quinta-feira, 25 de março de 2010

PEDOFILIA - A NEGRA MANCHA DA IGREJA CATÓLICA

O mais completo, actualizado e inaceitável rol de Pedofilia na Igreja Católico-Romana

A semana passada, foi o início de uma das mais negras fases da História da Igreja Católica, catalogada por teólogos britânicos como “a maior crise depois da Reforma Luterana”. Se a Igreja Católica Irlandesa reacendeu o negro e problemático caso da pedofilia, com clamorosos apelos para a renúncia do Primaz daquele país, Cardeal Dr. Seán Brady, foi apenas a centelha da fogueira que viria a alastar-se em todo o Mundo Católico, atingindo igualmente o Vaticano! E, não obstante uma inédita Carta Pastoral do Sumo Pontífice, especificamente dirigida aos fieis e episcado irlandês, em que manifestava “vergonha, remorso e deshonra”, as vítimas, principalmente, não ficaram satisfeitas. Se algumas insistem num pedido de desculpa pessoal e presencial por parte do Papa, outras, como Andrew Madden diz não estar satisfeito sem que o Papa renuncie ao posto.

No tocante àquele país, o Chefe da Igreja Irlandesa, embora pedindo desculpa por não ter actuado devidamente no passado, resiste, e insiste, só abandonar o seu posto a pedido do Sumo Pontífice. O caso remonta à denúncia e processo judicial que lhe foi instaurado por uma das vítimas de pedofilia aquando o arcebispo, exercia o sacerdócio na dicocese de Kilmore (Sul do país). O então sacerdote é acusado, de envolvimento, em 1975, na ocultação e obrigação a manutenção do segredo das vítimas, um rapaz de 10 anos e uma menina de 14, pela violação do Frade Brendan Smyth, acusado de 74 violações sexuais de menores entre 1958 e 1993, e condenado a sete anos de prisão, onde morreu, aos 70 anos, em 1997. Surge, agora outro caso. Segundo a imprensa irlandesa do dia 18 passado, foi apresentado um novo processo judicial contra o bispo de Londonderry (Irlanda do Norte), Seamous Hegarty, acusado de ter ocultado e obrigado a segredo permanente, uma jovem, vítima de actos pedófilos, durante 10 anos, a partir de 1997, quando tinha apenas 8 anos de idade, por um sacerdote não mencionado, pela qual foi paga em acordo fora do tribunal, no ano 2000.

Os sensacionais Relatórios Ryan e Murphy

Estes novos episódios surgem depois da intensa controvérsia – e revolta – com a publicação de dois relatórios judiciais, no ano passado, o primeiro, Ryan, em Maio, sobre denúncias sexuais a menores, praticados por membros do clero, em escolas católicas do país, resultando em vastas compensações às vìtimas, surgiu outro, este muito pior, o Relatório Murphy, em 26 de Novembro. Este relatório, levado a cabo pela Comissão chefiada pelo Director do mesmo nome, composto por 700 páginas, foi baseado numa amostra de 46 dos 102 padres envolvidos que, segundo o jornal Irish Times, abrangiam 320 queixas, crianças de ambos os sexos, de várias idades, sendo a mais nova de 11 anos. Porém, a pior denúncia, foi feita ao conluio da Polícia Irlandesa, a Gardai, que insistiu ignorar os casos. Este inquérito suscitou do então Ministro da Justiça, Dermot Ahern, a reacção, por ele classificada de “perversão calculada e sistemática do poder e da confiança infligida em crianças indefesas e inocentes”, pelo que os seus perpretores seriam punidos. O processo envolveu o anterior cardeal, Desmond Connell, o bispo de Limerick, o promovido Dr Donald Murray, antigo auxiliar do bispo de Dublin e o arcebispo John Charles McQuaid, bem como Kevin McNamara, ambos já falecidos. Além destes, outros sacerdotes foram, igualmente, apontados, como o falecido James Kavanagh e o aposentado Dermot O'Mahony. Segundo o Jornal de Notícias (Sociedade) de 15 deste mês, citando o arcebispo Rino Fisichela, presidente da Academia Ponífício para a Vida, “o Papa está determinado a tomar novas medidas contra os padres pedófilos...”. E acrescenta a notícia, com base na mesma fonte, “Bento XVI não está, de forma alguma, paralisado ou fechado numa torre de marfim face à avalancha de casos de pedofilia que atinja a Igreja católica”.

A mancha alastra-se e cobre continentes

Se antes deste intolerável episódio o escândalo da mancha pedófila, na Igreja Católica, enegrecera já os Estados Unidos da América (vejam-se mais detalhes abaixo), que, segundo o The Economist (edição de 19/03/10), resultou no pagamento de 3 biliões de dólares de indemnizações às vítimas, é agora, também, a vez do Vaticano, passando por países como a própria Itália (número de casos ainda não concluído, mas, segundo o matutino Corriere della Sera, receia-se elevado). Porém, o semanário britânico, The Observer, de 13 do corrente noticia que segundo um rapaz, então de 15 anos, na década de 60, era forçado a recrutar crianças para serviços sexuais dos frades locais; Alemanha e Áustria (300 casos, mas vejam-se casos específicos abaixo), Países Baixos (350 vítimas) e a Suíça (vide o jornal O Público, de 15 do corrente, em que, segundo o abade Martin Werlen, em declarações ao diário Aargauer Zeitung, do cantão de Aargau,.”cerca de 60 pessoas comunicaram ter sido vítimas de abuso sexual por padres católicos na Suíça”). A estes países europeus, acrescente-se, o Brasil, em que este mês, três padres da cidade de Arapiraca, no estado de Alagoas, foram suspensos de funções por abusarem sexualmente de acólitos; no Canadá, em Outubro do ano passado o bispo Raymond Lahey, de Antigonish, na Nova Escócia, foi formalmente acusado pela posse e importação de pornografia infantil; no México , em Março de 2009, o Papa Bento XVI ordenou uma investigação à Legião de Cristo, fundada por um padre que se descobriu ser pedófilo. Em 2006, o então cardeal Ratzinger disse ao fundador, Marcial Maciel, para se retirar para uma vida de “oração e penitência”. Maciel morreu em 2008; na Austrália, em Julho de 2008, numa visita àquele país, o Papa pediu desculpas pelos crimes de abusos sexuais cometidos por padres, condenando-os e dizendo que deviam ser julgados. Nessa altura, sabia-se de 107 casos de abusos sexuais no seio da Igreja australiana e, no Reino Unido, em Julho de 2000, o cardeal de Westminster (Londres), Cormac Murphy-O'Connor, reconheceu ter cometido um erro, quando ocupava outro cargo, na década de 1980, por ter permitido a um padre pedófilo continuar a trabalhar. O padre foi preso em 1997, por ter abusado de nove rapazes durante cerca de 20 anos. Finalmente, e ainda em relação aos Estados Unidos, em Dezembro de 2002: o Cardeal de Boston, Bernard Law, demitiu-se depois de ser acusado de transferir padres pedófilos para outras paróquias, para encobrir escândalos. Junho de 2002: A Conferência Episcopal daquele país deu instruções às dioceses para que investigassem todos os crimes de abusos: Fevereiro de 2004: Investigadores independentes referiram que 10.667 pessoas acusaram os padres americanos de crimes de abusos sexuais cometidos entre 1950 e 2002. Mais de 17 por cento dos queixosos tinham irmãos alegadamente vítimas de abuso, e outros 47% admitiram ter sido violado várias vezes; Julho de 2007: A arquidiocese de Los Angeles aceitou pagar 660 milhões de dólares às vítimas de abusos sexuais desde os anos 1940, na maior indemnização de sempre deste tipo; Abril de 2008: O Papa Bento XVI encontrou-se, durante uma visita aos Estados Unidos, com as vítimas de abusos cometidos por padres. Como se referiu, a Igreja norte-americana pagou cerca de três biliões de dólares às vítimas desde que o escândalo rebentou em 1992. Entretanto, e para actualizar, é o New York Times, de 24 do corrente, a noticiar a acção do então cardeal Joseph Ratzinger e actual Papa Bento XVI que nada fez contra o sacerdote Lawrence Murphy, falecido em 1998, acusado de abusar de cerca de 200 jovens numa escola de incapacitados auriculares, entre 1950 e 1974. Segundo o mesmo jornal, em 1996, o então cardeal Ratzinger preferiu não responder a uma carta sobre tão importane assunto que lhe fora mandad pelo então arcebispo de Milwaukee, Rembert G. Weakland.

Península Ibérica

E aqui mais perto, Tanto a Espanha como Portugal? Segundo o matutino daquele país, El Mundo, de 16 do corrente, o sacerdote espanhol, José Ángel Arregui, detido no Chile desde 14 de Agosto do ano passado, foi julgado no dia 23 último e condenado a mais dois anos e meio de prisão, por tendência de pornografía infantil ao filmar abusos sexuais que cometeu contra, pelo menos quinze menores, entre 2002 e 2005 em escolas de Madrid. Sustenta o mesmo jornal que segundo a polícia chilena, o sacerdote teria entregue às autoridades “grande quantidade de discos compactos com fotografias dos supostos abusos.” Em relação ao nosso país, segundo a imprensa Portuguesa (nomeadamente Diário de Notícias – Nacional e Jornal de Notícias - Sociedade) de 18 do corrente, em que segundo um estudo feito para uma tese de doutoramento em neuropsicologia clínica, de Pedro Pombo, da Universidade da Beira Interior (UBI), apresentado na Universidade de Salamanca, revela ter a Polícia Judiciária (PJ), indiciado 10 sacerdotes entre 2003 e 2007 por abusos sexuais a menores. Porém, Pedro Pombo não deu pormenores sobre os casos, recolhidos apenas de estatísticas gerais dos arquivos da PJ, nem tão-pouco fazem parte da sua tese. Como resultado, afirmam aqueles matutinos, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em comunicado, garantiu o "reforço da prevenção" e o empenhamento em "colaborar com as autoridades" na denúncia de casos de abusos sexuais por parte dos membros do clero e os bispos irão aproveitar a assembleia plenária de Abril para reflectir sobre este assunto”.

Admissão, mas quantos casos reais?

Oficialmente, segundo o Monsenhor Charles Scicluna, da Congregação para a Doutrina da Fé, em entrevista dada ao jornal da Conferência Episcopal Italiana, Avvenire, embora o número de casos de pedofilia cometidos por sacerdotes ou religiosos, que tenha chegado ao conhecimento do Vaticano, entre 2001 e 2010, pedofilia, segundo ele, considerada autêntica, isto é “atracção sexual por rapazes impúberes” atinja “cerca de 300”, revelou, no entanto, que durante o mesmo período registaram-se “cerca de 3000 acusações” por crimes cometidos durante os últimos 50 anos. O facto do escândalo atingir agora o Vaticano, refere-se ao tempo em que o Sumo Pontífice era Arcebispo de Munique. Num dos casos, em 2001, segundo o já citado The Economist, é-lhe atribuída, a assinatura de um documento em que parece “ordenar que os casos de abuso a menores sejam tratados em segredo, mas que segundo prelados não exclui punições legais”. No segundo, entre 1977 e 1982, terá, alegadamente, protegido o sacerdote pedófilo, Peter Hullermann, sob pretexto de terapia, que não foi desmascarado às autoridades competentes. Reinstalado no sacerdócio, noutra paróquia diferente, praticou, pelo menos, mais outro assalto pedófilo. Segundo o matuttino espanhol El Mundo do passado dia 17, este sacerdote foi expulso, mas não sem as suas críticas pela forma tardia da decisão. Salienta o mesmo matutino, citando o vice-presidente do Parlamento alemão, Wolfgang Thierse, católico militante, que “a credibilidade da Igreja está a ser afectada de forma muito grave" e pediu ao Papa "mais honradês e severidade tanto para consigo mesmo como para com a Igreja".

Mas há mais!

Além do caso referido anteriormente, sobre os 200 meninos surdos que foram violados no Estado de Nova Iorque, segundo o matutino francês Le Figaro (edição de 13 deste mês), o irmão do então Arcebispo Ratzinger, Monsenhor Georg Ratzinger, aquando responsável pelo Coral alemão, Domspatzen (conhecida por Catedral dos Pardais), em Ragensburg, entre 1964 e 1994, alguns dos seus membros foram igualmente vítimas. Numa entreivsta dada à revista alemã, Der Spiegel, o antigo rapaz do coro, Thomas Mayer, afirmou ter sido várias vezes violado por rapazes mais velhos daquela instituição, aquando Georg Ratzinger era responsável. Mas segundo a Agence France Press (13 do corrente), Ratzinger, actualmente de 86 anos de idade, afirmou que os alegados abusos sexuais entre as décadas de 1950 e 1960 “nunca foram discutidos”. Continua o Le Figaro, citando, o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, o Papa desconhecia qualquer destes acontecimentos. Remetendo o caso para o vigário-geral da época, Gerhard Gruber, que assumiu “a inteira responsabilidade” do caso, que envolveu o sacerdote de uma paróquia vizinha de Munique que havia sido condenado em 1986, por abusos sexuais praticados a menores. A imprensa alemã, porém, sustenta o Le Figaro, baseando-se no jornal berlinense Tagesspiegel “o Papa sabia que este sacerdote retomara as suas funções” no seio do seu arcebispado.

Entretanto, surgem notícias de que Bento XVI aceitou, finalmente, a renúncia do bispo irlandés John Magee, de 73 anos, secretário particular do seu antecessor, João Paulo II. Obviamente o bode expiatório, pois tendo apresentado a sua renúncia há um ano, depois de ter sido interrogado pela Polícia Irlandesa Gardai, só agora foi aceite. Este episódio, segue-se à demissão do bispo de Limerick, Brendam Murray, em Dezembro passado.

Face a esta enorme tragédia, qual a resposta do Vaticano e do Chefe da Igreja Católica? Como afirmam particularmente as vítimas, tanto irlandesas como outras autoridades da Igreja Católica Alemã – a única forma de sanar tão nefasta prática é a demissão do próprio BENTO XVI. E porque? Primeiro, como foi mencionado anteriormente e citado pelo semanário The Economist, ao então Arcebispo Ratzinger se deve a assinatura do documento relativo ao secretismo da Igreja nos casos de pedofilia; segundo, pelo facto do actual Papa ter sido, durante 20 anos, responsável do departamento denominado Congregação para a Doutrina da Fé, pelo que deve assumir TODA A RESPONSABILIDADE, COM A MESMA SEVERIDADE E ENERGIA QUE DEMONSTROU CONTRA A IGREJA LATINO-AMERICANA e particularmente o sector Brasileiro liderado pelo então bispo Leonardo Boff.
Lamento afirmar QUE TENHO SÉRIAS DÚVIDAS QUE O VENHA A FAZER.

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