sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Depois de Cancún

Cheias em Portalegre, com casas inundadas e deslizamento de terras! (Janeiro 6), no fim do mês, frio intenso no Continente; aluimentos no Funchal, no ano passado, com os consequentes danos de todos conhecidos; aluimentos na Colômbia; no Brasil (Rio de Janeiro e região, particularmente em Nova Friburgo e Teresopólis), causando, mais de 800 mortes, mas antecipa-se que o número final poderá atingir 2,000; enormes cheias no Paquistão, onde afectou 20 milhões de pessoas; intensas tempestades e cheias no Estado de New South Wales (superfície que inclui a Alemanha e França juntas), no nordeste da Austrália, em pleno verão do Hemisfério Sul (fins de Dezembro e princípios de Janeiro), que deixaram 22 cidades alagadas, principalmente Rockhampton, Esmerald, atingindo ainda seriamente a capital do Estado, Brisbane, ambas junto ao litoral, com milhares de pessosas desalojadas, embora, com pelo menos 16 pessoas mortas e 75 desaparecidas e biliões e biliões de euros de prejuízo, pelo que foram classificadas de “proporções bíblicas”, com a catástrofe a continuar, desta vez atingindo o Estado de Victoria, no sudeste, que teme consequências idênticas. E, se tudo isto não bastasse, devastador ciclone assolou o mesmo estado, destruindo inúmeras habitações; invulgares cheias na África do Sul e Moçambique, no Shri Lanka, abrangendo a superfície de 1/3 da ilha, cujas águas atingiram um metro de altura. Idênticas cheias junto ao litoral, em três principais estados do oeste dos Estados Unidos, acompanhados de intensos nevões nos Estados de Maine, Massachusetts, Nova Jérsia, Maryland, Carolina do Norte e Virgínia, todas em alerta máximo devido a temporal, enquanto isso, em Nova Iorque, neves de 50cm de altura e cancelamento de milhares de vôos de aviões, em finais de Dezembro último. E, mais recentemente, inéditas temperaturas de 40º negativos no Estado de Minnesota junto à fronteira com o Canadá. Entretanto, antes, na Rússia e em Israel irromperam gigantescos incêndios e, no Reino Unido, foco de invulgares fortes nevões, com temperaturas de 23º negativos, a paralizar o país inteiro, mas principalmente a Escócia e norte da Inglaterra, não escapando Londres, no sudeste do país, normalmente menos afectada, em que viu o maior nevão dos últimos 50 anos e intensas vagas de frio. Segundo os meteorologistas, no Reino Unido, Dezembro foi o mês mais frio desde 1890! A lista é longa! Desvario da natureza ou consequências das mudanças climáticas, produto do Homem? Muito se tem especulado! O que, porém, é certo, além das vidas humanas ceifadas, são os enormes estragos, muitos deles inquantificáveis. Os últimos e invulgares rigorosos invernos, no Reino Unido, levaram o governo deste país a recorrer aos cientistas, não para justificarem tão insólito acontecimento, mas para estudarem meios, apresentarem projecções que possam servir de prevenção para ocorrências idênticas no futuro. Entretanto, na última cimeira de Cancún, no México, em meados de Dezembro último, poucos passos se deram para combater tamanhos danos, prevalecendo a possibilidade de que o Tratado de Kioto, que expira daqui a um ano, e as tímidas medidas nele adoptadas, se venha a prescrever sem que os governantes do mundo inteiro, particularmente os dos países mais ricos, acordem e tomem as medidas adequadas na redução dos níveis de dióxido de carbono, o principal culpado de toda esta tragédia produzido pelo Homem, quando as previsões da ONU sobre o aumento da população global, actualmente sete biliões, é prevista atingir nove biliões em 2045, com a agravante, graças à ciência médica, de maior longevidade! Na Inglaterra, porém, os cientistas não se cansam de apontar a evidência, cada vez mais concludente, da mudança climática e as suas dramáticas consequências! Um estudo realizado em 2009, na zona dos mares de Barents e Kara, ou seja na Escandinávia e na Rússia, com base no desaparecimento gradual das multi-seculares camadas de gelo do Árctico, servindo-se de projecções computorizadas, meio científico habitual para estudos desta natureza, os cientistas constataram que dentro de 20 ou 30 anos as zonas geladas do Árctico desparecerão por completo durante o Verão. Isto, claro, antes do rigoroso inverno do mesmo ano, mas pior, de 2010! Como consequência, as derretidas águas geladas, ao aumentarem o volume da zona norte do Oceano Atlântico, independentemente das desastrosas consequências, afectarão, igualmente, o clima não só do Reino Unido como do norte da Europa, com a possível erosão do quente Golfo do México factor principal do ameno clima, que atinge o norte da Escócia! Quanto aos gelos eternos do Himalaia, que igualmente estão gradualmente a derreterem e em que entre Agosto de 1921 e Outubro de 2008 perderam 10,5 metros verticais de gelo, com o maior índice de agravamento entre os últimos 50 anos em que não se tem verificado a habitual compensação sasonal de gelo, são já visíveis os seus catastróficos efeitos, como sucedeu nas recentes inundações do Paquistão, afectando, normalmente, as zonas da Baía de Bengala, de que o Bangladesh é vítima normal. Em contrapartida, as populações de países como o Nepal e a das regiões das nascentes dos vários rios, alimentados pelas neves do Himalaia, sofrerão inimagináveis efeitos de secas e, possivelmente, alterações climáticas!

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