domingo, 19 de dezembro de 2010

PARALIZADORES E INVULGARES NEVÕES

Os nevões que intensamente assolaram e continuam a fustigar a Grã-Bretanha (e como sabemos, igualmente se fizeram sentir no nosso país, principalmente no Norte!), os maiores dos últimos 50 anos, principalmente na Escócia, País de Gales, norte, centro e sudeste da Inglaterra, incluindo, o que é anormal, Londres. Só no sábado 18 deste mês, a capital britânica foi flagelada por imenso nevão, jamais observado nos meus 54 anos de vivência neste país, paralizando a cidade! Com início no final de Novembro e princípios de Dezembro, quando são mais previsíveis em Janeiro, a vaga de nevões prontifica várias e pertinentes questões. O frio, porém, com temperaturas abaixo de zero, prevaleceram também no sul da Inglaterra. Para matutinos como o Daily Telegraph, em parangonas de primeira página, perguntava-se: “Como é que a Grã-Bretanha resvalou outra vez para o cáos?”. Por outro lado, o colega Daily Express, exclamava “O maior frio dos últimos 100 anos!” As maiores queixas, porém surgiram de indivíduos, como um que trabalhou na Rússia durante sete anos: “Ali nunca tive problemas! Andava de comboio todos os dias para o emprego e nunca faltei. Por que não aqui?” Outros, compreensivelmente, indagaram: “Tivemos muita gente presa nas autoestradas durante horas a fio. Como é possível no século XXI?”




Com temperaturas de 23,5º negativos, especialmente na Escócia e, no vizinho condado de Northumberland, onde a neve atingiu 60cms de altura, embora dificilmente três das principais auto-estradas, M1 (de Londres à Escócia), M5 – centro e sudoeste - se mantivessem razoavelmente abertas, mas com longas filas de veículos e com os principais clubes automóvel, RAC e AA a afirmar que tiveram 2000 chamadas de socorro por hora!, movimentadíssimos aeroportos como o de Edimburgo (Escócia) e Gatwick, bem como parcialmente o de Heathrow, estes últimos a servir Londres, estiveram pelo menos quatros dias paralizados. E outros aeroportos da província também fehados. Muitos comboios deixaram de circular, incluindo o Eurostar que reduziu para metade o número de unidades e, no sudeste da Inglaterra, no condado de Kent, um expresso apanhado por um nevão obrigou os 200 passageiros a acocorarem-se nos seus lugares durante uma frígida noite. Mas não é a neve per se, que constituíu o maior problema. O pior foi a neve gelada e o gelo que se avolumavam nas rodovias que mais prejudicou a circulação! Como consequência, mais de 6500 escolas foram encerradas durante vários dias, num custo económico de prejuizos globais diários de 1,5 biliões de euros fora os enormes prejuízos na reparação do tecido rodoviário, mas acima de tudo os inconvenientes causados ao isolamento das populações, bem como o elevado número de motoristas que foram forçados a abandonar os veículos, como foi particularmente o caso de centenas na Escócia o que obrigou os imobilizados motoristas e passageiros a passar a noite nos seus automóveis ou camiões devido à altura e espessura da neve, tudo isto obriga ao exame profundo de um pais altamente impreparado, em relação aos países nórdicos, não obstante as lições não aprendidas dos nevões, embora menores, do ano passado! Não surpreende que uma situação destas esteja a desafiar o país inteiro na procura de uma solução adequada, quando os eficientes e sofisticados serviços meteorológicos nacionais já tinham feito sérios e antecipados alertas. Esta invulgar vaga de frio e neve, aliada às cada vez mais habituais, mas proporcionalmente incomuns cheias, em vários pontos do país, que ocorreram nos anos transactos, não só demonstram extraordinárias, mas frequentes e cada vez mais imprevisíveis variações climáticas, como, mas particularmente a fragilidade dos seres humanos e a sua impreparação a todas elas. Embora a maioria das residências, nomeadamente urbanas, disponham de aquecimento central, o maior problema continua a ser o da circulação rodoviária e ferroviária levando o país praticamente a paralizar. Por isso, câmaras das principais zonas urbanas das regiões mais afectadas, embora este ano se tenham precavido com maiores quantidades de sal, um dos importantes dissuasores contra a neve, e a única lição preventiva apreendida, o problema persiste, bem como as acusações, particularmente quando os camiões distribuidores foram insuficientes! A clássica aspiração do povo britânico de um Natal com neve, é este ano uma realidade, embora prejudique o Pai Natal na distribuição dos presentes, pois pelo menos prmanece em dúvida a entrega de quatro milhões de prendas devido ao mau tempo, especialmente na Escócia e no norte do país devido a intransitabilidade ds vias de comunicação. De salientar que o Reino Unido, geograficamente no mesmo paralelo de Moscovo, não sofre as habituais intempéries da capital russa. Desta vez, porém, não acontece! A razão deve-se ao facto do importante e benéfico Golfo do México, que atravessando o norte da Europa, termina nas proximidades da Escócia. Graças às suas correntes quentes permite um clima temperado, embora mais chuvoso que noutros pontos do Globo.

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