quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Odisseia do Regresso - ou as vagarias dos vulcões islandeses

Com o encerramento dos aeroportos, na maioria dos países euro-ocidentais praticamente até terça-feira 20, quando se tinha como valor garantido que o mundo era pequeno, que, segundo os Ingleses, é tão pequeno “como uma ostra”, com as dificuldades do almejado Regresso a Casa, subitamente, como se verificou a partir do passado dia 14, devido às vagarias do vulcão islandês de nome impronunciávl, Eyjafjallajökull frá Valahnúk, de começo, seguido do vizinho Eyjafjallajökull frá Hvolsvelli, que além de gelo, vomitavam espessas cinzas, o espaço aéreo europeu, pela primeira vez de que há memória, foi encerrado! Na minha residência, em Londres, situada na faixa aérea do aeroporto de Heathrow, habituada ao constante ruído dos aviões que sobre ela passam, durante o dia, praticamente de dois em dois minutos, subitamente, só se ouvia o sempre agradável e cada vez mais distinto chilrear das aves! Entretanto, e nos mais variados cantos do mundo, centenas de milhar de pobres britânicos, uns, em sua maioria, retidos nos aeroportos, outros nos hoteis, subitamente depararam com a dura realidade da DISTÃNCIA, aliada à INCERTEZA do desejado REGRESSO, transformando-se num ENORME PESADELO!

Na totalidade, 150.000 turistas britânicos, em sua maioria mães e pais acompanhados dos filhos, que aproveitando as férias da Páscoa, normalmente de duas semanas, ficaram retidos em vários pontos do Globo. Depois de uma merecida pausa e diversão enfrentaram a inesperada... adiada e cada vez mais incerta partida. A ânsia, ou a urgência de compromissos, retidos, uns em Pequim, outros na Tailândia, deambulando durante cinco dias nos mais variados meios de caríssimos transportes, conseguiram regressar depois de desembolsarem mais de 20 mil euros. Outros, embora mais perto, mas no cada vez mais distante e lento Continente, quer na Polónia, quer em Milão ou ainda em Portugal, conseguiram, depois de quatro dias, exaustos e com os bolsos vazios, depois de dispenderem, uns dois mil euros, outros cinco e oito mil, conseguiram, finalmente, chegar a Calais, ponto de ligação da tão ansiada Dover. A ausência obrigatória de professores e alunos forçaram o fecho de várias escolas, levando um director de Liverpool a alugar um autocarro especial para ir buscar alunos e professores retidos na Roménia! Outros serviços de emergência para o regresso de estudantes e professores estiveran a cargo da Halsbury Travel. Enquanto isso, o Eurostar, único meio de transporte ferroviário a ligar o Continente às Ilhas Britânicas, quando normalmente em passagens promocionais procuram clientela a cerca de oitenta euros, ida-e volta entre Paris e Londres, devido à subita avalanche de clientes, passou a cobrar quatro vezes mais! Entretanto, os potentes e belos ferries, particularmente a partir de terça-feira 20, não tendo mãos a medir, abarrotados, efectuavam cerca de 50 viagens por dia, despejando assim, as longas e densas filas de ansiosos, cansados e famintos pobres veraneantes. Com, finalmente, a abertura do aeroporto espanhol de Madrid, subitamente transformou-se num vazadouro europeu dos desgraçados britânicos! Para o efeito, o governo, comandado por Gordon Brown, em plena campanha eleitoral, reunia-se de emergência, nas chamadas reuniões COBRA, a fim de se prestar a desejada assistência aos seus infelizes concidadãos. A primeira decisão foi estabelecer duas linhas telefónicas para assistir os necessitados e suas preocupadas famílias. O segundo, mas importante passo foi envolver a Marinha Real, disponibilizando três dos principais vasos de guerra, nomeadamente o lendário Ark Royal, acompanhado de mais dois, o Ocean e o Albion, este último, acabado de chegar do Afeganistão, que zarpou para mim o familiar porto de Santander, no norte da Espanha, de onde trouxe 280 desesperados passageiros. E os outros, em caso de necessidade, a aguardar a ida a Calais. E, como complemento, com a chegada de milhares de exaustos viajantes a Madrid, outra importante medida adoptada foi o recrutamento inicial de 150 autocarros pullman para os transportar para Calais e, dali, finalmente para Dover. Embora com ténues esperanças do reatamento dos ansiados vôos, sob pressões intensas tanto sobre o Serviço Meteorológico Nacional, de quem partia a informação, mas cujas decisões finais competiam, tanto ao Serviço Nacional de Transpore Aéreo como à Entidade da Aviação Civil, organização homóloga da nossa ANA, finalmente abriu, na terça-feira 20, às 07 da manhã, o espaço aéreo britânico, limitado apenas à Escócia (Glásgua) e a uns poucos aeroportos do nordeste da Inglaterra (Newcastle, em particular). Finalmente, às 22 horas do mesmo dia foi aberto todo o espaço aéreo nacional, mas não a completa solução do tráfego aéreo, que segundo o Director, Willie Walsh, da British Airways, que sofreu prejuízos diários de 100 milhões de euros, iria levar pelo menos uma semana a regularizar. No meio de toda a expectativa e frustração surge o presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimson, em entrevista à BBC Televisão, a informar que embora a população do seu país esteja habituada a erupções dos seus muitos vulcões, como o Eyjafjallajökull frá Valahnúk, que durante a erupção anterior de há pouco mais de 100 anos, em que esteve activo durante vários anos, advertiu que quer no caso de vulcões do seu país ou de outros, é urgente pensar-se na adopção de medidas adequadas a fim de não se repetirem experiências como as de agora.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

AS FALKLANDS / MALVINAS DE NOVO EM FOCO

Com a descoberta de petróleo, o arquipélago das Falklands, para os britânicos e, Malvinas para os sul-americanos, volta às parangonas da comunicação social internacional. Para a Argentina, humilhada no recontro militar, em Abril de 1982, ao ser-lhe negada a ambição de reter o vizinho arquipélago, que tem insistido ser seu, a questão chamada Malvinas está de novo no topo da Agenda. Embora, segundo a companhia exploradora britânica, Desire Petroleum, a qualidade como a quantidade do produto não sejam economicamente viáveis, possa ter arrefecido os ânimos iniciais, isso não impediu que a Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, tivesse imediatamente mobilizado tanto os seus homólogos do Continente Latino-Americano a favor do reconhecimnto do seu país ao direito da soberania das ilhas, procurando, ao mesmo tempo, impedir a circulação marítima internacional entre a Argentina e as Falklands/Malvinas, como ter feito questão de ressuscitar o caso da soberania do arquipélago no Conselho de Segurança das Nações Unidas bem como tentar impedir as prospecções em curso, alegando violarem as recomendações da ONU no tocante a acções que possam agravar a disputa entre a Argentina e o Reino Unido. O governo britânico, porém, insiste que as explorações petrolíferas em curso não violam as leis internacionais.

As prospecções tiveram início em 1998, mas com os preços do crude em descida vertiginosa nesse ano, quaisquer tentativas sérias de exploração foram consideradas infrutíferas. As expectativas de então da companhia Desire eram de 400 milhões de barris, resultando em mais de nove biliões de dólares de receita, com a possibilidade de outras explorações vizinhas contribuírem com mais outros biliões de barris. Segundo peritos como Daniel Litvin, director de Critical Resource, empresa especializada nas indústria de recursos naturais, as Falklands, entre a opinião pública britânica têm estado praticamente ignoradas desde o conflito de 1982, mas na expectativa de explorações viáveis, as tensões diplomáticas entre a Argentina e a Grã-Bretanha, inevitavelmente recrudescerão, pelo que o melhor será encontrar-se “um compromisso de partilha de recursos entre os dois países”. Esta, aliás, a posição do principal diário argentino. Segundo o Clarin, de 30 de Março passado, enquanto apontava a abundância de minas de guerra na vasta região marítima e a sua necessária limpeza, advogava um entendimento sobre a partilha dos recursos das ilhas entre os dois países. Além da Desire, outras duas companhias britânicas de exploração petrolífera – Rockhopper e Falkland Oil and Gas - estão, igualmene, a actuar ao largo do arquipélago. Mas depois da notícia difundida por Desire sobre a qualidade e a quantidade do produto as acções particularmene desta empresa afundaram-se, em cerca de metade, na Bolsa de Londres. E embora, mais estudos e prospecções tenham de ser feitas a fim de ser tomada uma decisão final, a tensão mantem-se entre os dois países. Se por um lado a Argentina insiste em tomar, as que afirma, “medidas adequadas”, contra a exploração petrolífera nas àguas que rodeiam o arquipélago, o Secretário Britânico de Defesa, Bill Rammell, reafirma o “direito legítimo” da Grã-Bretanha em continuar com as prospecções.


O CONTEXTO HISTÓRICO DO DISPUTADO TERRITÓRIO

Recorde-se que embora ao navegador Inglês, John Davies, se atribua a primeira descoberta das Falklands/Malvinas, em 1592, o homólogo holandês, Sebald de Weerdt, detem a primazia da indisputável descoberta, em 1600. Porém, o primeiro navegador a abordar às duas ilhas principais foi o Inglês John Strong, em 1690, baptizando-as com o nome do oficial da Marinha Britânica, Visconde Falkland, nome que abraçaria, mais tarde, todo o arquipélago. Ao navegador francês, Louis-Antoine de Bougainville, porém, seria dado o crédito de fundar o primeiro acampamento no lado Ocidental das ilhas, em 1764, apelidando-as de Malovines. E embora o mérito da instalação de um acampamento, no lado oriental, tivese pertencido aos ingleses, em 1765, foram os Espanhóis que depois de expulsar os britânicos e adquirirem o território aos Franceses, se instalaram no Arquipélago a partir de 1767. Reconquistado pelos britânicos em 1771, decidiram, porém, em 1774, abandonar a região, por razões económicas, sem, no entanto, renunciarem a soberania das ilhas. Entretanto a Espanha, manteve um acampamento no lado ocidental, chamado Ilha Soledade (Ilha da Saúdade) até 1811. Com a independência da Argentina da Espanha em 1816, o governo de Buenos Aires proclamou a soberania das Falklands/Malvinas em 1820. Porém, em 1831, o navio de guerra americano, Lexington, em retaliação à detenção anterior de três navios americanos da caça às baleias na região, destruíu o acampamento, na parte ocidental do Arquipélago, competindo, aos ingleses, dois anos depois, forçar os sobreviventes argentinos a abandonar a área, sem o disparo de um só tiro. Em 1841 foi nomeado um governador civil para todo o arquipélago das Falklands e até 1885 prevalecia uma comunidade auto-suficiente de 1800 pessoas, embora a Argentina não deixasse de renunciar o seu direito à soberania das ilhas. Porém, depois da II Grande Guerra, o assunto voltou a ser debatido, em 1964, no Comité da Descolonização das Nações Unidas com a Argentina a invocar a Bula Papal de 1493, modificada pelo Tratado de Tordesilhas, do ano seguinte, em que atribuía à Espanha o direito dos territórios ou ilhas adjacentes ao continente sul-americano e, assim, o termo à colonização britânica. Porém, a Grã-Bretanha contrapondo o argumento de que a “aberta, contínua e efectiva posse, ocupação e administração” das ilhas por parte dos habitantes britânicos, desde 1833, outorgava-lhes o direito ao princípio da auto-determinação, em obediência à Carta das Nações Unidas. E adiantou que, em vez de se pôr termo à colonização, o pretendido controlo e soberania por parte da Argentina, face à recusa dos habitantes, criava, na realidade, uma colónia. Como resultado, em 1965, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma Resolução em que convidava ambas as partes a encontrar uma solução pacífica para a disputa. Com as conversações consecutivamene adiadas até Fevereiro de 1982, as forças argentinas invadiram as Falklands, a 2 de Abril seguinte, resultando na Guerra das Falklands em que o país aul-americano foi derrotado, com enormes baixas, especialmente o afundamento do submarino Beltrano, e a humilhante retirada e regresso das forças invasoras ao seu país. Embora a Argentina e o Reino Unido reatassem as relações diplomáticas em 1990, a disputa da soberania continuou com a presença de 2000 tropas britânicas no arquipélago e a forte modernização, e enormes investimentos, nas infra-estruturas do território, por parte do Reino Unido.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crise no futebol Inglês...e mistério do relvado de Wembley!

Não bastando as crises financeiras que assolam os principais clubes ingleses da “Premiership”, surge agora o mistério da relva do novo Estádio de Wembley. Acontece que desde a sua conclusão, em 1997, depois de inúmeras incertezas e adiamentos da inauguração, devido à falência da companhia construtora auatraliana, a relva do novo, belo, e imponente Estádio de Wembley, está a provocar insondável mistério … e despesa! Depois da verdejante relva inicial, iniciou-se esta semana, nova replantação – a 11ª !!! - pelo custo de 100 mil euros, totalizando s várias operações em mais de 1,5 milhões de euros! Uma relutante Federação (Football Association proprietária do dispendioso estádio e que para ali recentemente decidiu transferir a sua sede), viu-se forçada a encetar a nova operação depois do treinador do Tottenham Hotspurs, Harry Rednapp, talvez a justificar a derrota da sua equipa por 2-0, no anterior relvado, frente ao Portsmouth, a 11 deste mês, na meia-final da Taça da Inglaterra, ter afirmado que “não poria cavalos a correr neste relvado”! Não se sabem ainda as razões dos consecutivos relvados. Segundo a FA, com base na opinião da empresa responsável pela manutenção do relvado, Sports Turf Research Institute (STRI). “vamos continuar a cooperar com STRI tanto na instalação de uma nova camada de relva como com a sua manutenção”, pelo que vai continuar a ser do mesmo tipo. Porém, as opiniões variam, coincidindo na mais comum que é a falta de luz suficiente e o pouco uso do campo. Talvez, com base na longa experiência da All England Tennis and Crocquet Association, detentora dos magnificos e bem mantidos relvados de Wimbledon, o mais indicado é o devido aconselhamento com esta sua congénere desportiva!

Enquanto isso, parece que o não resolvido mistério do relvado de Wembley simboliza a crise financeira do futebol inglês. Com a falência do adversário do Tottenham, o Portsmouth Football Club, que há duas épocas foi vencedor da Taça da Inglaterra e ironicamente é finalista, este ano, frente ao Chelsea (a disputar a final no próximo dia 15 de Maio), o primeiro clube da Premiership dos últimos anos a falir, surge o poderoso Liverpool Footbal Club, que recentemente arrasou o Benfica na Taça Europeia, a contas com pesadas dívidas, os seus dois presidentes americanos, M. Broughton e G.N. Gillett Jr., decidiram pôr o clube à venda. E, como não há um mal sem dois, o seu melhor jogador, Fernando Torres, depois de ter sido submetido a uma cirurgia, e quando era imprescindível para o resto da campanha europeia, que o treinador Rafael Benitez, afastado da Champions, pretende ganhar, estar ausente durante resto da temporada. A crise financeira ensombra, igualmente o poderosíssimo Manchester United, que, este ano, espera revalidar o título e, igualmente, fincar pé na Champions. Desde que o clube foi adquirido pelo financeiro-milionário americano Malcolm Glazer, em 22 de Junho de 2005, por um bilião e 264 milhões de euros, pondo assim termo a 14 anos de actividade como sociedade anónima cotada na Bolsa de Londres. Mas, como para financiar a aquisição contraíu o empréstimo de 800 milhões de euros, o novo proprietário foi acusado pelos adeptos do clube de hipotecar o Manchester United, um clube que nunca conhecera semelhante posição, a impopularidade do novo dono não tem cessado, ao ponto de se estar a preparar uma OPA, iniciativa de poderosos adeptos do mundo financeiro. Para isso, foi montada uma campanha, independentemente dos múltiplos cartazes quando a equipa joga, com os dizeres, “Love Manchester United; Hate Glazer” (Amamos o Manchester United, mas detestamos Glazer), é caracterizada por caxecóis verdes e amarelos, orgulhosamente ostentados pela maioria dos adeptos, que viram no seu herói, David Beckham, aquando no jogo em que a sua equipa, AC Milan, foi eliminada, há duas semanas no estádio de Old Trafford, também ostentar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

DEBATES TELEVISIVOS - A GRANDE NOVIDADE DAS ELEIÇÕES GERAIS DESTE ANO!

Mantendo a tradição da marcação das eleições, segredo bem guardado e exclusivo dos primeiros-ministros, que, no caso de Gordon Brown, não poderia ser depois do próximo mês de Maio, como se previa, 6, do mês que vem, é o dia, que, como é tradicional no Reino Unido, eventos eleitorais, tradição tipicamente britânica, realizam-se às quintas-feiras. Nisso não é novidade! A novidade, desta vez, é a realização de três debates televisivos, em directo, (BBC1, ITV1 e SKY), com e entre os dirigentes dos três principais partidos – New Labour (partido do governo), com o primeiro-ministro, Gordon Brown; Conservadores – David Cameron e Liberal-Democratas – Nick Clegg, bem como a activa dependência da Internet. A democracia britânica, a provar o seu conservadorismo centenário, é alheia a alterações, inclusive referendos. Salvo raríssimas excepções – como foi a contínua adesão à então CEE, em 1975, e a formação de parlamentos autónomos tanto no País de Gales como na Escócia, nos meados da década de 90 – é alheia a referendos. E, quanto à intromissora televisão, tão longamente debatida e resistida na transmissão (com excepção de um canal exclusivo – Parlamento - a cargo da BBC), mas nos canais principais, em deferido e sempre em breves montagens, salvo casos excepcionais como nas sessões semanais de Interpelação ao Primeiro Ministro, sessões de Abertura, em que a Raínha apresenta o programa de Legislatura do Governo, apenas presente – e bem presente! - nas campanhas eleitorais com a cobertura, geralmente também em deferido, de importantes intervenções dos principais dirigentes partidários. Além destes, há, claro, também, os tempos de antena. Nunca, porém, no Reino Unido se realizaram debates entre, e com os principais dirigentes políticos, o que, à semelhança da longa tradição americana, o debate entre Nixon e Kennedy, em 1960, acontece este ano pela primeira vez.
Não surpreende a cuidadosa preparação, mas especialmente a complicada regulamentação, subordinada a 76 subparágrafos, das intervenções! Com apenas um minuto para apresentar a sua tese e outro para responder, os intervenientes não têm mãos a medir. Perante audiências compostas por 200 convidados seleccionados por empresas de sondagens independentes, só lhes é permitido aplaudir no princípio e no fim das sessões, os dirigentes participantes respondem a perguntas submetidas e seleccionadas previamente via e-mail, mas totalmente desconhecidas até ao momento da transmissão. Dos três debates, todos às quintas-feiras, na hora nobre das 20 às 2130, são distintos. Transmitidos pelas várias estações, cabe à ITV1 dar o pontapé de saída, com o conceituado e veterano moderador, Alastair Steward, hoje, 15. Este primeiro programa ocupar-se-à da política interna, inluindo o Serviço Nacional de Saúde, educação, imigração e confiança do eleitorado na política e nos políticos. O segundo programa, cabe à Sky, sob a responsabilidade do competente editor político daquela emissora, Adam Boulton, transmitido na semana seguinte, 22 e subordinado a negócios estrangeiros, incluindo União Europeia, Afeganistão e Iraque. O prograna final, a transmitir no dia 29, cabe à BBC, com o veterano, respeitado e mui competente moderador, David Dimbleby e subordinado a questões económicas, incluindo o enorme déficit público, impostos, serviços públicos e banca.
É difícil de prever a influência destes debates no resultado real eleitoral. Se, obviamente, o desempenho dos intervenientes é um factor importante, o carisma também o é. Neste domínio, se a “fotogenia” tanto de David Cameron como de Nick Clegg é uma vantagem, a notória sobriedade de Gordon Brown pode prejudicá-lo. Mas tem uma vantagem em relação aos seus adversários: experiência e autoridade governamental e, muito mais, provas cabais do desempenho da economia e finanças, perante a crise actual e Global. Aliás, é aqui que o eleitorado vai decidir. Segundo as múltiplas sondagens, enquanto os Conservadores, desde há um ano gozavam a vantagem média de 15 pontos de vantagem em relação ao partido do Governo, os últimos resultados apontam, na média, entre seis e 2 pontos de vantagem e os liberais democratas em terceiro, co 21%. A grande incógnita reside nos círculos em dúvida do partido vencedor, o que significa um indesejável resultado de vitória minoritária, possivelmente a favor dos Conservadores de David Cameron. Se assim for, quem vai ter a última palavra é Nick Clegg dos Liberais Democratas, que se poderá ligar ou associar a qualquer dos partidos, garantindo-lhe a almejada maioria. Esta situação só aconteceu em Fevereiro de 1974, com o governo Conservador de Edward Heath.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Sangrenta História Britânica

A SANGRENTA HISTÓRIA BRITÂNICA

Notável pela tolerância e combate ao despotismo e regimes ditatoriais, bem como a abolição da Escravatura, em que, ironicamente, tanto se notabilizou pela proliferação e expansão, a Grã-Bretanha é detentora de enorme historial violento e sanguinolento. Tanto a nível interno, como, e mui particularmente, externo na sua expansão e consolidação imperial. A nível interno, regimes como o Tudor, nomeadamente Henrique VIII (1491-1547), mais conhecido pela morte de duas das seis esposas (Anne Boleyn e Catherine Howard) e da instauração da Igreja Anglicana, mandando para a fogueira centenas de católicos, juntamente ao saque, morte e destruição do património católico, seguido pela sua sucessora-filha, Isabel I. Durante o reinado de ambos, foi notória a crueldade contra os seus opositores, particularmente aqueles, muitos deles inocentes, vítimas de meras acusações inventadas pelos seus inimigos na luta pelo poder e prestígio pessoal.

A religião, neste caso o combate ao Catolicismo, foi tema de contínuas e indiscriminadas perseguições. Até a instauração do maior e mais intrincado sistema secreto da procura e denúncia de católicos, considerados inimigos fidagais do Reino, particularmente por ser religião tanto das inimigas França, Espanha como Escócia, instaurado e chefiado pelo então “chanceler” do tesouro, “Sir” Francis Walsingham, em que teve como principal participante o poeta-espião Christopher Marlowe, nos prestigiosos centros de ensino, como Oxford e Cambridge, em 1580, e em que neste último, daria lugar ao recrutamente de espiões no então incipiente, "Círculo dos 12 Apóstolos" mas, mais tarde, particularmente antes, durante e depois da II Grande Guerra, foi notável alfobre de espiões comunistas, como Kim Philby, Donald McLean, Guy Burgess, todos na década de 50, e Anthony Blunt, primo de Isabel II, denunciado em 1979.

Quem se interessaria e viria a notabilizar este sórdido período seria o pintor francês, Hipólito, mas mais conhecido por Paul Delaroche (1797-1856), com pinturas magistrais, nomeadamente a clássica e imponente obra, Execução de Lady Jane Grey (1833), foco de uma importante e recente exposição na Galeria Nacional, em Londres. Aliás, a este artista, devem-se, igualmente, outros magníficos trabalhos sobre eventos sangrentos, também expostos na citada mostra, como a prisão e morte dos Dois Príncipes, na Torres de Londres. Filhos de Eduardo IV, que para ali foram mandados logo depois da morte do pai, em 1483, por imposição do tio, Ricardo, Duque de Gloucester, que quando o sobrinho Eduardo, estava prestes a ser coroado, usurpou-lhe o Trono, ficando o que seria rei, juntamente ao irmão mais novo, encerrados num exíguo calabouço, para nunca serem mais vistos. Muito se tem escrito sobre estes desventurados jovens, especialmente para provar ou ilibar Ricardo de culpa. Para adensar ainda mais o mistério, os restos mortais dos dois desditosos jovens, embora encontrados em 1674 e oficialmente trasladados para a Abadia de Westminster, nunca foram positivamente identificados. Outra importante cena pelo pintor retratatada foi tanto o tratamento desordeiro por soldados de Cromwell, ao Rei Carlos I, como a execução por parte daquele, cujo corpo é por ele observado num modesto caixão. A execução da jovem Jane Grey (1537-1554), porém, foi a todos os títulos um dos mais chocantes episódios da História Inglesa, aliás semelhante à de outra jovem-raínha, Catherine Howard (1542), que foi mandada executar por Henrique VIII a pretexto de que teria cometido adultério. A jovem, de apenas 18 anos de idade, suplicou ao marido para não a matar, pois as acusações de adultério, atribuídas ao Cardeal de Cantuária, Thomas Cramer, não tinham fundamento, mas o rei decidiu não acatar. Embora música exímia, dificilmente sabia escrever o nome.Isso não impediu que fosse acusada de escrever cartas de amor a um apaixonado, que facilmente foi identificado como amante. No caso de Jane Grey, com apenas 17 anos de idade e raínha da Inglaterra apenas por sete dias, foi vítima da vingativa prima católica, raínha Mary da Escócia que temia que viesse a ser igualmente raínha da Escócia. Esta, porém, viria, mais tarde. a conhecer semelhante fado nas mãos da prima, a Raínha Isabel I. Outras chacinas, estas de carácter imperial, foram, primeiro as guerras de Mysore, na Índia, entre 1767 e 1779, a Guerra dos Zulus, no actual estado de Natal, África do Sul, em 1879, e a Guerra dos Boers, na mesma então colónia contra os afrikanders, entre 1899 e 1902.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O INTOLERÁVEL ABUSO E ARROGÂNCIA DE ISRAEL

NOTA: OS NOVOS ATAQUES AÉREOS A GAZA EFECTUADOS, EM 2 DO CORRENTE, REFORÇAM O ARGUMENTO DESTA CRÓNICA ESCRITA ANTES DO ACONTECIMENTO!

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, ao condenar, nos mais enérgicos termos, na semana passada, 23, na Câmara dos Comuns, a acção de Israel na falsificação de 12 passaportes, em que os utentes eram cidadãos britânicos, actualmente residentes em Israel, e ao anunciar a expulsão do representante diplomático dos serviços secretos israelitas, Mossad, em Londres, é mais outra prova da inaceitável arrogância, mas pior, do abuso por parte de um Estado, considerado democrático, em violar e desrespeitar a soberania de outro Estado, neste caso mais outros quatro – Alemanha, Austrália, França e Irlanda - pela emissão de passaportes falsos daqueles países, a fim de ocultar a identidade de perpertradores de crimes. Este, o caso da falsificação da identidade dos 27 agentes envolvidos, que segundo as autoridades do Dubai “estão 99% certas” de pertencerem aos Serviços Secretos Israelitas, Mossad, mas que Israel insiste não haver provas, assassinaram, por sufocação e choques eléctricos, em 20 de Janeiro passado, num hotel daquele Estado dos Emirados Árabes, o comandante-fundador da ala militar do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh, o grupo palestiniano que actualmente governa a dizimada Faixa de Gaza, por Israel, no ano passado. O chefe da diplomacia britânica, embora esclarecendo que juntamente aos outros quatro países, igualmente vítimas do abusivo falsificar dos passaportes, as averiguações continuam, confirmou, no entanto, que em relação ao Reino Unido, as “razões eram mais que concludentes” na “implicação e responsabilidade de Israel” no que classificou de “intolerável abuso de pôr em perigo a segurança de cidadãos britânicos”, por parte de um Estado aliado. Esta decisão do ministro britânico foi tomada em sequência às intensas averiguações por parte da polícia britânica (Agência de Sério Crime Organizado - SOCA), que para efeito, se deslocou a Israel. Porém, este elevado membro do Governo esquivou-se a quaisquer acusações formais sobre o eventual envolvimento dos Serviços Secretos Israelitas no assassinato do dirigente palestiniano, limitando-se a afirmar que as averiguações continuam em curso. Além disso, a partir de agora, Israel está na lista negra, sobre o risco da clonagem de passaportes, dos serviços de informação sobre segurança nas viagens ao estrangeiro do Ministério Brtitânico dos Negócios Estrangeiros. O MNE avisa que face ao praticado, evite-se, o mais possível, passar os passaportes às mãos dos agentes israelitas. Actualmente, pelo menos 150 mil britânicos viajam todos os anos a Israel.

O abuso da emissão de passaportes britânicos falsos, por parte de Israel e dos seus serviços secretos, Mossad, não é novo. Situação idêntica, como foi lembrada na Câmara dos Comuns, pelo homólogo sombra, do Partido Conservador, William Hague, ocorreu em 1987, em que o então primeiro-ministro, hoje Presidente de Israel, Shimon Perez, prometeu não se repetir e que, igualmente, prontificou a expulsão, no ano seguinte, do agente superior da Mossad, Arie Rejev, junto da Embaixada Israelita em Londres. Por agora, segundo fontes diplomáticas, o governo britânico manifestou, “uma clara mensagem de desaprovação”. Mas a confirmar-se, como insistem as autoridades do Dubai, o envolvimento de Israel, no assassinato do dirigente palestiniano, não é mais do que outra das várias provas de desesrespeito e arrogância daquele país ao mundo democrático em que insiste inseririr-se. Desde as recusas em respeitar – e obedecer – as várias deliberações do Conselho de Segurança das Nações Unidas, à dizimação do sul do Líbano há dois anos, o arrasar da Faixa de Gaza, há outro ano, em que novas e inocentes vítimas, incluindo, segundo a ONU, centenas de crianças, foram chacinadas e a desejada reconstrução de infra-estruturas recusada, bem como a insistente ignorância aos múltiplos apelos tanto de importantes personalídades como dos mais variados governos, incluindo a União Europeia e o seu mais directo Aliado – e principal contribuinte financeiro com biliões de dólares anuais – os Estados Unidos da América, na reactivação do Processo de Paz Israelo-Palestiniano e na cessação da construção de aldeamentos em território palestiniano, à custa da destruição das habitações ali situadas há milénios, incluindo, o Leste de Jerusalem, quem é Israel, que dependendo e insistindo fazer parte do Mundo Democrático, continua a fazer Ouvidos de Mercador e desvirtuar a Democracia!

PS.

Os ataques aéreos a GAZA, efectuados na sexta-feira dia 2, reiteram a tónica desta crónica. Segundo fontes palestinianas contactadas pela BBC, os israelitas efectuaram 13 ataques, quatro das quais à vila de Khan Younis, onde dois soldados israelitas foram mortos em recontros, na semana passada. Segundo fontes israelitas, o objectivo foi quatro fábricas de armamento, o que é negado por fontes palestinianas do HAMAS. Segundo estas, além do ferimento de três crianças, o objectivo foi a destruição de oficinas de artigos metálicos, quintas, uma fábrica de produtos lácteos e pequenos locais ocupados pela ala militar do Hamas. Trata-se do maior ataque desde as operaçôes de Janeiro do ano passado que arrasaram a Faixa de Gaza. Segundo grupos de direitos humanos, mais de 1400 habitantes daquele território morreram no conflito, embora os israelitas insistam que o cômputo limita-se a 1166. Em contrapartida, 13 israelitas pereceram, três dos quais civis.

Segundo o The Guardian de 2 de Abril, baseado no matutino de Israel, Ha'aretz, a jornalista israelita, Anat Kam, de 23 anos, que se encontra em prisão domiciliária desde Dezembro, aguarda julgamento dentro de duas semanas por ser acusada de “traição e espionagem” por divulgar documentos militares altamente secretos referentes aos militares israelitas que ignoraram o parecer jurídico sobre os assassinatos efectuados na ocupada Transjordânia. A jornalista, aparentemente, teria obtido e copiado os documentos aquando efectuava serviço militar passando-os ao matutino Ha'retz. Mas a acusada desmente estar envolvida.




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