sábado, 23 de fevereiro de 2013

Orgulho ferido

Ainda há quem duvide que embora crítico de si próprio, o povo britânico é orgulhoso. Os resíduos de ter sido um dos maiores impérios do mundo, aliados aos do país fundador da I Revolução Industrial, sacrificados na II Grande Guerra, embora atualmente não tão propalados encontram-se ainda em expressões como “we the British” (nós os britânicos) e, em termos geográficos, “the Europeans”. Esquecem-se, afinal, que ocupando, igualmente, esse espaço geográfico, preferem usá-lo como expressão de desdém e, no passado, de evidente barbarismo. Vem isto a propósito do facto de uma das principais agências de anotação, a Moody’s, ter baixado de AAA, a categoria máxima, para AA1, ou seja um ponto inferior da sempre invejável tabela económico-financeira, o que acontece pela primeira vez depois da década de 1940. A decisão era inevitável quando a economia, negativa em termos de crescimento, o que se arrasta desde a crise bancária de 2008, tem sido agravada com a galopante dívida externa, não obstante os saudáveis indícios de recuperação das taxas de desemprego. O orgulho britânico, e particularmente de um partido – Conservador – que se orgulhava de ser o campeão na condução da economia, foi profundamente fendido. Além do efeito – e choque -psicológico as consequências são inevitáveis não apenas no agravamento dos juros dos necessários novos empréstimos, como prováveis consequências na posição da libra esterlina. Predomina a dúvida se, mantendo-se as contenções globais atuais, especialmente no espaço europeu e estado unidense, os maiores da atuação económica britânica, os Conservadores ganharão o desejado fôlego para garantirem e desejada vitória nas eleições de 2015 que a todos os títulos querem ganhar sem depender em coligações. Outra incógnita é se os 10 pontos de vantagem que os separam da maior oposição – Labour – irão ser mantidos até lá e se o eleitorado voltar a confiar nos trabalhistas. Afinal, como dizia o ex-presidente americano, Bill Clinton, tudo se resume naquela que ele chamou: “Economia, seu estúpido!”

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