domingo, 29 de março de 2009

ESTE NOSSO PLANETA TERRA – Compreendê-lo, para melhor o preservar

OCEANOS (II de VI)

1.Introdução
Os oceanos, juntamente aos mares marginais, cobrem aproximadamente 71% (361 milhões de Km2) da superfície da Terra, e têm a profundidade média de 3.765 metros, sendo a zona mais profunda de 11.022 metros. Nesta, a pressão do oceano atinge mais de uma tonelada por centímetro2, o equivalente à impossível façanha de um ser humano aguentar 50 aviões 747!

2- Origens
Esta bruta massa líquida, embora surgisse na fase geológica da Terra, a informação sobre a sua origem é praticamente inexistente. Porém, fósseis datados do período Pre-cambriano, ou seja, há 3,3 biliões de anos, manifestam a presença tanto de bactéria como de cianobactéria (algas azuis-verdes), o que sugere a existência de água durante este período. Estas Rochas sedimentárias carbonadas, obviamente situadas num ambiente aquático, apontam para o período de um bilião de anos atrás. Evidência fóssil de algas marinhas primitivas e de invertebrados, surge, igualmente, no início do Período Cambriano, ou seja, cerca de 540 milhões de anos a esta parte.

Investigações recentes, efectuadas por uma equipa de cientistas, chefiada pelo marinologista, Paul Rose, de que resultou a maravilhosa série da BBC Oceanos (transmitida no Reino Unido entre Novembro e Dezembro de 2008), tanto este como a colega marinobióloga, Tooni Mahto, ao investigarem o estranho buraco conhecido por Buraco Negro de South Andros, nas Bahamas, e a uma profundidade de mais de 200 metros, depararam com uma espessa camada purpúrea de batéria oxigenada e, portanto, altamente prejudicial ao ser humano, oxidando, de imediato, o equipamento. Segundo estes cientistas, esta camada, onde penetraram apenas um pouco abaixo da sua superfície, chegado a arriscar o corpo humano, e que devido à sua profundidade não beneficiou do necessário oxigénio, é prova do estado inicial dos oceanos há 3.5 biliões de anos, que, obviamente, evoluiram graças à crescente oxigenação proporcionada pelos Estromatolitas, aparentes arbustos nas profundidades marítimas e criaturas responsáveis pela transformação dos oceanos na indispensável produção de oxigénio e que também filmaram.

Também não há documentação sobre a existência física de água na Terra, em período anterior. Porém, tem sido sugerido que a hidrosfera primitiva teria resultado da condensação oriunda da atmosfera inicial. O rácio de certos elementos da Terra aponta (como vimos no capítulo anterior), que o Planeta foi formado pela acumulação de poeira cósmica, lentamente aquecida por calor rádioactivo sobre pressão. Este calor provocou a separação gradual, e a migração de materiais que formaram a superfície terrestre, ou seja a manta e a crosta. Julga-se que a atmosfera primitiva, altamente reduzida e rica em gases, nomeadamente hidrogénio, teria incluído vapor de água.

A temperatura da superfície da Terra e as pressões parciais dos gases individuais da atmosfera primitiva afectaram o equilíbrio desta última com a superfície terrestre. Com o decorrer do tempo o interior do planeta continuou a aquecer, a composição dos gases que escapavam do interior deste último, gradualmente alteraram as propriedades atmosféricas, produzindo uma rica mistura gasosa de dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e nitrogénio molecular (N2). A fotodissuasão, isto é, a separação resultante da energia da luz do vapor da água em hidrogénio molecular (H2), e oxigénio molecular (O2) na atmosfera superior, fez com que o hidrogénio escapasse permitindo o aumento progressivo da pressão parcial do oxigénio na superfície da Terra. A reacção deste oxigénio juntamente aos materiais da superfície, provocaram gradualmente a pressão do vapor da água, aumentando-a a um nível capaz de permitir a formação da água líquida. A formação desta, acumulando-se em depressões isoladas da superfície da Terra, deu lugar à origem dos oceanos.

O conteúdo de dióxido de carbono, nessa altura presente na atmosfera, permitiu o seu aglomerar, que, dissolvido na água, fez os oceanos ácidos, e, assim, aptos a dissolver a superfície das rochas, contribuindo para o aumento do conteúdo salínico da água. A água, evaporada rapidamente, condensou-se, mas, a princípio, num processo de acumulação lenta. A lentidão da acumulação do oxigénio da atmosfera ficou a dever-se ao facto da existência da quantidade de gás utilizado no processo de oxidização do metano, amoníaco e rochas expostas com elevados índices de ferro. A pressão parcial do gás de oxigénio na atmosfera aumentou gradualmente, resultante da fotosíntese da bactéria e da fase fotodesassociativa continuando, porém, a fornecer oxigénio. O processo biológico referente às algas aumentou, provocando a redução gradual do conteúdo do dióxido de carbono, mas aumentando o oxigénio na atmosfera até que este, produzido pelos processo biológicos, suplantasse o que era resultante da fotodissuasão contribuindo para a formação acelerada da superfície da água e o consequente desenvolvimento dos oceanos.

3. O importante papel da temperatura
A Terra é única no sistema solar devido à sua distância do Sol (149.573.881 kms – percurso que leva oito minutos), e ao período de rotação. A combinação destes submetem o Planeta a um nível de radiação solar que o mantém a uma temperatura média da superfície a 16º, variando pouco durante os ciclos anuais do dia/noite. Esta temperatura média permite que água exista na Terra em três das suas fases – sólida, líquida e gasosa. Nenhum outro planeta do sistema solar partilha desta qualidade. A fase líquida é predominante na Terra. Em termos de volume, 97,957% da água do planeta existe como água oceânica, associada ao gelo marítimo. A fase gasosa e gotícola, na atmosfera, constitui 0,001%. A água fresca dos lagos e dos rios situa-se em 0,036%, a subterrânea é 10 vezes superior, ou seja 0,365% e a dos glaciares 1,641% do volume total da água terrestre.

Qualquer das fases anteriores é considerada como reservatório. A água, porém, circula entre estes reservatórios, fase considerada como ciclo hidrológico, movido pela energia solar. A evaporação, precipitação, movimento atmosférico e as correntes dos rios, glaciares e a água subterrânea, mantêm a àgua em moção entre os reservatórios mantendo o ciclo hidrológico. O vasto leque de volumes destes reservatórios e as taxas médias intermédias dos ciclos, em conjunto, permitem a criação de importantes condições na Terra. Caso pequenas variantes ocorram, na média em que a água é ciclada para dentro ou para fora de um reservatório, o volume deste varia. Estas alterações de volume podem ser relativamente grandes e rápidas num pequeno reservatório ou pequenas e lentas num reservatório grande. Uma pequena alteração da percentagem do volume dos oceanos pode produzir uma vasta alteração, proporcional no reservatório terra-gelo, resultando, portanto, em fases glaciais e interglaciais. A média, na qual a água entra ou sai do reservatório, dividida pelo volume deste, determina o tempo de residência deste líquido no reservatório. Por sua vez, o período de permanência governa muitas das propriedades do reservatório.

4. Limites oceanográficos
Peritos oceanográficos consideram apenas a existência de três oceanos: Pacífico - superfície 180 milhões de km2, profundidade média 3940 metros, com a zona mais profunda de 11022metros; Atlântico, também o mais recente dos três – superfície 107 milhões de metros2, profundidade média 3310 metros com a zona mais profunda de 8605 metros; Indico – superfície 74 milhões de metros2, profundidade média 3840 metros com a zona mais profunda de 7258 metros. (O Oceano Árctico é considerado como uma extensão do Atlântico). Limites arbitrários separam-nos no Hemisfério Sul. Uma das fronteiras parte do Cabo da Boa Esperança, a sul, até à Antárctica, enquanto outra também para sul a partir do Cabo Horn e, a última, passa pela Malásia e Indonésia à Austrália e, dali, para a Antárctica. Há quem faça várias subdivisões a fim de distinguir os limites marítimos e dos golfos a partir da história, política e até do significado ecológico. Porém, tanto as propriedades aquáticas como as correntes oceânicas e populações biológicas não permitem o reconhecimento destas fronteiras. Aliás, isso acontece com muitos investigadores. Aponte-se ainda que a zona oceânica à volta da Antárctica é considerada por alguns como o Oceano do Sul.


Fontes: Agradecimento a: The Ocean – Our Future (Editora Cambridge University Press – 1998), Comissão presidida pelo Dr. Mário Soares, Enciclopédia Britânica e Science Desk Reference (Editora MACMILLAN USA, Edição de 1995), série televisiva da BBC, Oceans (exibida no Reino Unido entre Novembro e Dezembro).