Com o encerramento dos aeroportos, na maioria dos países euro-ocidentais praticamente até terça-feira 20, quando se tinha como valor garantido que o mundo era pequeno, que, segundo os Ingleses, é tão pequeno “como uma ostra”, com as dificuldades do almejado Regresso a Casa, subitamente, como se verificou a partir do passado dia 14, devido às vagarias do vulcão islandês de nome impronunciávl, Eyjafjallajökull frá Valahnúk, de começo, seguido do vizinho Eyjafjallajökull frá Hvolsvelli, que além de gelo, vomitavam espessas cinzas, o espaço aéreo europeu, pela primeira vez de que há memória, foi encerrado! Na minha residência, em Londres, situada na faixa aérea do aeroporto de Heathrow, habituada ao constante ruído dos aviões que sobre ela passam, durante o dia, praticamente de dois em dois minutos, subitamente, só se ouvia o sempre agradável e cada vez mais distinto chilrear das aves! Entretanto, e nos mais variados cantos do mundo, centenas de milhar de pobres britânicos, uns, em sua maioria, retidos nos aeroportos, outros nos hoteis, subitamente depararam com a dura realidade da DISTÃNCIA, aliada à INCERTEZA do desejado REGRESSO, transformando-se num ENORME PESADELO!
Na totalidade, 150.000 turistas britânicos, em sua maioria mães e pais acompanhados dos filhos, que aproveitando as férias da Páscoa, normalmente de duas semanas, ficaram retidos em vários pontos do Globo. Depois de uma merecida pausa e diversão enfrentaram a inesperada... adiada e cada vez mais incerta partida. A ânsia, ou a urgência de compromissos, retidos, uns em Pequim, outros na Tailândia, deambulando durante cinco dias nos mais variados meios de caríssimos transportes, conseguiram regressar depois de desembolsarem mais de 20 mil euros. Outros, embora mais perto, mas no cada vez mais distante e lento Continente, quer na Polónia, quer em Milão ou ainda em Portugal, conseguiram, depois de quatro dias, exaustos e com os bolsos vazios, depois de dispenderem, uns dois mil euros, outros cinco e oito mil, conseguiram, finalmente, chegar a Calais, ponto de ligação da tão ansiada Dover. A ausência obrigatória de professores e alunos forçaram o fecho de várias escolas, levando um director de Liverpool a alugar um autocarro especial para ir buscar alunos e professores retidos na Roménia! Outros serviços de emergência para o regresso de estudantes e professores estiveran a cargo da Halsbury Travel. Enquanto isso, o Eurostar, único meio de transporte ferroviário a ligar o Continente às Ilhas Britânicas, quando normalmente em passagens promocionais procuram clientela a cerca de oitenta euros, ida-e volta entre Paris e Londres, devido à subita avalanche de clientes, passou a cobrar quatro vezes mais! Entretanto, os potentes e belos ferries, particularmente a partir de terça-feira 20, não tendo mãos a medir, abarrotados, efectuavam cerca de 50 viagens por dia, despejando assim, as longas e densas filas de ansiosos, cansados e famintos pobres veraneantes. Com, finalmente, a abertura do aeroporto espanhol de Madrid, subitamente transformou-se num vazadouro europeu dos desgraçados britânicos! Para o efeito, o governo, comandado por Gordon Brown, em plena campanha eleitoral, reunia-se de emergência, nas chamadas reuniões COBRA, a fim de se prestar a desejada assistência aos seus infelizes concidadãos. A primeira decisão foi estabelecer duas linhas telefónicas para assistir os necessitados e suas preocupadas famílias. O segundo, mas importante passo foi envolver a Marinha Real, disponibilizando três dos principais vasos de guerra, nomeadamente o lendário Ark Royal, acompanhado de mais dois, o Ocean e o Albion, este último, acabado de chegar do Afeganistão, que zarpou para mim o familiar porto de Santander, no norte da Espanha, de onde trouxe 280 desesperados passageiros. E os outros, em caso de necessidade, a aguardar a ida a Calais. E, como complemento, com a chegada de milhares de exaustos viajantes a Madrid, outra importante medida adoptada foi o recrutamento inicial de 150 autocarros pullman para os transportar para Calais e, dali, finalmente para Dover. Embora com ténues esperanças do reatamento dos ansiados vôos, sob pressões intensas tanto sobre o Serviço Meteorológico Nacional, de quem partia a informação, mas cujas decisões finais competiam, tanto ao Serviço Nacional de Transpore Aéreo como à Entidade da Aviação Civil, organização homóloga da nossa ANA, finalmente abriu, na terça-feira 20, às 07 da manhã, o espaço aéreo britânico, limitado apenas à Escócia (Glásgua) e a uns poucos aeroportos do nordeste da Inglaterra (Newcastle, em particular). Finalmente, às 22 horas do mesmo dia foi aberto todo o espaço aéreo nacional, mas não a completa solução do tráfego aéreo, que segundo o Director, Willie Walsh, da British Airways, que sofreu prejuízos diários de 100 milhões de euros, iria levar pelo menos uma semana a regularizar. No meio de toda a expectativa e frustração surge o presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimson, em entrevista à BBC Televisão, a informar que embora a população do seu país esteja habituada a erupções dos seus muitos vulcões, como o Eyjafjallajökull frá Valahnúk, que durante a erupção anterior de há pouco mais de 100 anos, em que esteve activo durante vários anos, advertiu que quer no caso de vulcões do seu país ou de outros, é urgente pensar-se na adopção de medidas adequadas a fim de não se repetirem experiências como as de agora.
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