sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Sangrenta História Britânica

A SANGRENTA HISTÓRIA BRITÂNICA

Notável pela tolerância e combate ao despotismo e regimes ditatoriais, bem como a abolição da Escravatura, em que, ironicamente, tanto se notabilizou pela proliferação e expansão, a Grã-Bretanha é detentora de enorme historial violento e sanguinolento. Tanto a nível interno, como, e mui particularmente, externo na sua expansão e consolidação imperial. A nível interno, regimes como o Tudor, nomeadamente Henrique VIII (1491-1547), mais conhecido pela morte de duas das seis esposas (Anne Boleyn e Catherine Howard) e da instauração da Igreja Anglicana, mandando para a fogueira centenas de católicos, juntamente ao saque, morte e destruição do património católico, seguido pela sua sucessora-filha, Isabel I. Durante o reinado de ambos, foi notória a crueldade contra os seus opositores, particularmente aqueles, muitos deles inocentes, vítimas de meras acusações inventadas pelos seus inimigos na luta pelo poder e prestígio pessoal.

A religião, neste caso o combate ao Catolicismo, foi tema de contínuas e indiscriminadas perseguições. Até a instauração do maior e mais intrincado sistema secreto da procura e denúncia de católicos, considerados inimigos fidagais do Reino, particularmente por ser religião tanto das inimigas França, Espanha como Escócia, instaurado e chefiado pelo então “chanceler” do tesouro, “Sir” Francis Walsingham, em que teve como principal participante o poeta-espião Christopher Marlowe, nos prestigiosos centros de ensino, como Oxford e Cambridge, em 1580, e em que neste último, daria lugar ao recrutamente de espiões no então incipiente, "Círculo dos 12 Apóstolos" mas, mais tarde, particularmente antes, durante e depois da II Grande Guerra, foi notável alfobre de espiões comunistas, como Kim Philby, Donald McLean, Guy Burgess, todos na década de 50, e Anthony Blunt, primo de Isabel II, denunciado em 1979.

Quem se interessaria e viria a notabilizar este sórdido período seria o pintor francês, Hipólito, mas mais conhecido por Paul Delaroche (1797-1856), com pinturas magistrais, nomeadamente a clássica e imponente obra, Execução de Lady Jane Grey (1833), foco de uma importante e recente exposição na Galeria Nacional, em Londres. Aliás, a este artista, devem-se, igualmente, outros magníficos trabalhos sobre eventos sangrentos, também expostos na citada mostra, como a prisão e morte dos Dois Príncipes, na Torres de Londres. Filhos de Eduardo IV, que para ali foram mandados logo depois da morte do pai, em 1483, por imposição do tio, Ricardo, Duque de Gloucester, que quando o sobrinho Eduardo, estava prestes a ser coroado, usurpou-lhe o Trono, ficando o que seria rei, juntamente ao irmão mais novo, encerrados num exíguo calabouço, para nunca serem mais vistos. Muito se tem escrito sobre estes desventurados jovens, especialmente para provar ou ilibar Ricardo de culpa. Para adensar ainda mais o mistério, os restos mortais dos dois desditosos jovens, embora encontrados em 1674 e oficialmente trasladados para a Abadia de Westminster, nunca foram positivamente identificados. Outra importante cena pelo pintor retratatada foi tanto o tratamento desordeiro por soldados de Cromwell, ao Rei Carlos I, como a execução por parte daquele, cujo corpo é por ele observado num modesto caixão. A execução da jovem Jane Grey (1537-1554), porém, foi a todos os títulos um dos mais chocantes episódios da História Inglesa, aliás semelhante à de outra jovem-raínha, Catherine Howard (1542), que foi mandada executar por Henrique VIII a pretexto de que teria cometido adultério. A jovem, de apenas 18 anos de idade, suplicou ao marido para não a matar, pois as acusações de adultério, atribuídas ao Cardeal de Cantuária, Thomas Cramer, não tinham fundamento, mas o rei decidiu não acatar. Embora música exímia, dificilmente sabia escrever o nome.Isso não impediu que fosse acusada de escrever cartas de amor a um apaixonado, que facilmente foi identificado como amante. No caso de Jane Grey, com apenas 17 anos de idade e raínha da Inglaterra apenas por sete dias, foi vítima da vingativa prima católica, raínha Mary da Escócia que temia que viesse a ser igualmente raínha da Escócia. Esta, porém, viria, mais tarde. a conhecer semelhante fado nas mãos da prima, a Raínha Isabel I. Outras chacinas, estas de carácter imperial, foram, primeiro as guerras de Mysore, na Índia, entre 1767 e 1779, a Guerra dos Zulus, no actual estado de Natal, África do Sul, em 1879, e a Guerra dos Boers, na mesma então colónia contra os afrikanders, entre 1899 e 1902.

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