quinta-feira, 9 de maio de 2013

O MISTICISMO DOS VULCÕES

Para os Romanos, Vulcão, o deus do fogo, assistido pelo seu sacerdote Flamen, atraía os fieis no seu dia áureo do Festival Volcanalia, efetuado a 23 da agosto, em que o brindavam com pequenos peixes a fim de serem protegidos pelas devassadoras chamas. Para os Indonésios, em cujas 13,677 ilhas (6,000 das quais desabitadas), numa superfície de 1,904,570km2, situadas numa das mais violentas zonas tetónicas, semeadas por 129 poderosos vulcões, dos quais Krakatoa ou Krakatau em bahasa (língua oficial indonésia), a leste de Java, é o mais potente e destruidor, e cuja explosão de agosto de 1883 destruíu 2/3 da ilha, matando aproximadamente 40 mil pessoas, a magia dos vulcões domina-os. Só nesta ilha, a segunda maior do país, com 120 milhões de habitantes, predominam mais de 30 vulcões ativos, a quem se deve a morte de mais de 140 mil pessoas, nos últimos 500 anos! O país, cujo mote é Bhinneka tunggal ika - unidade na adversidade – traduzido por 300 etnias com mais de 700 idiomas e dialetos, dominado por seis grandes religiões oficialmente reconhecidas pelo governo, e da qual a mais preponderate é o islamismo, seguida do catolicismo, protestantismo, induísmo budismo e confucionismo, não obstante a sua religiosidade, é profundamente dominado pelo animismo. Só assim se explica, não obstante o seu devastador e mortífero historial, a magia dos vulcões, em que o do Monte Merapi, (que significa Montanha de Fogo), na zona centro-oriental de Java, a 30km norte da cidade de Yogiakarta, de meio milhão de habitantes, é o mais notável. Mas não único! O misticismo dos vulcões por parte da população indonésia, incluindo a própria classe política é tal que os dirigentes islâmicos, preocupados pelos seus efeitos, lutam estoicamente contra semelhante tendência! A estas devoradoras bocas em chamas afluem, anualmente, milhões de súbditos que as alimentam principalmente de cabritos, dinheiro e aves de toda a sorte. Ao vulcão do Monte Merapi, que igualmente conta com o chamado “Guardador” ou, digamos Sacerdote, de nome Mbah Marijan, realizam-se procissões por ele guiadas, cujos participantes, cheios de oferendas procuram aplacar. Ironicamente mais: a dádiva de uma vida melhor! O charme de Merapi, que na sua erupção de 1930 matou 1200 pessoas, é tal, que nas suas frondosas escarpas de 3000 metros de altura abundam, aninham-se aldeias cujos habitantes procuram a sua proteção! O maior cúmulo, a outro vulcão, este situado perto do Lago Toba, a norte da Ilha Sumatra, junto do qual está instalado um heliporto para os helicópteros dos ricos visitantes, um candidato à vice-presidência foi suplicar aos espíritos de tão poderoso vulcão que o ajudasse a ganhar as eleições. Porém, a potente boca de fogo não o ouviu, pois não as ganhou. Outras importantes figuras políticas recorrem ao beneplácito do guardador de Merapi, Mbah Marijan! Quem, porém, por alegado misticismo, uma vez que afirma que os vulcões “são cadeiras dos deuses” é o empresário Satria Naradha, tipo Berlusconi, pois possui a principal emissora de televisão e o principal diário de Bali, que se aproveita do desenvolvimento do turismo e afluência aos vulcões com a construção de uma vasta rede de templos hidus através da Indonésia! Desde há muito que os vulcões, muito relacionados com as placas tetónicas, são parte importante da mitologia de muitos povos, habituados a viver junto das devoradoras crateras. A ciência que estuda estes fenómenos, a vulcanologia, porém, só em 1768 começou a estudar o que até então era vulgarmente classificado como “montanhas a arder”. Porém o registo gráfico da primeira erupção vulcânica está patente num mural neolítico, de 7000 AC, nas caves de Çatal Hoyuk, Anatólia, Turquia. Atualmente os geologistas concordam que o vulcanismo é um processo profundo resultante da evolução termal dos corpos planetários. O calor não escapa facilmente de vastos corpos como a Terra por processos condutores de radiação. Em seu lugar é transferido do interior da Terra, largamente por convecção, ou seja a fusão da crosta e da mantra terrestres numa força ascensional da magma projectando-a à superfìcie. Portanto, os vulcões são o sinal da superfície deste processo termal. Das suas raízes, nas profundezas da Terra, resulta o enorme e poderoso vómito na atmosfera. Fontes: Agradecimentos a: Enciclopaedia Britannica, Wikipedia e National Geographic (edição britânica, janeiro de 2008)

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