quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O recente mandato de captura emitido por um tribunal da jurisdição de Westminster (Londres), contra a antiga primeira ministra e ministra dos negócios estrangeiros de Israel, Tzipi Livni, e actual dirigente do principal partido da oposição, o maioritário Kadima, embora a obrigasse a anular a programada participação numa conferência, na capital britânica, faz ressuscitar acção idêntica, principalmente emitida nos tribunais continentais europeus, contra o antigo primeiro-ministro israelita Ariel Sharon, acusado de crimes de guerra. Em relação à Grã-Bretanha, o mandato de captura a um dirigente político israelita, é o primeiro, o que, portanto, não surpreende o embaraço que provocou ao ministério britânico dos negócios estrangeiros e os esperados protestos por parte de Israel. O que os observadores não esperavam eram os termos utilizados. Porém, em Setembro passado, um advogado simpatizante pela causa palestiniana, invocando a “jurisdição universal”, tentou apresentar um mandato de captura contra Ehud Barak, o actual ministro de defesa de Israel. Mas devido à sua posição de membro do gabinete daquele país, invocou imunidade diplomática, pelo que viu gorados os seus intentos. Como Livni já não goza da mesma protecção, encontra-se numa posição mais vulnerável. Comentando a tentativa de que foi alvo, afirmou que “não tenho nenhum problema pelo facto do mundo pretender julgar Israel. O que não posso aceitar é que soldados das Forças de Defesa de Israel sejam comparados a terroristas”. Recorde-se que em 2005, o general na reforma, Doron Almog, foi obrigado a regressar a Israel sem ter saído do seu avião, no aeroporto de Londres (Heathrow), devido ao facto de um aviso de amigo impediu que fosse detido devido ao seu envolvimento num dos bombardeamentos da Faixa de Gaza em que matou 14 pessoas. Recorde-se, porém, que na totalidade, os ataques aquela região resultaram em 1400 mortos (segundo os palestinianos), mas apenas 1000, estimado pelos israelitas, em que estes sofreram apenas 13 baixas mortais. E os ataques e mortes, embora esporádicos, continuam!

Embora o primeiro-ministro daquele país, Binyamin Netanyahu, tivesse classificado a acção de “absurda”, o seu embaixador em Londres, Ron Prosor, foi muito mais além. Numa atitude interpretada como antidiplomática e arrogante, exigiu que "o governo britânico tem de assumir uma firme posição contra os seus tribunais se tornarem num parque de recreio dos extremistas contra Israel.“ Esta atitude por parte de um diplomata, que beneficia de plenos direitos das suas funções, demonstra não só uma intolerável intervenção na justiça de um Estado soberano, quando, pior, parece desconhecer a longa tradição da separação entre o poder jurídico e o governo que predomina no Reino Unido..

Já é notória a arrogância de Israel. Sempre que é criticado pelas suas desmedidas acções, o que tem vindo a acontecer com frequência: há três anos no Líbano e em Dezembro de 2008 na Faixa de Gaza. E as críticas acentuam-se, particularmente agora, segundo um relatório de autoria de 16 organizações humanitárias, incluindo as prestigiosas Oxfam e Amnistia Internacional. Aponta o documento, intitulado “Falando de Gaza: não há reconstrução, não há recuperação, nem tão pouco mais desculpas” estas influentes entidades dizem que “Israel, com o seu actual bloqueio (à Faixa de Gaza, que dura desde o ataque), está a castigar toda a população ali residente pelos actos de uns poucos (Hamas).” Este castigo é mais do que evidente quando, segundo fontes fidedignas das Nações Unidas, além de Israel impedir a entrada de obras primas para a reconstrução da destruição por ele provocada, como cimento e aço, raciona produtos alimentícios e medicamentos, sem os quais a pobre e sediada população não pode sobreviver. Noutras palavras: o controlo por parte de Israel é completo! Mas que dizer ainda tanto do escândalo, recentemente admitido pelas entidades israelitas de que, durante os anos 90, aos cadáveres dos palestinianos mortos eram retirados orgãos sem a autorização ou sem que as famílias das vítimas tivessem sido informadas, como da anunciada intenção de Israel em demolir 600 habitações de palestinianos, na velha zona (árabe) de Jerusalém, para erguer prédios israelitas. Enquanto o primeiro – inaceitável e indesculpável - caso, denunciado por um jornalista sueco, e admitido pelas autoridades israelitas; no segundo, a denúncia partiu do comissário do partido presidencial Fatah, Hatem Abdul-Qader, ambos conhecidos no fim do ano.Tudo isto, brada aos céus! Até quando? Até quando? Pergunta o mundo, apoiado pelos antigos profetas Jeremias e Isaías, que há muito semelhantemente clamaram em relação ao sofrimento de Israel!

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