quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O FENÓMENO CHAMADO OPRAH

Quando, há anos, entrevistei Oprah Winfrey, em Londres, para o JN, foi com um misto de intensa antecipação. Devido à aura de todos conhecida – Raínha dos Chat Shows, Personalidade Admirada e Cegamente Seguida, Mulher Midas, Empresária Sapiente, Benfeitora – lista de atributos assustadores para um modesto jornalista, a sua presença afável, casual, sincera, sem subterfúgios, imediatamente surpreenderam e dissiparam quaisquer barreiras! O mesmo, não sucederia, mais tarde, com a diva Barbra Straisant, cuja presença atemorizadora pela fama, mais questão fez de a impôr particularmente quando a assistente insistiu numa declaração previamente exigida, devidamente assinada, sem a qual o mortal jornalista não teria o privilégio de contar com tão majéstica presença! Com Oprah, tudo foi diferente! Pessoa jovial, a reflectir uma invulgar sinceridade, a primeira coisa que fez foi oferecer uma das maçãs que trincava! Satisfeita por estar em Londres, cidade que disse muito admirar, a Senhora da Televisão Americana e Internacional adiantou estar contente em dialogar com colegas internacionais.

Este intróito pessoal deve-se à decisão de Oprah Winfred, depois de 24 sucessivos anos e 5000 audiências, decidir pôr termo, pelo menos temporariamente, aos seus encontros diários, muitos deles com as figuras de maior prestígio mundial e outras cuja presença significa o culminar de uma das maiores consecuções pessoais dos felizez participantes e convidados no programa por ela criado, que, como sabemos, dominou o mundo inteiro, para abraçar um novo Canal por Cabo, investimento que rondou os 189 milhões de dólares (141 milhões de euros), iniciativa conjunta com o Canal Discovery, que recebeu a designação de OWN, o acrónimo de Oprah Winfrey Network, fundado no início do mês e com acesso a 80 milhões de lares. Embora considerada "a mais poderosa mulher do mundo”, por Alicia Quarles, da influente agência noticiosa americana, Associated Press, por isso mesmo, na nossa conversa, obviamente perguntei-lhe se um dia se candidataria à Presidência do seu país. Sem hesitar, prontamente respondeu - “nunca”! Porém, o seu apoio a Barack Obama foi determinante para a vitória do primeiro presidente não branco dos Estados Unidos da América! Nascida em 1954, em Kosciusko, no Estado de Mississipi, cujo pai, mineiro, foi descendente de escravos, aos 14 anos cedo abandonou o lar, depois de ter sido violada e enfrentar a morte do inesperado bebé. Em 1971 dá início à sua carreira de jornalista no vizinho Estado de Tennessee como profissional de rádio de uma estação local. Determinada, sete anos depois, modera o programa matinal da estação televisiva WTVF, People are Talking (O Povo Fala), modelo que viria a torná-la célebre no seu Oprah Winfrey Show, que seria lançado em Chicago, para onde se mudou em 1983 e onde conheceria a fama com audiências nacionais jamais conseguidas por qualquer outro profissional. Não apenas satisfeita na televisão, em 1985, ganha um Óscar, pela sua interpretação de Sofia, na película de Steven Spielberg, The Colour Purple. A primeira mulher a lançar e dirigir um Talk Show e, devido ao seu enorme sucesso, fundou a sua própria companhia denominada Harpo, em 1988, compreensivelmente baseada no seu próprio nome, lido ao contrário. A sua enorme influência garante-lhe a inicitiva da lei de Protecção Nacional da Criança, em 1991; dois anos depois entrevista Michael Jackson, garantindo-lhe a audiência recorde de 100 milhões; em 1995 é a primeira mulher e a única de raça negra a ser incluída na famosa lista das 400 Pessoas Mais Ricas da América na conceituada revista Forbes. No ano seguinte lança o seu Clube do Livro, referência dos leitores do seu país. Dois anos depois é incluída entre as 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. No ano 2000 lança a agora influente Revista O. Em 2007 funda a Academia Oprah Winfrey de Liderança de Raparigas, na África do Sul e, em 2009, anuncia o termo do seu programa, que, aliás continua até Setembro deste ano, no mesmo canal. No início do mês e do ano 2011, nova aventura, esta a que admite ser a maior de sempre e aquela que confessa causar-lhe calafrios – um novo Canal, o seu muito OWN!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Porque votei (e bem) em Cavaco Silva

Consciente do apartidarismo deste jornal, abro uma excepção, NUNCA desrespeitando esse elevado princípio em termos editoriais! Invoco, porém, o privilégio pelo espaço que tem o meu nome, e que, assim, iliba a notável posição de isenção do SOL! Faço-o devido à gravidade do Estado do País, que o Exíge! Esta, a razão - e dever! Como cidadão nacional e eleitor de que muito me prezo, manifesto a minha posição pessoal em relação às que considerei importantíssimas Eleições Presidenciais realizadas este Domingo. Portanto: PORQUE VOTEI EM CAVACO SILVA. Fi-lo por várias e IMPORTANTES RAZÕES, a saber:

1. ESTABILIDADE. Consciente das limitações constitucionais do Presidente da Republica, mas, mais, da reconhecida experiência académica e profissional de Economista do candidato Prof. Dr . Anibal Cavaco Silva, considero-o GARANTE de um novo e final termo à frente do nosso País, particularmente quando há a enfrentar difíceis e cada vez mais certos dias de CONTENÇÃO, especialmente quando, independentemente do que os governantes insistem, não ser necessário, como aconteceu em relaçâo à República da Irlanda, mas que tanto a Alemanha, e mais, o poderoso Deutschbank e a Espanha (embora o tenham desmentido) o afirmam, como inevitável necessidade do nosso País, insisto, sem pretender ser profeta da desgraça, que PARA BEM DO NOSSO PAÍS, TERÁ DE RECORRER À INTERVENÇÃO EXTERNA – EU/IMF, possivelmente no mínimo, PRÓXIMO TRIMESTRE e, máximo, daqui a SEIS MESES! Como o Presidente Cavaco Silva acentuou na sua mensagem de Natal, "O ano de 2011 não será um ano fácil, será um ano em que se exigem grandes responsabilidades, em que se exige muito a todos os órgãos de soberania." . Por isso, ele é o HOMEM, O ESTADISTA O GARANTE, O TIMONEIRO CAPAZ DE CONDUZIR O NOSSO BARCO NAS TEMPESTUOSAS ÁGUAS DO FUTURO ;

2 COERÊNCIA. Durante o seu primeiro termo, o Presidente da República, consciente do seu nobre papel, demonstrou ser a VOZ do POVO e PARA O POVO, particularmente daquele que muitas vezes, consciente da sua incapacidade, necessita de ser ouvido! Por isso, como foi divulgado no Diário de Notícias, de 23 de Dezembro último, “O Presidente da República mantém a tensão sobre todos os responsáveis políticos, numa altura em que as sondagens apontam que vai obter um segundo mandato, que terá a crise económica como pano de fundo e o País debaixo das atenções dos mercados”

1.

RESPONSABILIDADE. Embora os candidatos oposicionistas procurem subterfúgios pessoais, que nada têm a ver com as responsabilidades de Estado, ESPERA-SE, como Cavaco Silva apelou, para que os membros do Governo regressem, em 2011, "com energia, serenidade e determinação para enfrentarem os problemas que, com certeza, se colocarão sobre as vossas secretárias". Ao que, adianto, maior crise e maiores sacrifícios que serão requeridos a todos os Portugueses, além dos já conhecidos e, muito possivelmente, devido ao que se sabe, NOVAS ELEIÇÕES GERAIS!
2.

SERENIDADE: Aquela que o Presidente Cavaco Silva tem demonstrado à frente do nosso País, garantia da sua continuação no futuro!

1.

PONTE DE LIGAÇÃO AOS PORTUGUESES DA DIÁSPORA: Quando Presidente, Cavaco Silva não se limitou a lembrar o País que Portugal não se confina apenas ao Espaço Europeu, mas estende-se a todos os cantos do Globo onde residem CINCO MILHÕES DE PORTUGUESES! Ele provou-o VÁRIAS VEZES! A mais saliente foi ao VETAR o anti-democrático Projecto de Lei Socialista 562/X/3ª (PS), que visava pôr termo ao Voto Postal da chamada Emigração, de que resultou o grito de Protesto por parte do invulgar número de 5533 subscritores da Diáspora e em que fui o Primeiro Subscritor! Foi este estridente e claro grito, que levou a uma inédita Sessão Plenária da Assembleia da República, no dia 16 de Janeiro de 2009, e que a juntar a muitos outros protestos, convenceu o Presidente Cavaco Silva a vetar tal decisão que, devido às enormes distâncias, aliadas à escassês de centros de votação, obviamente desencorajaria muitos dos já poucos eleitores inscritos da vasta Diáspora.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PORQUE VOTO EM CAVACO SILVA!

Consciente do apartidarismo do Jornal de Tondela, de que me honro colaborar semanalmente, abro uma excepção, NUNCA desrespeitando esse elevado princípio em termos editoriais! Invoco, porém, o privilégio pelo espaço que tem o meu nome, e que, assim, iliba a notável posição de isenção do JT! Faço-o devido à gravidade do Estado do País, que o Exíge! Esta, a única razão - e dever! Como cidadão nacional e eleitor de que muito me prezo, manifesto a minha posição pessoal em relação às que considero importantíssimas Eleições Presidenciais que vão ter lugar este Domingo. Portanto: PORQUE VOTO EM CAVACO SILVA. Faço-o por várias e IMPORTANTES RAZÕES, a saber:
1. ESTABILIDADE. Consciente das limitações constitucionais do Presidente da Republica, mas, mais, da reconhecida experiência académica e profissional de Economista do candidato Prof. Dr . Anibal Cavaco Silva, considero-o GARANTE de um novo e final termo à frente do nosso País, particularmente quando há a enfrentar difíceis e cada vez mais certos dias de CONTENÇÃO, especialmente quando, independentemente do que os governantes insistem, não ser necessário, como aconteceu em relaçâo à República da Irlanda, mas que tanto a Alemanha, e mais, o poderoso Deutschbank e a Espanha o afirmam, como inevitável necessidade do nosso País, insisto, sem pretender ser profeta da desgraça, que PARA BEM DO NOSSO PAÍS, TERÁ DE RECORRER À INTERVENÇÃO EXTERNA – EU/IMF, possivelmente no mínimo, PRÓXIMO TRIMESTRE e, máximo, daqui a SEIS MESES! Como o Presidente Cavaco Silva acentuou na sua mensagem de Natal, "O ano de 2011 não será um ano fácil, será um ano em que se exigem grandes responsabilidades, em que se exige muito a todos os órgãos de soberania." . Por isso, ele é o HOMEM, O ESTADISTA O GARANTE, O TIMONEIRO CAPAZ DE CONDUZIR O NOSSO BARCO NAS TEMPESTUOSAS ÁGUAS DO FUTURO ;
2 COERÊNCIA. Durante o seu primeiro termo, o Presidente da República, consciente do seu nobre papel, demonstrou ser a VOZ do POVO e PARA O POVO, particularmente daquele que muitas vezes, consciente da sua incapacidade, necessita de ser ouvido! Por isso, como foi divulgado no Diário de Notícias, de 23 de Dezembro último, “O Presidente da República mantém a tensão sobre todos os responsáveis políticos, numa altura em que as sondagens apontam que vai obter um segundo mandato, que terá a crise económica como pano de fundo e o País debaixo das atenções dos mercados”
3. RESPONSABILIDADE. Embora os candidatos oposicionistas procurem subterfúgios pessoais, que nada têm a ver com as responsabilidades de Estado, ESPERA-SE, como Cavaco Silva apelou, para que os membros do Governo regressem, em 2011, "com energia, serenidade e determinação para enfrentarem os problemas que, com certeza, se colocarão sobre as vossas secretárias". Ao que, adianto, maior crise e maiores sacrifícios que serão requeridos a todos os Portugueses, além dos já conhecidos e, muito possivelmente, devido ao que se sabe, NOVAS ELEIÇÕES GERAIS!
4. SERENIDADE: Aquela que o Presidente Cavaco Silva tem demonstrado à frente do nosso País, garantia da sua continuação no futuro!
5. PONTE DE LIGAÇÃO AOS PORTUGUESES DA DIÁSPORA: Quando Presidente, Cavaco Silva não se limitou a lembrar o País que Portugal não se confina apenas ao Espaço Europeu, mas estende-se a todos os cantos do Globo onde residem CINCO MILHÕES DE PORTUGUESES! Ele provou-o VÁRIAS VEZES! A mais saliente foi ao VETAR o anti-democrático Projecto de Lei Socialista 562/X/3ª (PS), que visava pôr termo ao Voto Postal da chamada Emigração, de que resultou o grito de Protesto por parte do invulgar número de 5533 subscritores da Diáspora e em que fui o Primeiro Subscritor! Foi este estridente e claro grito, que levou a uma inédita Sessão Plenária da Assembleia da República, no dia 16 de Janeiro de 2009, e que a juntar a muitos outros protestos, convenceu o Presidente Cavaco Silva a vetar tal decisão que, devido às enormes distâncias, aliadas à escassês de centros de votação, obviamente desencorajaria muitos dos já poucos eleitores inscritos da vasta Diáspora.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A SURPREENDENTE REVOLTA ESTUDANTIL

Para o Reino Unido, 2010 foi um ano de mudança e de surpresas! Mudança, na primeira metade do ano, com a realização das eleições gerais, em Maio, e a derrota do partido Labour, no governo, dando lugar à coligação entre os Liberais Democratas de Nick Clegg e os Conservadores chefiados por David Cameron, a primeira do género dos últimos 60 anos. Surpresa, esta na derradeira metade do ano, reflectida nas invulgares manifestações e revolta dos estudantes contra o triplo aumento das propinas universitárias. Esclareça-se, porém, que estudantes revoltados não constitui verdadeira surpresa. A origem da Universidade de Cambridge, segundo uma lenda, assás credível, deve-se à expulsão de alunos desordeiros de Oxford, provocando a misteriosa morte de uma mulher, que devido às boas famílias de que eram oriundos persuadiram os monges a educá-los dando origem a Cambridge. Mais tarde, as lutas e provocações por parte dos estudantes levaram à destruição das escrituras e alvarás universitários, provocando também a morte de vários estudantes. Este negro capítulo, levou o Reitor da Universidade, Lorde Burghley (William Cecil), também ministro das finanças, a decretar, em 1585, normas severas, incluindo o envergar obrigatório de uniforme. Quase dois séculos mais tarde, em 1776, o recruta que viria a ser famoso anti esclavagista, William Wilberforce, notaria, decepcionado, que a devassidão entre os alunos era predominante: "bebem imenso ... pelo que fiquei chocado com a sua conduta". Outro contemporâneo apontava que "era escandalosa a ignorância da ordem e da disciplina na Universidade".
Fora dos campus universitários, este ano, porém, a revolta estudantil, ocorreu em várias manifestações em todo o país (Inglaterra). Umas com a ocupação de vários salões de 25 universidades, e até Galerias de Arte, como a National Gallery e a Tate Britain. Outras, e estas piores, de rua, envolvendo centenas de milhar de estudantes, principalmente em Londres, sendo os mais novos de 12 anos de idade. As piores ocorreram a 10 de Novembro e 10 de Dezembro, este o dia da votação da nova lei na Câmara dos Comuns, em Londres, com a destruição da entrada da enorme torre de Millbank, junto ao Tamisa, e a invasão da sede do Partido Conservador ali instalada, no primeiro caso e, no segundo, a destruição de portas e janelas do Ministério do Tesouro, em Whitehall e o inédito assalto ao carro em que viajava o príncipe Carlos e a mulher, Camilla, quando se dirigiam a uma sessão de gala no Teatro Palladium nas proximidades de Oxford Circus partindo os vidros e atirando montes de tinta no luxuoso veículo! Embora ainda não divulgados, os prejuízos materiais, calcula-se que só na limpeza do grafitti em monumentos atinja a verba de €60 mil. Além disso, estes inéditos ataques estudantis perpetrados por uma minoria, quando, na realidade, a maioria se comportou pacificamente, foram caracterizados por uma impotente e surpreendida polícia, composta por 2,800 oficiais, que ripostou, sem dó nem piedade, ferindo 42 estudantes, alguns deles em estado grave, e, em contrapartida 12 agentes ficaram feridos, seis dos quais recebendo assistência hospitalar e 180 estudantes foram detidos. Esta estranha ocorrência, pelo menos nos tempos modernos, prontifica várias questões, algumas delas provenientes dos próprios meios da comunicação social, como é o caso do semanário The Observer que questionava, na sua edição de 12 de Dezembro passado, qual a razão de tanto ódio e revolta, quando, como apontava, a juventude tem sido caracterizada, ao longo dos últimos anos, como apática? Em termos de agitação social das últimas décadas tanto contra o imposto comunitario (poll tax), de há 20 anos, o que prontificou comentário do antigo primeiro-ministro John Major, na sua autobiografia "...fiquei chocado com o que vi. O povo britânico, normalmente tão tardio em irritar-se, achou por bem vir à rua para protestar contra um imposto e invocar a reforma do imposto autárquico...um acontecimento sem precedentes na Grã-Bretanha do após guerra..." . A esta, seguiu-se, mais recentemente, a enorme manifestação contra a Guerra do Iraque. Porém, manifestações de estudantes, como as que se viram nos últimos meses foram as maiores de todas. E esta revolta compreende-se por várias razões: Primeiro pelo triplo aumento das propinas, que actualmente ronda na casa dos 2,500 euros para 10,800 por ano, significando que ao fim de um curso de três anos terão uma dívida de 36,000 euros! Embora aos estudantes universitários sejam facultados empréstimos, que só começam a pagar assim que tenham emprego garantido e salários acima de 25 mil euros, recusam estar empenhados para toda a vida! Além disso, enquanto na Inglaterra estão sujeitos a tal e elevada sobrecarga, devido ao corte orçamental do ensino superior em 40%, os seus colegas tanto da Escócia como do País de Gales, como administrações autónomas, não estão!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

SUDÃO DO SUL: novo país em 2011?

Com a realização do referendo sobre a possível secessão do Norte, a partir deste domingo, caso, como tudo leva a crer, mais de três milhões de registados cidadãos do Sul, terão, este ano, um novo país e uma nova cidadania. A República do Sudão, esse enorme país africano, de 2,5 milhões de km2 de superfície, já conhecida por Núbia, cenário de flagelos e lutas, poderá ser desmembrada dando lugar a um novo Estado. Resultado, como em muitos casos, de lutas para a independência, o Sudão do Sul emerge depois de duas horríveis guerras civis, o mais longo conflito africano, com o saldo de dois milhões de vítimas. Aliado à vizinha região do Darfur, a noroeste, que tantas manchetes internacionais têm dominado nos últimos anos, particularmente pelas suas mais de 200,000 mortes e dois milhões de deslocados habitantes, o historial deste possível novo Estado é nobre e extraordinariamente notável. Se já em si, esta vasta região constituía uma verdadeira anomalia sócio-politico-geográfica em relação ao Norte, a sua independência é mais do que justificada. Separada do árido e mussulmano Norte por enormes montanhas, ao sul das quais predominam pântanos e florestas tropicais, com o fértil Rio Nilo a dividi-la em duas partes, leste-oeste, é uma região distinta e que, há muito, luta pela independência.

A República do Sudão, que até 1956 estava associada ao Egipto e cujo antigo historial intimamente ligado aos antigosFaraós, com a desvinculação colonial britânica, adquiriu a independência, uma conturbada independência, inicialmente chefiada militarmente pelo Presidente Jaafar Numeiri, que depois de graves conflitos com o sul, concordou na autonomia desta região em 1972, voltando a eclodir em 1983. A partir de 1989, um bem sucedido golpe militar levou ao poder o general Umar al-Bashir- eleito em 1996 e reeleito em 2000. Em Abril do ano passado voltou a ganhar eleições multipartidárias, as primeiras em 24 anos, cujo resultado foi fortemente contestado pelos partidos de oposição, alguns dos quais renunciaram a luta pelas alegadas infracções. Homem duro, a sua liderança tem gerado enormes controvérsias, incluindo acusações de genocídio pelo que é procurado pelas Nações Unidas a depor no tribunal Internacional de Haia, sendo acusado de crimes de guerra e contra a Humanidade, principalmente devido à sua alegada acção no Darfur. Porém, tem-se evadido à justiça, principalmente devido ao apoio de alguns países da União Africana, bem como da China. E, agora, à semelhança de outros ditadores como os Marcos das Filipinas, segundo WilkiLeaks, desviou para bancos britânicos, sem dúvida como prevenção, 11,5 biliões de euros! Após dois anos de conflito, surgiu, finalmente o Tratado de Paz, assinado em Janeiro de 2005, resultando num governo de união nacional, com o primeiro vice-presidente e principal dirigente do Sul, também antigo lutador do Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM), Salva Kiir Mayardit, que poderá surgir como o primeiro Presidente do novo Estado Independente.

Fértil em petróleo, a produzir meio milhão de barris por dia, o acordo só foi possível com a concessão dos proventos, partilhados entre as duas regiões, mas com as refinarias e mais valias no Norte! Com a independência, a situação poderá mudar e, daí, a razão do Norte tudo ter feito para atrasar a realização do referendo. Com um Sul cristão ou animista, que recusou a imposição nacional mussulmana da sharia, a campanha do referendo, que começou em Abril do ano passado, cedo começou a ser fortemente contestada por um Norte oposto à independência do Sul, uma vez que perde a principal fonte de rendimento. Despachos da agência noticiosa do Sudão do Sul, (SUNA), provam-no, incluindo o encerramento do semanário independente do sul Juba, pelo governo nacional. O referendo, para ser válido, tem de contar com 60% de eleitores registados, muitos dos quais se deslocaram propositadamente ao Sul, enquanto outros estão a regressar ao que poderá ser novo País. Por isso, segundo o The Sudan Tribune, em inglês, publicado em Paris, a União Europeia está a seguir, muito de perto, o decorrer das operações, bem como o próprio embaixador britânico, na capital do Sudão, Kartum, Nicholas Kay, que classifica o desenrolar das operações de “drama em grande escala”.