quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

David Cameron e a União Europeia

Finalmente, a tão especulada e ansiada proclamação do primeiro-ministro britânico foi revelada na passada quarta-feira 23. Nada de novo em relação às especulações e, até, bem preparadas fugas de informação. O chefe da coligação no Poder, tal como se previa, revelou duas premissas da sua política: Continuar como membro de uma União, dependendo de reformas …que o satisfaçam, ou, como ele insiste, “os interesses nacionais”, baseadas na devolução de poderes de Bruxelas para Westminster, nomeadamente em termos de justiça, agricultur, finanças e assuntos laborais, continuando apenas como membro do Mercado Único. Caso contrário, e aqui o ultimato, a realização de um referendo até 2017, sobre o tão autoproclamado direito do eleitorado britânico, favorito chavão da sua cada vez mais vociferante ala eurocética. Esclareça-se, porém, que dada a clara oposição do seu parceiro do Governo, os Liberais-Democratas, em relação â intenção exarada nesta sua proclamação, trata-se, apenas de uma posição e intenção do Partido Conservador, como ele próprio fez questão de apontar, CASO O SEU PARTIDO GANHE AS ELEIÇÕES DE 2015! Ou seja, maioritariamente e sem necessidade de recorrer a coligações! Fazendo questão de, no seu discurso, apontar os sacrifícios, contributo do seu país, antigos dirigentes e parceiros europeus a favor de uma Europa livre e em paz; vencido o Nazismo, obtida a paz entre velhos inimigos e construída uma Europa pacífica. Concretizada esta missão, salientou Cameron, a próxima etapa é a prosperidade. Mas a que preço? . Embora apontando que os desafios da União vêm de fora e não de dentro, particularmente das “emergentes economias do leste e do sul” Por isso, “para nós, a União Europeia é o meio para um fim – prosperidade, estabilidade, ancora de liberdade e democracia, tanto dentro como para além das suas fronteiras – e não apenas um fim.” Para Cameron, enquanto outros países não têm problemas” e, principalmente, “o hiato, recentemente cada vez maior, entre a EU e os seus cidadãos (…) o que significa falta de responsabilidade e consentimento democráticos”. Sustenta David Cameron que caso estes três pilares do desafio não forem devidamente enfrentados, correr-se-á o risco de uma falhada Europa e a possibilidade do povo britânico se dirigir para a saída. Este, portanto, o DILEMA! Para o recém-reeleito Presidente Barack Obama, invulgarmente meticuloso na não interferência em assuntos internos de países amigos, esta posição de Cameron quanto a uma eventual saída da EU, não passa de um enorme risco. Risco não apenas para o futuro do Reino Unido (RU), mas pior, para as relações britânico-americanas em que o seu país se considera reforçado com o RU como e Não, membro da EU. Esta, igualmente, a posição tanto dos parceiros sociais e comerciais britânicos como de várias individualidades de gabarito da vida britânica que, publicamente, em carta aberta, publicaram no matutino The Guardian, na quarta-feira da semana passada. Começando por apontar que quando no seio da EU estão a ser feitos esforços especiais de reforma, “a sugestão de uma retirada do Reino Unido não é apenas irrealista, como provocará a instabilidade e a incerteza no mundo dos negócios, no investimento e no povo britânico em geral”. Isso significa, continuam os peticionários, que tanto os “investidores globais, como os nossos parceiros membros da EU, querem ver a Grã-Bretanha envolvida no núcleo do maior mercado comum mundial, sentada à mesa a influenciar as decisões que determinem o futuro e o bem-estar da economia europeia, da qual o RU é parte [integrante]”. Perante este, um dos maiores desafios jamais enfrentados pelo primeiro-ministro britânico, os comentadores políticos salientam que, clara e concretamente, Cameron não apenas finalmente se verga à vociferante, cética e potente ala antieuropeia do seu partido, mas fá-lo, também, devido à crescente perda de votos contra o seu ascendente adversário da direita, o Partido Independente do Reino Unido (UKIP), que advoga – e insiste -.na retirada do RU da EU.

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