sexta-feira, 21 de junho de 2013

AS INEXPLICÁVEIS MARAVILHAS DA NATUREZA

A razão das migrações dos animais e insetos, misteriosa como é, especialmente o idêntico percurso feito de geração para geração geralmente ao local de nascimento, continua a desafiar a imaginação humana. São múltiplos os exemplos de migrações quer de peixes, sendo a mais notável a do salmão (Salmo, Oncorhynchus) para a desova, mas especialmente das aves, em que se destacam os patos e gansos selvagens ou a nossa mui conhecida andorinha (Hirundo rustica) que percorrem milhares de quilómetros. E dentre os animais quadrúpedes, os mais notáveis são os wildebeests (Connochaetes taurinus) que chegam a percorrer cerca de 1.600 km, para, no vasto Parque Nacional de Serengeti (Tanzânia), serem vítimas dos ferozes crocodilos que os aguardam. Porém, uma das maravilhosas migrações é a das Borboletas Monarch (Danaus plexippus), cujos maravilhosos e coloridos insetos chegam a percorrer distâncias de 3.200 km e normalmente 130 km por dia. As migrações mais notáveis das Monarch, geralmente duas da mesma espécie, qualquer delas com inicio nas Montanhas Rocky (Canadá e Estados Unidos da América). Embora a primeira migração, efetuada do lado ocidental desta cordilheira, onde efetuam a gestação no inverno, voam, no verão, normalmente a baixa altitude, para a Califórnia (sul dos EUA), onde permanecem durante toda a temporada. Porém, a emigração mais longa, esta com início na zona ocidental da cordilheira e de outras zonas do vasto país, as chusmas destes belos insetos deslocam-se, no outono, normalmente durante 75 dias, e a alta altitude, para sul, em direção à zona vulcânica do México central, a 3.600 km de distância, voando cerca de 50 km por dia, onde permanecem durante o inverno. Durante o trajeto, bem orientado, mas sem mapas ou orientação por satélite, páram e concentram-se em várias regiões dos EUA, cujos habitantes as aguardam com coloridas receções. Audaciosa jornada, uma vez que durante o percurso têm de poisar quer em terrenos ou arvoredo geralmente afetado por perniciosos herbicidas ou em culturas genéticas, onde podem perecer. Porém, as bem sucedidas, chegam, finalmente, ao México, mais precisamente às florestas onde se erguem e abundam as atrativas e altíssimas árvores, “oyamel”, idênticas aos nossos pinheiros, do Estado de Michoacán, situadas a cerca de 3.000 metros de altitude. É no adocicado, e daí o seu nome, tronco destas árvores, e num perímetro de centenas de metros quadrados, que as coloridas monarch, monarcas para os mexicanos, ou, neste caso para nós, monárquicas, procuram e disputam refúgio. Antes, porém, e ao chegarem, principalmente à aldeia de Moihacán, a primeira e estranha etapa é ao cemitério local. Compreende-se porque os seus habitantes ansiosamente as aguardam com coloridos festivais que chegam a durar dois meses, recebendo-as em festa e ao som de bandas locais uma vez que as tratam como o espírito dos seus antepassados! Para eles, as monarcas não são belos e coloridos insetos, mas o espírito mensageiro, a alma, dos seus antepassados. Porém, este temporário habitat pode estar ameaçado. Primeiro devido à ganância dos ricos comerciantes de madeira que abatem vasto número das preciosas “oyamel”. Segundo, às agravadas condições climáticas resultantes do chamado efeito de estufa e, terceiro, aos já mencionados pesticidas e culturas genéticas, principalmente dos EUA, durante o percurso, de ida e volta, assunto que mereceu detalhado estudo e relatório por parte do Fundo Internacional e Mundial da Natureza (WWF), em 2000. Finda a permanência, as monárquicas abandonam o local, regressando, as que podem, à sua origem. Sem mapas, sem orientação baseada nas novas tecnologias, fazem a viagem de retorno neste que continua a ser um dos mais maravilhosos e indecifráveis mistérios da natureza. Fontes e agradecimentos: Understanding Environmental Issues (Compreensão de Assuntos do Meio Ambiente), Open University/Willey, Chichester, Inglaterra

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