terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sexo ilegal arrasta clero e política

Depois, ou a par da crise financeira, com a remoção da Grã-Bretanha do topo da tabela das anotações de crédito, o país é de novo assolado por abusos sexuais alegadamente atribuídos a personalidades nacionais de vulto e alegadamente cometidos há cerca de 30 anos. Se uma delas, o arcebispo católico da Escócia, Keith O’Brien, foi forçado a demitir-se quando se preparava para tomar parte na Conclave para a eleição do novo Pontífice, a outra é o alto dirigente Liberal-Democrata, Lorde Rennard, este acusado de ter abusado sexualmente cinco militantes ou colaboradoras do seu partido. Caso agora nas mãos da polícia. Este, que é partido da coligação, embora não afete o governo, agrava problemas já conhecidos, estes relacionados com outro ex alto dirigente partidário, e ex- membro do governo, Chris Hue. Esta alta e até há pouco prestigiada figura política viu-se obrigada a demitir-se face à grave acusação da ex- mulher, que, para evitar o escândalo de uma infração de trânsito por ele cometida há cerca de 10 anos, obrigou a então mulher a admitir a pena e, assim, mentir, caso que está em tribunal. Esta, agora divorciada, denunciou-o, provocando enorme escândalo e a inevitável demissão. E, se os liberais-democratas, que nas próximas eleições gerais de 2014 se apresentam ao eleitorado como partido independente, são vítimas de enorme impopularidade, com a realização das eleições parciais, na quinta-feira 28 de fevereiro, resultantes da demissão de Chris Hue, no circulo eleitoral que eficientemente detinha, Eastleigh (nas proximidades Southampton, sul da Inglaterra), o novo escândalo Rennard surge no momento mais crítico. A questão atinge novas e inesperadas proporções quando se põe em causa a liderança do vice-primeiro-ministro, Nick Clegg e se tinha ou não conhecimento do caso Rennard. E se tinha, como pelos menos uma das vítimas alega, qual a razão de nada ter sido feito. Clegg diz estar de consciência tranquila. A sua posição, porém, segundo atentos comentadores, não é tão segura quanto ao que ele afirma. Portanto, se a BBC tem sido alvo do famigerado “Caso Savile”, agora admitido como um dos maiores prevaricadores nacionais sexuais de menores de sempre, estes novos casos, um clérigo e outro político, arrastam um dos, talvez, maiores males da sociedade britânica.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Orgulho ferido

Ainda há quem duvide que embora crítico de si próprio, o povo britânico é orgulhoso. Os resíduos de ter sido um dos maiores impérios do mundo, aliados aos do país fundador da I Revolução Industrial, sacrificados na II Grande Guerra, embora atualmente não tão propalados encontram-se ainda em expressões como “we the British” (nós os britânicos) e, em termos geográficos, “the Europeans”. Esquecem-se, afinal, que ocupando, igualmente, esse espaço geográfico, preferem usá-lo como expressão de desdém e, no passado, de evidente barbarismo. Vem isto a propósito do facto de uma das principais agências de anotação, a Moody’s, ter baixado de AAA, a categoria máxima, para AA1, ou seja um ponto inferior da sempre invejável tabela económico-financeira, o que acontece pela primeira vez depois da década de 1940. A decisão era inevitável quando a economia, negativa em termos de crescimento, o que se arrasta desde a crise bancária de 2008, tem sido agravada com a galopante dívida externa, não obstante os saudáveis indícios de recuperação das taxas de desemprego. O orgulho britânico, e particularmente de um partido – Conservador – que se orgulhava de ser o campeão na condução da economia, foi profundamente fendido. Além do efeito – e choque -psicológico as consequências são inevitáveis não apenas no agravamento dos juros dos necessários novos empréstimos, como prováveis consequências na posição da libra esterlina. Predomina a dúvida se, mantendo-se as contenções globais atuais, especialmente no espaço europeu e estado unidense, os maiores da atuação económica britânica, os Conservadores ganharão o desejado fôlego para garantirem e desejada vitória nas eleições de 2015 que a todos os títulos querem ganhar sem depender em coligações. Outra incógnita é se os 10 pontos de vantagem que os separam da maior oposição – Labour – irão ser mantidos até lá e se o eleitorado voltar a confiar nos trabalhistas. Afinal, como dizia o ex-presidente americano, Bill Clinton, tudo se resume naquela que ele chamou: “Economia, seu estúpido!”

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ESSE “FIEL AMIGO”, GADUS MORHUA - AMIZADE MÚTUA?

A recente decisão da instituição britânica de conservação piscatória, Marine Conservation Society, da retirada da ementa, ou consumo vigiado, de piscícolas em perigo, como a Sarda (peixe rico em oleaginosas, nomeadamente Omega3) da família Escombrídea, à qual o atum também pertence, devido aos excessos piscatórios, principalmente na Islândia e nas Ilhas Faraó, que colocou aquela bela espécie em perigo, prontificou-me relacioná-lo com o bacalhau, tão considerado por nós Portugueses como “FIEL AMIGO”. Antes, porém, esqueçamo-nos dos tão falados e temidos polifosfatos! Em termos de reciprocidade, seremos amigos dele? Pergunta que faço a todos nós, como questão refletiva. Não o dispensando das nossas mesas, nas mais variadas formas culinárias, em que nós Portugueses, assim como outros povos latinos e descendentes latino-americanos, particularmente nos excedemos, certamente que não o fazemos por mera amizade. Será que jamais pensámos nisso quando o saboreamos? A certa resposta é um rotundo NÃO! O bacalhau, especialmente o do Atlântico Noroeste (Terra-Nova e Labrador), erroneamente chamado da Noruega, cujo nome se deve à exploração piscatória desse país e, talvez, ao facto de terem sido os vikings os primeiros a explorá-lo, e por nós mais consumido em seco e por tratamento salínico, é cientificamente conhecido por Gadus morhua. Contrariamente ao semelhante prato britânico, mas frito, acompanhado das indispensáveis e igualmente batatas fritas, ali conhecido pelo nome Cod, mas fresco, abunda e é apanhado em menor profundidade nas menos frias águas do Mar do Norte. De salientar que embora nos seja atribuída a pesca do bacalhau no século XV, o nosso conhecimento e consumo deve-se aos nossos amigos ingleses que no-lo introduziram, a troco do vinho do Porto! Como aponta o Capitão Marryat, na obra Peter Simple, "a razão dos Portugueses e os Ingleses serem bons amigos, deve-se ao facto de que nós não conseguimos vinho do Porto em mais lado nenhum", essa amizade, deve-se à iniciativa dos comerciantes que traziam bacalhau da Terra-Nova e que, em troca, recebiam vinho do Porto. Segundo esta versão, a origem do fiel amigo, deve-se não a nós portugueses, mas aos ingleses e, em particular, à firma pioneira, que mais se distinguiu nesse comércio, Hunt, Roope & Company, em 1654 e que, para isso, contava com instalações em Viana do Castelo e em Vila Nova de Gaia. Deixemos, porém este contexto histórico, para nos concentrarmos no essencial – a NOSSA amizade com tão” FIEL AMIGO”. Ao devorá-lo, fazemo-lo por amizade ou por mero glutonismo, irrespetivamente da sua extinção como espécie? Certamente que nunca pensámos nisso! Daí, este meu alerta da inexistente amizade mútua! Embora, como espécie, segundo a Comissão Canadiana da Vida Animal Selvagem em Perigo (COSEWIC), a tivesse considerado, em 1998, como “vulnerável”, e, mais tarde, atribuída a categoria de “preocupação especial”, a World Wide Fund (WWF) seguiu-se-lhe, em 2000, colocando o bacalhau na lista de espécies em perigo. A Greenpeace Internacional, em 2010, colocou-o, à semelhança agora da sarda, na “lista vermelha” de piscícolas de consumo. Face a estes solenes avisos, não restam duvidas que o nosso “fiel amigo” CORRE SÉRIOS RISCOS de continuar a ser o favorito da nossa culinária! Principalmente devido aos novos e potentes arrastões, que apanhando o bacalhau a águas cada vez mais profundas, especialmente nas zonas de desova, não permite os desejáveis níveis de recuperação e gestão, problema que se agrava desde 2007, quando as quotas do bacalhau das nossas mesas oscilam entre as 23.000 toneladas/ano, ou seja cerca de metade dos stocks disponíveis! Esta situação prontifica-me outro, certamente novo caso de extinção para o/a estimado/a leitor(a), o do chamado Pombo Passageiro. Quando esta mui admirada ave, verdadeiro espetáculo do século XIX, cujas camadas constituíam assunto de admiração, principalmente na zona médio-oriental dos Estados Unidos da América. Dos múltiplos mil milhões destas aves, inicialmente cobiça da Tribo índia Séneca, que das suas caças, de sete em sete anos fazia festivais, com a sua industrialização e comercialização, principalmente graças ao desenvolvimento do transporte ferroviário, entre os estados de Milwaukee/Chicago/Filadélfia ao do rico consumidor novaiorquino cuja afluente população saboreava a carne de tão belas aves. Para corresponder à sua glutonice e em que apenas mil milhões de aves eram mortas num só ano, no Estado de Michigan, facilmente extinta dela só resta a embalsamada Marta, falecida em cativeiro, em 1914, aos 29 anos de idade, no Jardim Zoológico de Cincinatti,. Nas mesmas circunstâncias, qual o lugar de uma possível espécie extinta do nosso “fiel amigo” Gadus morhua? Aquário de Lisboa? É a vez de reciprocarmos a amizade deste nosso “Fiel Amigo”, evitando desregrada e impensavelmente devorá-lo!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O último Plantagenet

Resolvido o mistério da identidade do crâneo do Rei Ricardo III, o último soberano da dinastia Plantagenet (reis de origem normanda), encontrado no ano passado em escavações num parque automóvel da cidade de Leicester (centro da Inglaterra), graças a essa extraordinária ciência da AND (dióxicoribonucléico), outras dúvidas se levantam. Embora os seus restos mortais venham a conhecer melhor sepultura na Catedral da mesma cidade, em vez do populucho parque de estacionamento em que, possivelmente milhões de quatro rodas desprezaram tão nobre figura, como rei católico, em que as devidas exéquias, negadas na sua triste morte, vão finalmente ser-lhe dadas, a questão é saber se outra soberana, esta protestante, estará presente ou se será substituída por outro nobre, este católico, o Duque de Gloucester, aliás título antes assumido por Ricardo. Ricardo III, destemido guerreiro presente em quatro batalhas, sucumbiu tragicamente na Batalha de Botsworth, em 1485, uma das chamadas Guerras da Rosas (disputa civil entre pretendentes de Iorque- rosa vermelha - e monarcas da dinastia de Lancaster (rosa branca). Tal como a até agora misteriosa caveira demonstrou, assim como outros restos mortais, em minuciosos estudos que levaram um ano e efetuados por arqueologistas e outros cientistas da Universidadede Leicester, o soberano, devidamente retratado por Shakespeare como o rei corcunda, não apenas demonstrou que encontrou horrível morte com fortes estiradas de lanças, como a contorcida espinha provou a doença de que o soberano sofrera desde os 10 anos de idade, escoliose. Este, portanto mais outro revelado mistério. A identidade de Ricardo III, segundo um dos cientistas envolvidos, Turi King, foi possível graças ao método Mitocondrial AND, ou seja material genético da linha geneológica materna, entre o esqueleto e o canadiano, Michael Ibsen, descendente da irmã de Ricardo, Ana de Iorque, assim como outro anónimo. Porém, dada a expetativa, mas mais importante, o crédito académico da equipa envolvida, outros minuciosos estudos foram necessários a fim de confirmarem as horríveis contusões presentes na caveira de Ricardo III. Os restos mortais do infeliz soberano, que foram encontrados sem caixão provam a teoria de que os vencedores, não apenas satisfeitos com a morte do soberano, o humilharam ao máximo, despindo-o, e exchangue, selvaticamente o mutilaram. Conhecido como competente soberano, a imagem de Ricardo III seria manchada pela suspeita de ter morto o seu predecessor, Eduardo V, assim como o irmão deste.