitulada Jornada depois da Morte: O Antigo Livro da Morte Egípcio, esta excecional exposição reuniu a mais completa coleção tanto de papiros como de objetos de necrofilia – caixões, múmias e joias fúnebres raríssimas. O Livro da Morte era um dos objetos indispensáveis e variados. Desde o papiro enrolado à múmia, mas especialmente aos magnifica e laboriosamente ilustrados documentos, separadamente enrolados, talvez o mais notável seja o já citado Hunefer (cerca de 1289AC). Neste belíssimo manuscrito encontra-se todo o desenrolar gráfico da longa e incerta viagem para o Além. Retratando o escrivão real a entrar no Hades, liderado por Anubis, o deus de cabeça de jacal e protetor dos mortos, ao lugar do julgamento, onde, finalmente, o coração do escrivão é pesado e, dependendo da acusação e defesa, entrará na porta da vida eterna ou o coração consumido pelo Devorador (vejam-se mais adiante outros pormenores) e, consequentemente rechaçado. Como se afirmou acima, o indispensável passaporte para a eternidade! Na realidade os Livros eram variados e diferentes. Usados durante mais de 1500 anos, entre 1600AC e 100AD, até agora foram descobertos mais de 200 exemplares, alguns dos quais estão ainda a ser estudados. Todos em pergaminho, obviamente muitos deles em adiantado estado de deterioração, além dos já citados, outro igualmente notável é que foca Nesitanebisheru, mulher famosa e poderosa, que morreu cerca de 930AC, filha de Pinedjeni II, Sumo Pontífice de Amun e Thebes, também Soberano do Egito Superior. “Livro” diferente, pois nele constam dados invulgares a qualquer outro, talvez a pedido da falecida. Desde o ritual da abertura da boca do cadáver, a fim de insuflar energia e vida para a longa jornada, ao embalsamar, com o intuito de preservar e evitar a deterioração do corpo, ato classificado de sah, mas especialmente, a destituição de todas as impurezas para ascender à divindade, confirmada pela colocação da máscara dourada, símbolo do corpo dourado, a múmia, acompanhada de amuletos símbolo de poder e de proteção, ao ser colocada no caixão, jamais poderia ser vista por seres humanos. É aqui que se encomenda o corpo aos deuses de forma a que lhe seja dado o poder e o espírito de o controlar, especialmente na preservação do coração que para os antigos egípcios era a sede da razão e, a mente, como local de identidade. Porém, o maior teste da jornada é o julgamento. Tal como já foi antes abordado, ao descrever o Papiro Hunefer, no salão do julgamento sentam-se 14 deuses-juízes em frente dos principais, como Ra, deus do sol e criador do mundo, com cabeça de falcão; Osiris, deus dos mortos e do Hades, o único com cabeça humana idêntica à dos faraós, Thoth, com cabeça da ave Ibis, deus da escrita e do conhecimento, e Horus, filho de Isis e Osiris agindo como intermediário entre os mortos e Osiris. O candidato à vida eterna entra no salão conduzido por Anubis, o referido deus protetor dos mortos embalsamados, com cabeça de jacal, a quem compete pesar o coração na balança do julgamento. Depois de ouvida a defesa, a prova final está no peso do coração na balança e decidida a sua sorte. Caso se conclua a veracidade dos factos, provada pelo peso do coração, abrem-se as portas do paraíso, numa jornada bem sucedida; caso contrário é lançado no Hades, ato confirmado pelo coração devorado pelo Devorador, representado por cabeça de crocodilo, pernas frontais de leão e, da retaguarda, de hipopótamo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

JOHAN ZOFFANY – Pintor e retratista observador da Sociedade O nome de Johan Zoffany, como pintor, pode, à primeira vista, não despertar grande atenção do/a leitor/a. Se assim é, não está só! O mesmo aconteceu comigo, pois era-me completamente desconhecido! Não surpreende, que ao ver a exposição, realizada na reveladora Royal Academy of Arts, em Piccadilly, em Londres, regressei maravilhado por tão inesperada e educativa experiência. De origem alemã, natural de Francoforte, em cuja proximidade nasceu, em 1733, e onde, depois de treino em Roma, na década de 1750, se notabilizou como artista, junto do influente prelado e patrono, o eleitor, príncipe-arcebispo de Trier (Rineland, junto ao rio Mosele, na Alemanha), ao mudar-se para Londres, em 1760, foi, porém, na capital britânica em que mais se notabilizaria. Primeiro junto de altas figuras teatrais da época, como o ator empresário David Garrick (1717- 1779), do qual e de principais colegas seus, igualmente famosos, se notabilizou em inúmeros retratos, refletidos na excelente secção da exposição, “Garrick e o Palco Londrino”, em que revela um brilho invulgar, à altura, ou até ultrapassando muitos mestres-artistas consagrados, principalmente no detalhe e estrutura. A esta fase, seguiu-se outra mais importante, a introdução na corte de Jorge III, com particular ênfase para a rainha Carlota e, daí a sua amiga, mais tarde admiradora e influente patrona, a Imperadora Maria Teresa da Áustria, de cuja família a ele se devem magníficos retratos. A demonstrá-lo, e em relação à primeira, na exposição destacava-se a Rainha Carlota e os seus Dois Filhos mais Velhos (parte da Coleção Real britânica), em que Zoffany não só se destaca como invulgar artista, mas, acima de tudo, no novel tratamento da colocação dos intérpretes, numa pose doméstica. É, porém, na secção Royal Academy de que foi membro, em que o artista se revela e excela como pintor, diríamos fotógrafo, na seu extraordinário quadro de grupo de inúmeros membros, envolvidos na observação de um modelo masculino nu. Outro trabalho, subordinado a este tema, é o magnífico contraste, Academia vista à Luz da Lâmpada (1761-62), embora com menos personagens, de novo frente a um modelo masculino nu, em que se destacam as múltiplas estatuetas na prateleira como pano de fundo. Porém, é na secção Famílias e Amigos em que Zoffany se destaca como retratista ímpar, predominando o contraste entre luz e pano de fundo, excedendo mestres da que tanto se notabilizou nesse domínio, a Escola Flamenga. Outro notável exemplo é o seu trabalho Thomas Rosaman e a sua Família (1781), ou ainda o extraordinário quadro, A Família Sharp (1779-81), em que se salienta, de novo, o contraste e o pormenor particularmente na roupagem, no primeiro, da mulher do homenageado e das filhas, estas a apontar para o pai e o irmão, que se encontram num pequeno barco a remos com um contrastante e sombrio pano de fundo, e, no último, o pormenor dos vários participantes, incluindo o cão, em primeiro plano. Desta mesma classe, há, igualmente, que incluir o belo quadro Pedintes da Estrada para Stanmore (1769-70), John Caff e o seu Assistente (1772), este a predominar a simplicidade de um artífice e, ainda A Bancada de Fruta Florentina (1777), em que, além do esquisito pormenor dos vários vendedores, predomina, mais uma vez o elaborado contraste luminoso ao sombrio fundo e das personagens e frutas. Igualmente notáveis, são os elaborados trabalhos de Zoffany, com miríade de personagens, como O Assalto À Adega do Rei, em Paris (1794), que, como resultado, retrata a centena ou mais de assaltantes, ébrios, em posições caricatas. Excelente e inolvidável revelação, de um artista, até aqui possivelmente pouco conhecido do grande público, e ao qual se fez jus, veio a falecer em Londres, em 1810 e cuja sepultura se encontra a par de outro Mestre da pintura britânica, Thomas Gainsborough (1727-88), em Kew, onde viveu. A complementar a miríade de trabalhos, desta reveladora exposição faziam, igualmente parte, várias pinturas sobre cenários e personagens influentes de países que visitou, como a Índia e a Itália.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AS FASCINANTES ENTRANHAS DE PARIS Alexander Dumas conhecia-as muito bem, pois classificou-as da “consciência da cidade”. Foi dali que saíram os andrajosos vagabundos do seu fascinante e maravilhoso romance, Les Miserables, tão belamente adaptado para o teatro, como peça musical, por uma companhia londrina, que é sucesso de bilheteira há já vários anos, e era ali que se escondia o Corcunda de Notre Dame! Como as entranhas de Paris não são ficção, explorêmo-las, servindo-nos daqueles conhecidos por cataphiles como guias, cujos recônditos lhes são tão familiares! A começar, os subterrâneos de Paris, antiquíssimos como são, são igualmente os mais extensos do mundo! No subterrâneo de Paris existem os mais variados espaços: Desde canais e reservatórios a criptas, cemitérios e caixas fortes subterrâneas para esconder e guardar as montanhas de ouro nacional! São, porém, as suas enormes pedreiras subterrâneas, perto da Catedral de Notre Dâme, que lhe deram vida e beleza, as famosas carriéres, cujas rochas deram lugar aos enormes e belos edifícios da superfície, que a tornaram famosa e, que até 1955, era ilegal visitá-las. A situação mudou por completo a partir de 1970, em que a revoltada cultura “punk” decidiu fazer delas e, descobrindo muitas outras, local de festas e orgias, centro pinturas, mas também dominadas pela droga! Atualmente, tal missão compete aos cataphiles, destemidos jovens, que ao insistirem explorá-las fazem delas “hóbi” permanente. Não obstante as tentativas da polícia especial, nunca conseguiu impedir o seu assédio. Antes deles, e durante a II Grande Guerra, as catacumbas da capital francesa foram refúgio de milhares de elementos da Resistência. Segredo bem guardado, principalmente para irritação dos ocupantes alemães! Segundo o Prof. Philippe Charlier, da Universidade de Paris, que as estuda com todo o esmero, tanto a nível arqueológico como forênsico, no vasto cemitério subterrâneo estiveram seis milhões de corpos, o triplo da atual população da capital, de que apenas restam tíbias e crânios. Embora em sua maioria datados da Revolução Francesa, muitos remontam ao período Merovíngio, ou seja há mais de 1.200 anos. Porém, a descoberta das enormes pedreiras e até minas de gesso remontam ao período de Louis XIV, quando em 11774 se verificou um desabamento. Antes, porém, começaram aser usadas já nno século XII, de onde pedra continuou a ser extraída até que nos séculos XV e XVI foram reforçadas a fim de evitar maiores desabamentos. Muito acima delas o sistema de esgotos foram reforçados e aumentados no século XVIII, quando, pouco antes, mesmo no Palácio de Tulherias, o conteúdo dos penicos reais era atirado à rua e, no de Varsalhes, conhecido pelo fétido, aos terrenos vizinhos! Os bas fonds parisienses, não obstante a sua enorme extensão, ramificados em centenas de quilómetros, encontram-se praticamente todos identificados. Verdadeiras minas, neles têm-se encontrado diamantes e peças de ouro. Mas o maior tesouro, cerca de 2.600 toneladas, este oficial, está na profundidade de 36 metros, por baixo do Banco da França. A sua entrada, obviamente, é ultra-secreta Muito cobiçada pelos espertos gatunos, mas não obstante os esforços, não conseguiram dominar os pesados e maciços portões de aço! E, para os desenganar dizem que o acesso não é possível através da rede do velho metropolitano! Nota: Agradecimento a National Geographic em que esta peça é baseada (edição inglesa – fevereiro de 2011)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Dadores" de esperma, nova fonte de fortuna e...de problemas

Não foi a notícia do EXPRESSO (10 de abril passado), baseada no diário britânico The Daily Mail, sobre cientista britânico Bertold Wiesner, que terá doado o seu próprio esperma, durante 20 anos, estimando-se que seja pai biológico de cerca de 600 filhos, que deu origem a este importante controverso tema. Porém, a provar-se, o que já não é possível, devido à sua morte em 1972, este insólito caso, embora muitos dos seus filhos o confirmem, prontifica-nos a analisar o que está a ser um grande negócio, mas verdadeiro ninho de problemas, nos Estados Unidos da América (EUA). Com os seus inúmeros bancos de esperma, em que o Cryobank, da Califórnia, é o maior do mundo e que só em 2011 cujas vendas atingiram a astronómica verba de 35 milhões de euros, excluindo claro outros três dominantes, que segundo o canal televisivo daquele país ABC News, controlam 65% do mercado global só dos EUA, capitalizando cerca de 150 milhões de euros, o esperma é exportado para, pelo menos, 60 países. A razão, deve-se ao facto, primeiro do enorme número mundial de casais inférteis, que segundo a organização Mundial de Saúde, só em 2006 em todo o mundo havia entre 60 e 80 milhões de casais inférteis e, segundo, às leis dos vários países que regulamentam e, nalguns, proíbem tal negócio. Desde que o par britânico de cientistas - Profs. Robert Edwards e Patrick Steptoe descobriram e desenvolveram o seu sistema de concepção “in vítreo”, de que a primeira bebé proveta foi Louise Brown, no já distante 25 de julho de 1978, no então District General Hospital de Oldham, (actualmente Royal Oldham), na Grande Manchester, estes pioneiros dariam nova esperança a muitos casais inférteis. Porém, e sem que tivessem culpa, dariam igualmente lugar a um verdadeiro quebra-cabeças. Se em termos de “dadores”, principalmente nos EUA, embora e, em princípio, estejam limitados a 25 ou 30, com a proliferação de “bancos” e a falta de controlo entre eles, os “dadores” podem fazer na média 45 mil euros por ano. A questão, a grande questão, é o anonimato. Se bem que a maioria dos “bancos”, principalmente pelo compreensível interesse dos clientes, em procurarem o mais possível a origem do esperma, têm de ser seletivos, quando procuram evitar doenças, nomeadamente as de natureza sexual transmissora, regra geral procuram adequada informação familiar, que geralmente cobre três gerações. Outro requisito seguido pelos “bancos” os dadores são identificados pela altura, aparência e formação académica. Compreende-se que um dador com um doutorado, pode ganhar cerca de 750 euros por ejaculação. Embora nos EUA a lei não proíba o anonimato, isso não aconteceu no Reino Unido, que em 2004 a proibiu, o que obviamente, se refletiu na drástica quebra do número de dadores. O mesmo sucedeu tanto no Canadá como na Austrália, países que dependem da importação do esperma, principalmente dos EUA, estimada em mais de 90%. E, se o anonimato não existe, abre-se a catadupa de problemas legais e medicinais. Em relação ao primeiro caso, poderá uma criança, resultante de um destes dadores de esperma, num país diferente da origem do “dador” invocar direitos paternais ou, pior, direitos a sustento bem como de bens ou até invocar direitos de cidadania? E, que dizer, quando adultos, quiserem procurar saber as suas origens? Estes, alguns dos importantes pontos a considerar num comércio que embora procure explorar a infertilidade, obviamente cria enormes problemas. Este, como aponta a revista TIME (16 de abril), que detalhadamente analisa tão importante assunto, não ser problema para um dos “dadores”, Ben Seisler, americano de 34 anos de idade que depois de garantir poder ser pai de, pelo menos 140 filhos, em 2005 procurou identificar alguns dos seus herdeiros. Deparando com Shari Ann, no Quebeque (Canadá), a cujos filhos gémeos (nomes permanecem no anonimato) foi apresentado como amigo da mãe desde então permanecem como amigos trocando correspondência regularmente. Porém, agora casado, cessou com tal prática, particularmente quando revelou o seu passado de “dador”, naturalmente ficou estupefacta! Por tudo isto compreende-se – e exigem-se – leis controladoras, o que, possivelmente se concretizarão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Magna Carta

A Magna Carta, cujo título original em Inglês é Grande Carta Inglesa, esse documento medieval tão citado mundialmente como origem da Democracia, particularmente britânica, divulgado em 1215, pelo Rei John, e, reeditada, com adições, em 1216, 1217 e, finalmente a vigorar a partir de 1225, portanto prestes a serem celebrados os seus octocentenários, é um documento de contrastes. Os direitos e privilégios nela exarados não resultaram da magnânima generosidade do rei João, mas foram-lhe forçados principalmente por uma revoltada nobreza e clero, procurando evitar uma guerra civil. Desse documento inédito, restam apenas quatro preciosos exemplares originais: dois, um em cada nas catedrais de Salisbury (sudoeste) e Lincoln (centro-leste da Inglaterra) e outros dois no Museu Britânico, em Londres. Ideia do Arcebispo Stephen Langton, em 1213, a fim de aplacar os revoltados barões face às pretensões reais do excessivo aumento dos impostos feudais quando, composta por 63 cláusulas, foi apresentada ao monarca, este viu-se forçado a sancioná-la e proclamá-la a 19 de Junho de 1215, em Runnymede, belo prado verdejante nas vizinhanças de Windsor (a 30km oeste de Londres) onde se encontra um marco comemorativo. Começando por reafirmar os direitos da Igreja e cláusulas de proteção ao infringimento das regras feudais, como eventuais excessos solicitados pelo Rei, sem o consentimento do seu mordomo superior em assuntos fiscais, até intenções dolosas e extorsão por parte dos emissários reais e ainda a proibição da detenção, imprisionamento e punição dos homens livres (mas ignorando por completo os vilões e escravos que constituiam a maioria da população), salvo em condenação justa pelos seus pares ou pelas leis do Reino, bem como garantias e privilégios tanto a Londres como a outras cidades. Com o desaparecimento gradual do feudalismo, atingida a dinastia Tudor (Século XV), a Magna Carta caíu praticamente em desuso. Atingiu, porém, novo ritmo no século XVII, desta vez parlamentar, em que foi reinterpretada e dada uma nova e mais importante dimensão democrática. Tida como símbolo e grito de batalha contra a opressão, ao longo dos séculos foi frequentemente invocada sempre que as liberdades individuais se encontravam ameaçadas. Este, particularmente o caso da Inglaterra em que tanto a Petição de Direito, em 1620, bem como a Lei de Habeas Corpus, em 1679, deram lugar, baseadas na cláusula 39 da Carta, em que se afirma “nenhum homem livre será imprisionado ou desapossado (dos seus bens) excepto quando julgado pelos seus pares ou pela lei do Reino”. Porém, o maior impacto da Carta, foi na elaboração da Constituição dos Estados Unidos da América, em que predominam ideias e até frases diretamente da Magna Carta. A ideia da Magna Carta, aliás, não era nova. Anteriores monarcas, também normandos, como Henry I, Stephen e Henry II emitiram-nas, geralmente com promessas ou concessões aos seus barões. Mas não se tratava de concessões nem de promessas, mas apenas frases generalizadas. Porém, no século XII, com o aumento gradual das administrações, a influência dos barões enfraqueceu em relação à Coroa. A situação complicou-se devido à necessidade de aumentos de impostos, particularmente para a Terceira Cruzada e para o pagamento do resgate de Ricardo I, após a sua captura pelo Imperador da Santa Sé, Henrique VI. A posição do Rei João, mais enfraquecida ficou, devido à pretensão ao trono de um seu rival e o ataque ao Ducado da Normandia, que veio a perder em 1204. Sem um mal nem dois, veio o terceiro: a disputa com o Papa Inocêncio III, que chegou a excomungar o rei por este insistir em não nomear um arcebispo para Cantuária, afim de arrecadar os proventos para si próprio. Mais tarde, porém, foram feitas as pazes tornando-se suzerano do Pontífice com o arcebispo Stephen Langton, finalmente, à cabeça do arcebispado de Cantuária. Desiludido por nunca ter reganho o império de Angevin (de que faziam parte as atuais Normandia e Bretanha), morre de febre e desinteria, aos 49 anos de idade, no forte do bispo de Lincoln (centro-leste da Inglaterra atual). Porém os restos mortais deste único rei da dinastia normanda, nascido e morto na Inglaterra, encontram-se na catedral de Worcester (centro-oeste da Inglaterra).

quinta-feira, 14 de junho de 2012

RUPERT MURDOCH - HEARST RESSUSCITADO? (II-Conclusão) Fim de um império?


A machadada a tão portentoso império, pelo menos no Reino Unido, poderá ter sido dada, com a publicação do relatório da Comissão Parlamentar de Cultura Desporto e Media, resultante de cinco anos de investigações, no dia 1 de maio último, em que a mesma declarou Murdoch “impróprio para gerir uma empresa”, independentemente do império que construiu. O pior, porém, foi os seus executivos, incluindo o filho e ex Diretor da News International, James Murdoch, serem também acusados de mentir ao Parlamento, nos vários inquéritos em que tomaram parte e, em que Rupert Murdoch, que a eles resistiu, numa das sessões do ano passado, à qual não pôde evitar sobre pena de prisão, perante a qual ter admitido ser “o pior e mais humilde dia da minha vida”

Humildade, porém, não é o que o novo e alto denunciador livro Dial M for Murdoch (Ligue-se M para Murdoch), - de autoria do deputado Tom Watson e do jornalista Martin Hickman, da editora ALLEN LANE – 2012 - termo geralmente conotado com crime, revela. Este revelador e altamente denunciador documento, em que um dos autores, Tom Watson, foi vítima, bem descreve a senda de abusos, implicando a detenção de 36 jornalistas dois dos quais – o veterano Clive Goodman e Gleen Mulcaire, que já cumpriram penas de prisão - mas especialmente de intromissão e desregradas escutas ilegais de, pelo menos, 4.332 pessoas, muitas delas célebres, como o ator Hugh Grant e os próprios príncipes William e Harry a fim de ilegalmente obter notícias sensacionais sobre as suas vidas privadas, publicadas no altamente profícuo e multissecular NOTW. Não apenas isso, o pior foi o conluio com algumas das mais elevadas e diversas esferas da Metropolitan Police, vulgo Scotland Yard, a cujos agentes principais pagava elevadas somas, permitindo o seu silêncio e inação, provocando, direta ou indiretamente, a resignação de nada mais nada menos que três dos mais altos dignitários da Scotland Yard! Não é de surpreender que o principal jornalista denunciador do Caso Watergate, Carl Bernstein, em artigo publicado na revista Newsweek, afirmasse que o caso das escutas ilegais só deveriam surpreender apenas aqueles que ignoraram a “perniciosa influência de Murdoch no jornalismo”. E adianta: “muitos de nós pestanejaram com certo gozo obsceno sem considerar a enorme corrupção do jornalismo e política da Cultura de Murdoch em ambos os lados do Atlântico...” O corolário da saga agora chamada Murdoch, que está longe do seu termo, tanto mais que também no mês passado foi formalmente acusada uma das suas mais influentes jornalistas, e até que chegou a ser Presidente da News International, Rebekah Brooks, bem como o marido e assistente redatorial, por interferência no decurso da justiça . O mesmo aconteceu com o seu ex colega, diretor do NOTW e Diretor de Informação de David Cameron, Andrews Coulson., Independentemente de outros três processos judiciais em curso, pelo menos três, contra o Império Murdoch, culmina com outra vasta investigação, esta liderada pelo Juiz de Suprema Instância, Juiz Lorde Brian Leveson. Tudo isto, resultante das sucessivas tentativas de negação e ocultação das infrações de escutas ilegais, embora reveladas em 2006. O mérito, coube ao matutino The Guardian, que divulgou a interferência e manipulação de alegadas mensagens, atribuídas à raptada e morta, jovem Milly Dowler, em 2002. Estas, com o objetivo de alimentar o sensacionalismo noticioso do NOTW, em que este semanário inventou “conversas” e mensagens de telemóvel, atribuídas à desditosa e bem morta filha, para convencer os pais da jovem que ainda estava viva! Este, o potente tiro saído pela culatra, que obviamente despertou e revoltou a opinião pública britânica, que obrigaria Murdoch a encerrar definitivamente o desacreditado multissecular e altamente lucrativo semanário News of The World e a oferta de cerca de três milhões de euros de compensação à família da jovem Milly Dowler, assim como a organizações de caridade, em que muitas, inicialmente, se recusaram a aceitar.. TRISTE E NOJENTO CAPÍTULO PARA A LONGA E LOUVÁVEL TRADIÇÃO DA IMPRENSA BRITÂNICA!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

RUPERT MURDOCH - Hearst Ressuscitado?

Poucos serão os que se lembrarão do magnata da imprensa americana, William Randolph Hearst (1863-1951). Porém, se se adiantar “Cidadão Kane”, essa maravilhosa película de atuação e realização de Orson Wells (1915-1985), em que o retratou, certamente que avivará muitas memórias. Personalidade definida de “proporções Shakespearianas, de obstinada determinação e de inesgotável energia”, a ele se deve a revolução dos media americanos tornando-se num dos mais potentes e igualmente perigosos magnates do sector. Empresário-mestre por excelência, bem como consumado exibicionista, os seus 28 importantes títulos, nos 19 principais centros populacionais americanos, dominavam, pelo menos um entre quatro dos leitores daquele país. Invulgar magnata, nacionalista e extremista, outro William Hearst poderá ter surgido na pessoa do australiano, naturalizado americano, [Keith] Rupert Murdoch. Filho do influente jornalista e correspondente de guerra, “sir” Keith Murdoch (1886-1952), depois de se formar em Oxford e adquirir experiência em jornalismo, junto de outro influente magnata britânico, Lorde Beaverbrook, foi diretor do seu influente Daily Express, Com a morte do pai, em 1954, regressou à Austrália, onde herdou dois dos seus importantes títulos, Sunday Mail e The News, ambos em Adelaide. Transformando o último, baseando-o em sexo e temas escandalosos, alguns da sua própria autoria, viu a circulação a escalar. O sucesso foi tal que institucionalizou outros títulos em cidades como Sidney, Perth, Brisbane e Melbourne. Astuto, assim que Margaret Thatcher assumiu o poder, em 1979, imediatamente conquistou a sua simpatia e admiração, prestando-lhe enorme apoio, com a aquisição do antigo e moribundo The Sun, transformando-o, graças à sua indubitável magia, num poderoso título de larga circulação, revolucionando a então sonolenta e dominada indústria pelos títulos dos magnates Beaverbrook e Northcliffe. Com os conceituados e mui respeitados títulos The Times e The Sunday Times, propriedade do canadiano lorde Thompson para venda, o seu relacionamento com Thatcher contribuiu para a sua imediata aquisição, seguindo-se o igualmente influente e então prestigiado The News of the World (NOTW) , sem que houvesse qualquer inquérito anti-monopolista, geralmente requerido em casos desta natureza de detenção de vários e importantes títulos. Estava, assim, aberto o caminho para a formação da News International, que daria lugar ao império mundial hoje conhecido, News Corporation, que inclui, além da anterior, News Limited (Australia), News American Holdings Inc. que incorpora vários jornais, incluindo o prestigiado Wall Street Journal, um estúdio de cinema em Hollywood e o canal televisivo FOX, independentemente de influentes editoras, tanto nos EUA como na Grã-Bretanha, um império calculado em 70 mil milhões de euros. Influente junto das principais figuras políticas britânicas, a sua ação foi particularmente enorme com Tony Blair e, atualmente, o primeiro-ministro, David Cameron, cuja orientação política fortemente influenciou, nomeadamente em questões de política europeia. O “namoro” com Cameron, visava o apoio deste na aquisição total (ou seja os restantes 61% das ações das 39% que já possui) da potente e mui proveitosa BskyB – de que faz parte a não lucrativa Sky - que até Março passado faturou £1bl (1,2 mil milhões de euros de lucros). Compreende-se a sua influência, ao ponto de colocar um dos seus antigos diretores do (NOTW), Andy Coulson, como diretor de informação do primeiro-ministro, quando já era suspeito o seu envolvimento nas escutas ilegais no semanário que dirigiu durante quatro anos. A sua potente influência e magia, porém, chegou ao seu termo. Continua: RUPERT MURDOCH - HEARST RESSUSCITADO? (II-Conclusão) Fim de um império?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O MAIOR FLAGELO DOS NOSSOS TEMPOS

Todos sabemos que o desemprego juvenil, devido às intoleráveis taxas, é uma das chagas, ou como já foi também apontado, “verdadeiro flagelo” nacional. Se no nosso país são intoleráveis os 14%, e que entre os mais jovens a falta de emprego ultrapassa os 35% daqueles que, entre os 15 e os 24 anos, integram a população ativa, estamos, na realidade, a falar de 156 mil entre 441 mil jovens. O único consolo, se é que isso significa algo, não se passa apenas no nosso país e, muito menos, na União Europeia (UE). Da UE, segundo dados recentes da revista TIME (Nº de 16 de Abril de 2012, págs 23-27), se a Grécia atinge os 51,1%, e a Espanha 50,5, seguida pela Itália com 31,1, a Suécia 23,5, e Reino Unido 22,4%, só a Alemanha é o país com taxas menores - 7,8%. Fora da UE, e dentre os países mais industrializados, como os Estados Unidos, com 16,5 e o Japão com 8,5%, temos o penoso cenário de uma geração em verdadeira crise. O pior é que se trata de uma classe etária com elevado índice de educação, em sua maioria até com licenciaturas ou, até, com mestrados ou doutoramentos. A tragédia, segundo a Organização Internacional de Trabalho, 75 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, ou seja 2 em cada 5, encontram-se desempregados a nível global. E esclarece que, no contexto atual, há pouca esperança de melhoria. Segundo, Gianni Rosas, coordenador daquela organização, citado pela TIME, “estamos numa situação em que os nossos pequenos encontram-se em pior estado do que estávamos há 20 anos atrás”. Não surpreende que para o FMI, trata-se de “uma geração perdida”. A situação complica-se por vários fatores, nomeadamente, por exemplo, na Europa Ocidental, a proteção laboral, considerada excessiva torna a situação mais difícil para que os jovens encontrem emprego. Como os despedimentos de pessoal, a tempo integral, são complicados e dispendiosos, as empresas evitam recrutar pessoal novo quando funcionários com mais tempo de casa geralmente têm a prioridade. E, quando se enfrentam os despedimentos, são geralmente os jovens recém recrutados que vão para a rua. Não surpreende que tentando debelar a crise, países como o Paquistão, cujo esforço em combater a crise do emprego juvenil é semelhante ao ataque contra o terrorismo, o primeiro-ministro daquele país, Yousuf Raza Gilani diz que a sua prioridade é “lutar pela elusiva tentativa de encontrar emprego para os mais jovens”.Quando a crise e a recessão são cada vez mais profundas mais ausentes estão os indispensáveis incentivos. Neste domínio, o governo do Reino Unido, cuja juventude se manifestou recentemente numa caminhada de 450 quilómetros, semelhante à histórica "Marcha por Empregos", realizada em 1936, quando 200 homens desempregados caminharam desde Jarrow, no norte de Inglaterra, até à capital britânica para entregar uma petição a favor da criação de emprego. No final de julho foram registados 2,51 milhões de desempregados no Reino Unido, dos quais 972 mil eram menores de 25 anos. E, segundo o Instituto Nacional de Estatística britânico, dentre os desempregados licenciados, forçados a recorrer a trabalhos manuais não especializados, a taxa aumentou para 36% comparada a 27% ao período homólogo de uma década atrás! Por isso, o governo foi forçado a movimentar-se. Enquanto dera antes início a um esquema, altamente criticado, em que os jovens desempregados seriam aceites pelas empresas, por período temporário, mas sem remuneração e que, com base no seu desempenho poderiam ser recrutados, ou caso não fossem, receberiam uma recomendação que os poderia beneficiar assim que encontrassem trabalho, foi o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, que recentemente anunciou um novo esquema, válido durante três anos, orçado em 1,2 biliões de euros, de forma a reduzir o desemprego juvenil. As empresas que adirem ao esquema serão subsidiadas por cada jovem que recrutem. Esta, uma louvável tentativa de enfrentar e atacar o problema que poderia ser seguido por outros países afetados, em vez de os aconselhar a emigrar, como foi o infeliz caso dos nossos governantes. Faz-me lembrar a República da Irlanda, que nos anos 70 viu os seus jovens, aqueles que lhe poderiam ser úteis nos anos vindouros, em sua maioria alta e dispendiosamente educados no sistema nacional de ensino, emigrar para outros países como o vizinho Reino Unido, ou os Estados Unidos, de onde, com melhores condições, salários mais altos e maior capacidade de investigação, jamais regressariam..

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O OUTRO DESCONHECIDO E ASSUSTADOR SALDO DE 2011

O somatório de desastres, principalmente cheias ou secas quase bíblicas, que têm assolado o nosso pobre Planeta, do Oriente a Ocidente, do Norte a Sul, com o consequente arrebatar de vítimas, não pode – nem deve – ser descurado! As já esquecidas cheias do Bangladeche e do Paquistão, em 2010, ou as mais recentes, quer durante 2011, mas especialmente – tanto nas Filipinas, na Austrália, como na costa oeste, ou ainda os fortes e inéditos nevões do estados centrais dos Estados Unidos da América (EUA), estes, felizmente, sem acarretar grande número de vítimas, ou ainda as enxurradas tanto do Rio de Janeiro como as do Estado de Minas Gerais, no Brasil, todas já este ano, em que as anterior, além das habitações, em sua maioria casebres das pobres favelas, provocaram grande número de vítimas. Insisto. Nunca fui, nem serei, profeta da desgraça, já que tantas vicissitudes abundam quer nos ecrãs das nossas televisões quer na maioria dos jornais diários! Chamo, porém, a atenção, indago-me a mim próprio, o porquê de tantos e quase consecutivos males, excluindo os terramotos, os maremotos, ou como modernamente se lhe chamam, tsunames! Como não sou cientista, deixo as respostas mais adequadas a quem de direito! O que, porém, não posso deixar de referir, baseado na lista de atrocidades naturais que ocorreram por este nosso mundo fora, é a página consagrada pela revista TIME, de 26 de dezembro de 2011 a 2 de janeiro de 2012. Por considerá-la inédita e importante, para quem não assina ou lê esta conceituada revista, aqui fica uma resenha. Num círculo dividido em quatro partes, e tendo como núcleo o título “FORÇAS DA NATUREZA tanto da terra, do ar, do fogo ou da água, a verdascada sofrida pelo mundo em 2011”. Se em termos de furacões, tornados ou ciclones tropicais que assolaram as Caraíbas e a costa oeste dos EUA, excluindo o número de vítimas mortais, aponta a revista, os danos materiais foram orçados em mais de 12 mil milhões de euros! Em termos de cheias, na Austrália, Brasil, Canadá, EUA e Tailândia, e de secas no leste de África, se faz o modesto cômputo financeiro de 50 mil milhões de euros, o pior, foram as consequências – pelo menos 800 pessoas morreram nas cheias do Rio de Janeiro, as maiores da história do país, 6.300 voos cancelados, na Tailândia 2.9 milhões de pessoas foram afetadas e, na totalidade, três milhões e 725 mil quilómetros quadrados atingidos e destruídos pelas cheias, enquanto as secas africanas, que afetaram 2.3 milhões de km2, puseram em risco as vidas de 13.3 milhões de pessoas. E, se aos fogos, principalmente na Austrália, México, Canadá, estados do Arizona, Florida, Texas e Nevada, estes quatro nos EUA, enquanto 391.600 hectares de terreno, muito dele produtivo e com cereais destruídos, além da destruição do precioso ecossistema, 1.703 lares foram destruídos e dezenas de milhar de pessoas evacuadas. E, finalmente, no tocante a terramotos de grande envergadura, que ocorreram, em sua maioria, nos Estados de Oklahoma e Virgínia (EUA), e em países como a Turquia, Indonésia, Quirguistão, Espanha, Birmânia, Japão e Nova Zelândia, só em termos de vítimas humanas, o cômputo global foi de 28.220 pessoas. Como a BBC televisão, (notável pelos seus extraordinários documentários sobre a natureza, nomeadamente o mais recente, COLD PLANET (O FRIO PLANETA), transmitido no Reino Unido, em dezembro último), claramente focou muitas das alterações climatéricas, se não as principais, devem-se ao crescente e inédito degelo dos polos – Norte e Sul – e, principalmente, à invulgar subida das temperaturas e o crescente degelo das permaglaze, ou seja as camadas eternas de gelo, com as imediatas consequências de climas mais quentes e consequentes cheias. Mais recentemente, no nosso país, as danificantes secas e, na Inglaterra, o antecipado verão de duas semanas durante o fim de março, cientificamente mencionado como o mês mais quente do último século no Hemisfério Norte, são mais do que a confirmação de que a alteração do Clima Global é mais do que realidade! Confirma, assim, as previsões dos cientistas, na conferência a que assisti, há 15 anos, nas proximidades de Londres, que “dentro de 20 anos” os verdejantes e luxuriantes jardins ingleses passariam, apenas, a plantas de caráter alpino! Entretanto, e segundo o último relatório da maior seguradora mundial, a Lloyds de Londres, o ano de 2011 foi o de maiores prejuízos de sempre, em que teve de desembolsar 15 mil milhões e meio de euros! Custos a pagar por todos nós em maiores prémios e mais caros produtos!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Vão chamar noms a outrem!

REENCONTRAR LEONARDO DA VINCI

Tenho afirmado várias vezes, com a compreensível autoridade de quase 50 anos de vivência, que, sem exagero, Londres é um dos maiores centros de cultura mundiais. Com inúmeras atrações simultâneas, independentemente dos seus bem recheados e extraordinariamente documentados museus e galerias de arte, a capital britânica é um irresistível íman. Mais uma vez, como as longas filas atestam, e a esgotada lotação até ao seu anunciado encerramento de 5 de Fevereiro, a nova exibição na Galeria Nacional, sobre Leonardo da Vinci se provas fossem necessárias, o comprovam. Tenho assistido a várias exposições em Londres sobre tão controverso, mas sublime artista. Nunca, porém, uma como esta, intitulada LEONARDO DA VINCI PINTOR NA CORTE DE MILÃO. Ao pintor são atribuídas 20 pinturas, das quais apenas 15 sobrevivem, nove delas presentes em Londres, para deleite daqueles que se deram ao luxo de as ver nesta exposição, algumas delas nunca vistas na capital britânicas. Foi um compreensível privilégio de constatar a revolução artística introduzida por Da Vinci e comparar vários dos seus trabalhos, como é o caso das suas duas obras A Virgem das Rochas, pela primeira vez expostas ao público numa só exposição. Ambas produzidas durante o período de 18 anos, período reconhecido como o mais profícuo do artista como pintor, passado na corte de Ludovico Maria Sforza (1452-1508), também apelidado de “Mouro”, devido às suas feições, em Milão. Estes dois trabalhos, o primeiro cedido exclusivamente para esta mostra pelo Museu do Louvre (mas nunca a celebérrima Mona Lisa, ciosa do seu lugar!), contrasta com o segundo, propriedade da Galeria Nacional, apropriadamente colocados frente a frente. Embora a composição artística e a textura de ambos seja idêntica, a grande diferença está no detalhe que é profundamente diferente, refletindo alterações de direção significativas do pintor a partir de 1490. Além disso, neste segundo trabalho, estudos recentes e à base de técnicas de infravermelho, revelaram a obsessão de Da Vinci pela perfeição, mostrando várias figuras da Virgem no trabalho original, o que era dantes desconhecido. Esta exposição teve, igualmente, a atração de nela estarem presentes, além das muitas gravuras e ensaios do artista, nomeadamente em estudos de fisionomia . Estas de cavalos, cedidas pela Coleção Real e outros belos trabalhos de autoria de associados e condiscípulos de Da Vinci, como Francesco Napoletano, Marco d'Oggiono e Ambrogio de Predis, igualmente presentes, como verdadeira e adicional raridade, encontravam-se obras do artista provenientes de vários países e origens. Este, o caso do incompleto retrato de São Jerónimo (1488-90), em profunda meditação, propriedade do Museu do Vaticano, Retrato de Cecília Gallerani, (1489-90) uma das amantes de Ludovico Sforza, também conhecido por (“Lady com um Arminho”), proveniente da Fundação Czartoryski, de Cracóvia (Polónia), Retrato de uma Mulher (“A Bela Ferronière”) - 1493-4 - também cedido pelo Museu do Louvre, mas acima de tudo a inédita e recentemente descoberta dos últimos cem anos, e quase totalmente restaurada imagem de Cristo, pelos técnicos da Galeria Nacional, Cristo, o Salvador do Mundo (1499), propriedade anónima privada. Nesta invulgar exposição, esqueçamo-nos das importantes facetas de arquiteto, inventor, cientista, filósofo ou músico, em que Leonardo igualmente se notabilizou, mas no artista, nesse iconoclasta que o grande historiador de arte, Giorgio Vasari (1511-154), classificou de “vanguardista e notável pela potente e audaciosa forma como retrata a natureza”. Da pequena aldeia de Vinci, da qual se serviu do nome, o irrequieto e inconstante filho bastardo do notário Ser Piero e da aldeã Caterina, nascido a 15 de Abril de 1452 e discípulo de Verrochio, embora já famoso, encontrou, como pintor, na Corte de Ludovico Sforza, a sua consagração e aclamação como bem o demonstrou esta notável e rara exposição da Galeria Nacional de Londres. De salientar ainda a notícia recente de que teria sido encontrada outra pintura perdida de da Vinci – A Batalha de Anglari - detetada por detrás de uma outra de autoria de Giorgio Vasari, a Batalha de Marciano, que se encontra no Palácio Vecchio, em Veneza. Se assim for, subitamente da Vinci e as suas obras, parecem estar a surgir em catadupas.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR (HAP) – O que é e como se trata

1. Ocorre quando há uma pressão sanguínea anormalmente elevada nas artérias que levam o sangue do coração (ventrículo direito) para os pulmões. Doença rara e fatal que ocorre em crianças, adultos jovens e com uma discreta predominância no sexo feminino. Doença descoberta por Ernest von Romberg, em 1891, e à qual foi prestada particular atenção no 3º Simpósio anual, em Veneza, em 2003. 2. Como se desenvolve? A pressão sanguínea nas artérias pulmonares pode estar elevada por muitas razões. Em algumas situações, nenhuma causa para tal aumento é encontrada. Quando isto ocorre, chamamos tal acontecimento de Hipertensão Pulmonar Primária. Nesta doença, normalmente, o que ocorre é uma alteração na parte interna dos vasos sanguíneos inferiores dos pulmões, que, ao contrarírem, dificulta a passagem do sangue e faz com que o coração tenha mais trabalho para levar este até os pulmões. Com isso, a pressão nos vasos pulmonares torna-se elevada. A causa destas alterações nestes vasos sanguíneos é desconhecida. 3. Quais são os sinais e sintomas?   A dispneia é o principal sintoma da hipertensão pulmonar, ocorrendo, a principio, com esforço e, mais adiante, em repouso. A dor torácica subesternal também é comum, afetando 25 a 50% dos pacientes. Os outros sinais e sintomas incluem: Encurtamento gradual da respiração que pode piorar com exercícios; dor ou desconforto torácico: Fadiga; Inchaço nas pernas; Tosse persistente; Palpitações (sensação do batimento forte ou anormal do coração); Cianose (tom azulado da pele, principalmente nas mãos, pés e face); Tontura e Desmaio (síncope) 4. Como fazer o diagnóstico clínico? Doença incurável, fatal, de mau prognóstico, não transmissível, quando diagnosticada, mas não medicamentada (o que é altamente dispendiosa), o período de longevidade é de 2,5 anos. Normalmente, a primeira pista para o diagnóstico desta doença é uma radiografia do tórax ou um eletrocardiograma que sugira uma hipertrofia do ventrículo direito (aumento do músculo do coração que bombeia o sangue para os pulmões). A ecocardiografia (uma ecografia do coração) pode sugerir a doença e é útil no acompanhamento e na determinação da resposta deste ao tratament bem como tomografias, mas melhor ainda, angiogramas. (cateter). Mais comummente a pessoa, no início, se queixa de cansaço fácil e desconforto torácico. Através destas alterações narradas pelo paciente e do exame físico alterado, poderá o médico suspeitar da doença, devendo solicitar exames complementares. A determinação direta da pressão circulatória pulmonar quando se coloca um cateter (tubo que entra por um vaso sanguíneo, passa pelo coração e chega até os pulmões) no coração continua sendo o padrão-ouro, ou seja, o melhor exame para confirmar a doença. 5. Tratamento (em pesquisa contínua), mas segundo o tratamento pessoal (por parte da melhor equipa médica da especialidade do Hospital Royal Free de Hampsted (Londres): Vasodilatadores - oxigénio medicinal (permanente), Sildenafil (Viagra), excelente inibidor fosodiesterase, além da disfunção erétil, warfarin e barbitúricos. Como última instância, mas raramente, transplante dos pulmões. 6. Bibliografia: Wikipédia; Diagnóstico, Avaliação e Terapêutica da Hipertensão Pulmonar (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Coordenador Jorge Ilha Guimarães); Understanding Pulmonary Hipertension, por Iain Armstrong (edição da Pulmonary Hipertension Association – PHA). Os interessados, podem contactar a equipa médica e especializada nesta matéria – Pulmonary Hypertension Nurses – 0044 207 830 2326. Para maiores informações, contacte-se, igualmente, a PHA – www. phassociation.uk.com NOTA: Embora a informação acima seja correta, DEVE SER UNICAMENTE TRATADA COMO GUIA GENÉRICO. CONSULTE O SEU MÉDICO!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

“O HOMEM MISTÉRIO” Não é meu hábito falar de mim próprio. Modéstia? Talvez. Atributos, pelo menos por parte daqueles que têm feito o favor de com eles me distinguir, quando tornados públicos, geralmente me embaraçam. Desta vez, porém, e sobre a minha vida privada, peço desculpa ao/à amável leitor/a, abro uma exceção. Não para angariar simpatias. Longe disso! Apenas como desabafo! Sempre me considerei uma pessoa privilegiada e, em muitos aspetos, completa. Feliz, pela família que tenho – mulher, filha e genro, invulgarmente dedicados; netas que amam o país da mãe e dos avós, e, nele se sentem como seu; riqueza de experiências e de amizades ao longo de uma, que sempre considerei inesperada longevidade. Porém, porém, subitamente essa galopante locomotiva chamada vida, que me levou a percorrer e admirar tão maravilhosos cenários, colher amigos, e viver inesquecíveis experiências, conheceu nova e abrupta etapa. Depois de vários sinais, ao longo dos últimos cinco anos, alguns dos quais severos, em sua maioria de caráter cardíaco e diabético, principalmente nos últimos três anos, em que fui submetido a cada vez mais sofisticados e caríssimos testes. Tudo isso, possível, devido a um extraordinário Serviço Nacional de Saúde, verdadeira e rara pérola deste país de adoção. Porém, e quando tentava terminar o meu manuscrito sobre Timor-Leste, em que ultimamente tenho estado empenhado, subitamente, fui obrigado a recorrer aos serviços de emergência do meu hospital local – o magnífico Royal Free, de Hampstead, precisamente aquele que o destino levaria para tratamento, e infelizmente morte, da Dra. Luísa Guterres, esposa do então primeiro-ministro, Engº. António Guterres. Devido ao meu historial clínico até então não identificado, o dedicado médico de serviço, Dr. McKay, sempre comigo desde a minha entrada, naquela sexta-feira 16, do mês passado, como bom escocês e com inusitado humor, começou por me classificar de “O Homem Mistério”, devido ao meu desconhecido diagnóstico. Com ele, começaria a longa maratona na tentativa de, finalmente, se desvendar essa nebulosa incógnita. Transferido para uma enfermaria isolada, de quarto só, do 10º andar e, beneficiando de uma bela vista da “aldeia” de Hampstead, de tão boas memórias, desde que ali tive o meu primeiro apartamento, há quase 50 anos atrás, fui enfrentado por uma equipa de médico-cientistas. De imediato, fui informado, que o meu problema respiratório dependia de dois importantes órgãos – coração e pulmões. A questão era saber o problema entre ambos. Já detentor de um “stem”, ou seja uma bomba para dilatar o ventrículo direito, que, quando colocada, há cinco anos, me surpreendeu devido à inesperada blocagem de 15 milímetros de comprimentos e cinco de largura, sem que jamais tivesse tido, ou, pelo menos, numa atividade intensa, reconhecido quaisquer sintomas. Informado que o meu diagnóstico inicial estava relacionado com o tabaco, mais surpreendido fiquei uma vez que nunca fui fumador! Da teoria havia que passar-se à ação, pelo que fui submetido a um angiograma ao coração e este, como muitos outros testes e TACs, mais uma vez, negativo. Os pulmões seguir-se-iam. Com mais outro angiograma, finalmente, foi detetado o mal. Como se previa, o problema estava na circulação sanguínea, ou seja, a contração das artérias, entre o coração e os pulmões e, vice-versa. Estava, finalmente, desvendado o mistério à custa de três semanas de internamento. O meu misterioso mal, segundo os médicos, uma doença por eles considerada rara e fatal, é chamada Hipertensão Pulmonar, mas, felizmente, não contagiosa. Como tratamento básico, além de vários medicamentos, destaca-se Viagra, no meu caso também eficiente na dilatação das artérias, bem como, e especialmente, oxigénio. De pessoa altamente ativa e independente, no caso do segundo, passo a estar condicionado à extensão da tubagem, que limita os meus movimentos, passando a recluso e a dependente quase de tudo e de todos! Felizmente de mente sã, vivo no oásis da meu escritório e este meu computador, que rasga a vasta janela do mundo exterior. Aquele mundo que perdi, incluindo a viagem marcada para julho para a minha amada Cascais! Ah, se em termos de custo anual o meu tratamento anda à volta de 40 mil euros, o diagnóstico, estadia hospitalar e tratamento andaram à volta de 400 e 500 mil euros. Tudo isto, carinhosamente assistido por pessoal dedicado. Sem pagar um único cêntimo, independentemente, claro, dos impostos até aqui incorridos! Aviso e exortação: Jovens – gozem, mas não esbanjem o melhor que têm - a saúde! Entretanto, e a TODO/AS - A MELHOR PÁSCOA, cheia de alegria, saúde e FELICIDADE!

quinta-feira, 15 de março de 2012

LONDRES, CAPITAL DOS JOGOS OLÍMPICOS de 2012

A partir de 27 de Julho, e durante 60 dias, a capital britânica será centro das atenções desportivas mundiais com a realização dos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos, a terceira vez na sua história. Enquanto a primeira, ocorreu em 1908, em substituição de última hora, de Roma, devido à deflagração do vulcão do Monte Vesúvio, a segunda, teve lugar em 1948, após a II Guerra Mundial, cujos restos de tão importante complexo ainda existem nas proximidades do atual estádio de Wembley (noroeste de Londres) transformados em centros comerciais. O atual Parque Olímpico, ainda uma vasta área em construção (2,5km2), quando o visitámos, como convidados, em meados de Novembro passado, situa-se no leste da capital, no baixo Lea Valley (Stratford), e nele trabalhavam 200.000 operários relacionados com 100 mil empreiteiros. A decisão da sua localização teve como objetivo transformar, regenerar e revitalizar uma vasta e antiga zona industrial da capital, particularmente ativa durante os séculos XVII e XVIII, mas há muito abandonada. Devido à contaminação dos terrenos - têxteis e petróleo - a primeira tarefa da Entidade Olímpica foi descontaminá-los e colocar subterraneamente os vários cabos de alta tensão que por ali passavam. Tarefa difícil, seguida da demolição dos inúmeros prédios e restos de linhas férreas abandonadas, esta fase ficou terminada no verão de 2008. Com a realização dos Jogos Olímpicos, o objetivo é fazer desta enorme e agora deslumbrante zona, da qual faz parte um dos maiores centros comerciais da Europa, o Westfield, inaugurado em Setembro passado, numa nova cidade do futuro dotada de magníficos meios desportivos e de conferências. Projeto orçado em 13 biliões e 56 milhões de euros e que nos foi garantido não ser ultrapassado bem como a sua construção em dia, as suas principais atrações, terminadas quando as visitámos – a bela escultura em aço, desenho da famosa artista Anish Kapoor, o magnífico estádio, com a capacidade para 80 mil pessoas, local da abertura e encerramento, bem como das provas de atletismo que se irão repetir no campeonato do mundo da modalidade em 2017; o imponente velódromo com a capacidade para 6000 espetadores, a norte daquele; o vistoso centro aquático, a leste e vizinho do primeiro, bem como da Arena de handebol. Outras enormes atrações, a chamada Aldeia dos Atletas, também concluída, verdadeiro conjunto de vistosos e altaneiros edifícios, que depois dos Jogos passarão a residências, em sua maioria já vendidas e o ainda, na altura, não concluído - vasto Centro de Media. Além disso, do Parque faz parte uma imponente central elétrica, à base de energias renováveis, exclusiva para o fornecimento do Parque Olímpico, passando a central acessória da rede geral depois dos Jogos. A este vasto complexo, cheio de arvoredo – 4000 - especialmente plantado e já também concluído, assomarão 15 mil atletas provenientes de 205 países, sendo projetado mundialmente pelos inúmeros canais de televisão, de que a BBC terá principal ação. E, graças à vasta rede de transportes públicos (comboios da rede nacional e local, metropolitano, servidos pela magnífica e vasta estação de Stratford, assim como autocarros), espera-se a chegada de 800 mil pessoas por dia, assistidas por 70.000 voluntários e 4.500 funcionários. Tudo isto requer fortes medidas de segurança, compostas por 23.500 elementos, incluindo pessoal militar, e cujo orçamento extra é de 325.2 milhões de euros. Precauções essenciais, que estão a ser tomadas pelo governo, incluindo possíveis ataques aéreos, que incluem, caso necessário, o contra-ataque com mísseis anti-aéreos. Entretanto os jogos vão ser antecipados com um grande festival que durará 12 semanas, entre 21 de Junho e 9 de Setembro. Classificado de “espetacular”, conta com artistas de renome mundial quer do cinema, da literatura, música, teatro, moda e dança.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O BRASIL REAL Como recentemente assisti a um importante seminário de dois dias, sobre o Brasil, realizado no prestigiado King's College, aqui em Londres, e intitulado A Qualidade da Democracia no Brasil, pelas revelações que trouxe, acho dever partilhar as principais com o/a estimado/a leitor/a. Como sabemos, está a ser reconhecida a potência mundial do Brasil, particularmente integrado no grupo dos países desenvolvidos (ou, como alguns preferem, em vias de avançado desenvolvimento) chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e que segundo uma sondagem organizada por aquela vetusta instituição académica, coloca o Brasil como segunda potência mundial a seguir à China, com a Índia na peugada. Até aqui, nada de surpreendente. Porém, e segundo este revelador seminário, em que tomaram parte figuras eminentes tanto da vida académica como de outros setores, organizado pelo Ministério da Justiça brasileiro, a realidade daquele país é outra, e esta não económica. Um país, que como o próprio ministro da justiça, José Eduardo Martins Cardozo apontou, de colónia, cujos colonos atuavam apenas por interesses pessoais, adquiriu a sua independência em 1822, sob um regime monárquico, teceu o seu futuro político até à ditadura de Getúlio Vargas entre 1930 e 1945, que, no entanto, introduziu e preparou importantes reformas constitucionais, sucedendo-lhe outra ditadura, mas esta pior, militar, de 1965 a 1985, assegurava aquele político, “o Brasil é um país cheio de contradições”, mas que procura novo rumo, tentando desfazer-se das anomalias, excessos e abusos de poder, incluindo tortura e desaparecimentos ocorridos durante tão tortuoso percurso, nomeadamente durante a ditadura militar. Além disso, sofre de outros e prementes problemas que particularmente afetam a sua imagem internacional, nomeadamente a corrupção, já que a questão ecológica, com o dizimar do Amazonas, é tema, que embora mais liberto, o país ainda não se conseguiu desenvencilhar. Consciente deles., o chamado “país irmão” procura corrigi-los e libertar-se deles, sem que, contudo, como os seus dirigentes reconhecem, não ser muito fácil. Os inúmeros crimes praticados durante a ditadura militar, torturas e desaparecidos, o governo atual e o anterior de Lula, embora pressionados particularmente pelas famílias afetadas que insistiam – e insistem - na divulgação da documentação secreta particularmente relativa aos desaparecidos e ao local dos restos mortais, está a tentar solucionar o problema particularmente com a criação da Comissão da Verdade. Porém, com as pressões dos militares sobre os políticos, que para não arriscarem a sua carreira, evitam o mais possível tocar no assunto, e embora a escolha dos seus componentes esteja a cargo da Presidente Dilma Roussef, desconhece-se a eficácia de tão nobre iniciativa. Além disso, com a amnistia dos perpetradores, a situação complica-se. Neste contexto, por questões de espaço, excluímos o enorme problema chamado Caso Araguaia, no Estado do Pará, em que um grupo de jovens manifestantes comunistas foi chacinado pelos militares entre Abril de 1972 e Janeiro de 1975. E, por isso mesmo, ocupemo-nos, apenas da corrupção, tema muito levantado pelos principais oradores académicos, nomeadamente o renomado Kenneth Maxwell. Denunciada por estes, a corrupção é particularmente rampante entre a comunidade política, bem patente no facto de que o atual e ainda recente governo de Dilma Roussef é vítima do afastamento de sete ministros, e a possibilidade de oito que dentro de um ano, se viram obrigados a demitir por acusações, embora ainda não provadas, de corrupção. Aliás, este problema foi reconhecido pelos próprios representantes do Ministério da Justiça, presentes no King's, nomeadamente na área do pagamento das campanhas eleitorais, em que, como afirmaram, estão envolvidos, mas ainda não condenados, muitos deputados e alguns senadores. E, neste domínio, o consequente envolvimento e culpabilidade das empresas que para obterem os vultosos contratos se veem obrigadas a pagar “luvas”, quer alegadamente a alguns ministros, quer a governadores ou presidentes dos municípios. Porém, a vastidão do país e os costumes arraigados, prejudicam o eficiente ataque do problema. Talvez, como foi igualmente apontado por uma das palestrantes, resultantes de um estudo por ela efetuado, como o nível de corrupção, praticamente inexistente entre as poucas mulheres deputadas, de que o Brasil é o mais baixo de toda a América Latina, a solução é o aumento e o necessário recrutamento das mulheres nos órgãos governativos, em que, felizmente, Dilma Roussef pode ser exemplo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

PORTUGUÊS (do Douro), COM MUITO ORGULHO! A dar o exemplo da nova iniciativa diplomático-comercial, a Embaixada de Londres, que se saiba, foi a primeira a dar o pontapé de saída na nova modalidade anunciada por Paulo Portas, sendo recentemente anfitriã, com uma excelente prova dos Vinhos do Douro. Não porque, como fez questão de mencionar o embaixador, dr. João de Vallera ter preferências pessoais pelos excelentes néctares daquela consagrada região. E, numa singela homenagem acentuou que: “além de ser a mais antiga região vinícola demarcada e a maior vinha montanhosa do mundo é empolgantemente bela.” E, referido-se à qualidade dos seus vinhos, qual profissional da matéria, fez questão de apontar que “sendo fascinantemente diferentes de outros vinhos internacionais, graças às castas regionais e tradicionais, bem como aos seus solos e condições climáticas produzem aromas, corpóreos, bem como sólidos taninos mas sempre acompanhados de refrescante acidês garantia de incrível elegância e comlpexidade aos seus vinhos”. E, recorrendo a um conceituado profissional britânico, Jamie Goode, “os tintos do Douro atingiram a maioridade. Como extraordinária região que é, esta prova captura-a com sucesso” Ou não tivesse, em 2001, a Região do Douro ter recebido o aclamado laurel de Património Mundial! Já o tenho dito muitas vezes, e não me canso de repeti-lo, se em termos de qualidade possuímos os melhores vinhos equiparados a muitos, senão superiores aos melhores internacionais, infelizmente não lhe damos o devido crédito PROMOVENDO-OS como MERECEM, PARTICULARMENTE AGORA EM QUE A ECONOMIA DO NOSSO PAÍS DEPENDE DAS EXPORTAÇÕES! Mas mais ainda, baseamo-nos nas castas tipicamente nacionais tão criticadas há anos atrás por conceituados especialistas e escritores britânicos, mas que, mais tarde, se emendaram dando-lhes o devido crédito, como o Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela, Sousão e Tinto Cão. Esta prova, pela variedade e qualidade dos vinhos presentes, FOI UM AUTÊNTICO BRINDE! Parabéns a todos os produtores nela presentes. Não me refiro apenas, ao recém premiado Da. Maria, “brinde” do “velho” e longo amigo Cristiano Van Zeller, ali presente, a quem dei o reconhecido abraço de parabéns, mas aos restantes 11 produtores pela excelente qualidade e variedade exposta. Desde os categorizados Chryseia ao magnífico Prazo de Roriz 2009 DOC da Família Symington. Lavradores de Feitoria tinto 2009 DOC, apresentados pela Engª Olga Martins, Vertente 2009 DOC e Batuta 1999 DOC de Dirk Niepoort, os vários Duas Quintas e Ramos Pinto. Crasto Superior e outros de Miguel Roquete, os excecionais e nossos já há muito conhecidos Vale da Raposa e Quinta da Gaivosa de Tiago Alves de Sousa, que além da excelente conteúdo insiste em excelente e atrativa rotulagem, não esquecendo os Quita do Vale Meão de Francisco Olazabal, como é o caso dos Meandro 2004 e 2009 DOC; Quinta do Vallado de Francisco Ferreira, nomeadamente Quinta do Vallado Sousão Douro DOC 2009: o já mencionado e premiado, mas agora pelo nome completo, Quinta Vale Dona Maria 2009 Douro tinto DOC; Pintas de Sandra Tavares, terminando nos excelentes da Casa Ferreirinha, Quinta da Leda 2009 DOC ou Callabriga Douro 209 DOC da Sogrape, Londres não poderia ter melhor. E se se puderam saborear excelentes vinhos, pelo que ouvimos de pessoas presentes, tanto e mais importantemente por parte de representantes de revendedores, que não se cansaram de elogiar a mostra presente, como, mas principalmente depois de saborearem as opíparas iguarias do magnífico bufet, em que não faltou o delicioso queijo da serra, fizeram particular referência à hospitalidade da nossa embaixada e novo embaixador fazendo questão de assinalar “das embaixadas que tenho visitado e comido, nenhuma é como a Portuguesa, particularmente na hospitalidade”.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

AS AGÊNCIAS DE “RATING”


AS AGÊNCIAS DE “RATING”

Na crónica anterior, insurgi-me contra as agências de “rating”, ou anotação e, embora nela quisesse falar do seu papel, esclareci que por razões de espaço não o poderia fazer. Pois bem, esta a oportunidade para me ocupar de tão notáveis e, por que não “chagas” cuja sapiência tão prejudiciais nos são. QUEM SÃO: Existem três principais agências de anotação – Standard & Poors (pronuncie-se Pórs e não púrs, como é errado hábito na nossa praça!), a mais antiga, e a última, como se focou na crónica do Nº. 1083, de 19 de janeiro último, que lançou a economia do nosso país no “lixo”, fundada em 1860 por Henry Varnom Poor (1812-1905), que através da sua obra History of the Railroads and Canals of the United States (História dos Caminhos de Ferro e dos Canais dos Estados Unidos da América) se notabilizou e foi referência para os investidores de tão importante setor, seguindo-se-lhe o Manual do mesmo nome, mas apenas relacionado com os caminhos de ferro, atualmente, desde 1966, é uma empresa subsidiária da potente empresa-mãe, a editora McGraw-Hill. Moody's Corporation, fundada em 1909 por John Moody, com o objetivo de produzir manuais de estatística sobre títulos e ratings. Em 1962 foi adquirida por Dan Broadstreet, empresa dedicada ao setor de informação sobre crédito. Fitch Ratings, fundada em 24 de dezembro de 1913 como Fitch Publishing Company, conheceu a sua origem à publicação de dados sobre estatísticas financeiras, dando igualmente origem, em 1924, à anotação de AAA a da. Embora as duas anteriores sejam empresas americanas, com capitais exclusivamente daquele país e com sede em Nova Iorque, a última, parte do Fitch Group é maioritariamente pertencente e subsidiária da empresa francesa Fimalac SA e é a única a dividir a sua sede com base em Londres. O QUE FAZEM: Como se pode verificar pela informação acima, a missão e papel principal destas entidades é avaliar as economias e gestões dos Estados, dos municípios, das empresas e a performance das mesmas nas bolsas mundiais. Da sua avaliação, compilando em listas, ou “ratings” e, daí, o nome que lhes é atribuído, de AAA+, a mais elevada, a D, mais baixa, e, portanto, “lixo” Como sabemos, em relação às consequentes relações recentes com o nosso país, depende a credibilidade e, consequentemente a aplicação dos juros a cobrar pelo mercado mundial de capitais (geralmente fundos de pensão e importantes capitalistas como George Soros e Warren Buffett) quando os estados se candidatam na venda de títulos, ou seja, na aquisição de capitalização da sua economia. DE QUE DEPENDEM: Geralmente independentes, as agências depende de quotas dos estados e das empresas que a elas recorrem pagando pesadas verbas. Pergunta-se. Por que é que ou os estados ou companhias, quando a classificação lhes é adversa, não saem das agências. Caso o fizessem, mais descredibilizadas ficariam perante os potenciais investidores. SÃO AS AGÊNCIAS TOTALMENTE INDEPENDENTES E IMPARCIAIS? Obviamente que, em princípio, deveriam sê-lo. Aliás é no que insistem! Porém, face, primeiro aos efeitos dos chamados “juros tóxicos”, ou seja, as consequências do rebentamento do igualmente chamado “balão imobiliário” em que as pessoas que tinham adquirido as suas residências se viram obrigadas a entregá-las aos credores por não poderem pagar as hipotecas, crise que gerou a derrocada da banca principalmente ocidental que tinha pesadamente investido naqueles fundos, seguida da falência dos principais montepios americanos, Fannie Mae e Freddie Mac, dando igualmente lugar à falência de uma das principais instituições financeiras mundiais, Lehman Brothers, ora se estas agências falharam na antecipação do problema algo de mal aconteceu. Além disso, quando a crise financeira americana, principalmente provocada pelo desacordo em relação ao plafond da dívida do país, no Congresso, nos meados de 2011, entre republicanos e democratas e as suas inevitáveis consequências, as agências foram tímidas em ameaçar os políticos da desvalorização do rating! Enquanto isso, por razões contrárias, e em relação ao euro, como acabamos de verificar, não hesitam em colocar-se, lado a lado com todos os que nos EUA procuram, por interesses próprios e principalmente especuladores, contra as economias do Espaço da Moeda Única e, por conseguinte, pressionando o euro! Para o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que não tem papas na língua “há uma guerra declarada contra e entre o euro e o dolar” Imparciais? Deixo a resposta ao/á leitor/a! Entretanto, e, para facilitar a sua tarefa, adianto-lhe a importante ajuda de, nada mis nada menos, que o prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, que afirmou recentemente em Lisboa que “estão a atuar de uma forma política e irresponsável”!