terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Dadores" de esperma, nova fonte de fortuna e...de problemas

Não foi a notícia do EXPRESSO (10 de abril passado), baseada no diário britânico The Daily Mail, sobre cientista britânico Bertold Wiesner, que terá doado o seu próprio esperma, durante 20 anos, estimando-se que seja pai biológico de cerca de 600 filhos, que deu origem a este importante controverso tema. Porém, a provar-se, o que já não é possível, devido à sua morte em 1972, este insólito caso, embora muitos dos seus filhos o confirmem, prontifica-nos a analisar o que está a ser um grande negócio, mas verdadeiro ninho de problemas, nos Estados Unidos da América (EUA). Com os seus inúmeros bancos de esperma, em que o Cryobank, da Califórnia, é o maior do mundo e que só em 2011 cujas vendas atingiram a astronómica verba de 35 milhões de euros, excluindo claro outros três dominantes, que segundo o canal televisivo daquele país ABC News, controlam 65% do mercado global só dos EUA, capitalizando cerca de 150 milhões de euros, o esperma é exportado para, pelo menos, 60 países. A razão, deve-se ao facto, primeiro do enorme número mundial de casais inférteis, que segundo a organização Mundial de Saúde, só em 2006 em todo o mundo havia entre 60 e 80 milhões de casais inférteis e, segundo, às leis dos vários países que regulamentam e, nalguns, proíbem tal negócio. Desde que o par britânico de cientistas - Profs. Robert Edwards e Patrick Steptoe descobriram e desenvolveram o seu sistema de concepção “in vítreo”, de que a primeira bebé proveta foi Louise Brown, no já distante 25 de julho de 1978, no então District General Hospital de Oldham, (actualmente Royal Oldham), na Grande Manchester, estes pioneiros dariam nova esperança a muitos casais inférteis. Porém, e sem que tivessem culpa, dariam igualmente lugar a um verdadeiro quebra-cabeças. Se em termos de “dadores”, principalmente nos EUA, embora e, em princípio, estejam limitados a 25 ou 30, com a proliferação de “bancos” e a falta de controlo entre eles, os “dadores” podem fazer na média 45 mil euros por ano. A questão, a grande questão, é o anonimato. Se bem que a maioria dos “bancos”, principalmente pelo compreensível interesse dos clientes, em procurarem o mais possível a origem do esperma, têm de ser seletivos, quando procuram evitar doenças, nomeadamente as de natureza sexual transmissora, regra geral procuram adequada informação familiar, que geralmente cobre três gerações. Outro requisito seguido pelos “bancos” os dadores são identificados pela altura, aparência e formação académica. Compreende-se que um dador com um doutorado, pode ganhar cerca de 750 euros por ejaculação. Embora nos EUA a lei não proíba o anonimato, isso não aconteceu no Reino Unido, que em 2004 a proibiu, o que obviamente, se refletiu na drástica quebra do número de dadores. O mesmo sucedeu tanto no Canadá como na Austrália, países que dependem da importação do esperma, principalmente dos EUA, estimada em mais de 90%. E, se o anonimato não existe, abre-se a catadupa de problemas legais e medicinais. Em relação ao primeiro caso, poderá uma criança, resultante de um destes dadores de esperma, num país diferente da origem do “dador” invocar direitos paternais ou, pior, direitos a sustento bem como de bens ou até invocar direitos de cidadania? E, que dizer, quando adultos, quiserem procurar saber as suas origens? Estes, alguns dos importantes pontos a considerar num comércio que embora procure explorar a infertilidade, obviamente cria enormes problemas. Este, como aponta a revista TIME (16 de abril), que detalhadamente analisa tão importante assunto, não ser problema para um dos “dadores”, Ben Seisler, americano de 34 anos de idade que depois de garantir poder ser pai de, pelo menos 140 filhos, em 2005 procurou identificar alguns dos seus herdeiros. Deparando com Shari Ann, no Quebeque (Canadá), a cujos filhos gémeos (nomes permanecem no anonimato) foi apresentado como amigo da mãe desde então permanecem como amigos trocando correspondência regularmente. Porém, agora casado, cessou com tal prática, particularmente quando revelou o seu passado de “dador”, naturalmente ficou estupefacta! Por tudo isto compreende-se – e exigem-se – leis controladoras, o que, possivelmente se concretizarão.

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