NOTA: OS NOVOS ATAQUES AÉREOS A GAZA EFECTUADOS, EM 2 DO CORRENTE, REFORÇAM O ARGUMENTO DESTA CRÓNICA ESCRITA ANTES DO ACONTECIMENTO!
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, ao condenar, nos mais enérgicos termos, na semana passada, 23, na Câmara dos Comuns, a acção de Israel na falsificação de 12 passaportes, em que os utentes eram cidadãos britânicos, actualmente residentes em Israel, e ao anunciar a expulsão do representante diplomático dos serviços secretos israelitas, Mossad, em Londres, é mais outra prova da inaceitável arrogância, mas pior, do abuso por parte de um Estado, considerado democrático, em violar e desrespeitar a soberania de outro Estado, neste caso mais outros quatro – Alemanha, Austrália, França e Irlanda - pela emissão de passaportes falsos daqueles países, a fim de ocultar a identidade de perpertradores de crimes. Este, o caso da falsificação da identidade dos 27 agentes envolvidos, que segundo as autoridades do Dubai “estão 99% certas” de pertencerem aos Serviços Secretos Israelitas, Mossad, mas que Israel insiste não haver provas, assassinaram, por sufocação e choques eléctricos, em 20 de Janeiro passado, num hotel daquele Estado dos Emirados Árabes, o comandante-fundador da ala militar do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh, o grupo palestiniano que actualmente governa a dizimada Faixa de Gaza, por Israel, no ano passado. O chefe da diplomacia britânica, embora esclarecendo que juntamente aos outros quatro países, igualmente vítimas do abusivo falsificar dos passaportes, as averiguações continuam, confirmou, no entanto, que em relação ao Reino Unido, as “razões eram mais que concludentes” na “implicação e responsabilidade de Israel” no que classificou de “intolerável abuso de pôr em perigo a segurança de cidadãos britânicos”, por parte de um Estado aliado. Esta decisão do ministro britânico foi tomada em sequência às intensas averiguações por parte da polícia britânica (Agência de Sério Crime Organizado - SOCA), que para efeito, se deslocou a Israel. Porém, este elevado membro do Governo esquivou-se a quaisquer acusações formais sobre o eventual envolvimento dos Serviços Secretos Israelitas no assassinato do dirigente palestiniano, limitando-se a afirmar que as averiguações continuam em curso. Além disso, a partir de agora, Israel está na lista negra, sobre o risco da clonagem de passaportes, dos serviços de informação sobre segurança nas viagens ao estrangeiro do Ministério Brtitânico dos Negócios Estrangeiros. O MNE avisa que face ao praticado, evite-se, o mais possível, passar os passaportes às mãos dos agentes israelitas. Actualmente, pelo menos 150 mil britânicos viajam todos os anos a Israel.
O abuso da emissão de passaportes britânicos falsos, por parte de Israel e dos seus serviços secretos, Mossad, não é novo. Situação idêntica, como foi lembrada na Câmara dos Comuns, pelo homólogo sombra, do Partido Conservador, William Hague, ocorreu em 1987, em que o então primeiro-ministro, hoje Presidente de Israel, Shimon Perez, prometeu não se repetir e que, igualmente, prontificou a expulsão, no ano seguinte, do agente superior da Mossad, Arie Rejev, junto da Embaixada Israelita em Londres. Por agora, segundo fontes diplomáticas, o governo britânico manifestou, “uma clara mensagem de desaprovação”. Mas a confirmar-se, como insistem as autoridades do Dubai, o envolvimento de Israel, no assassinato do dirigente palestiniano, não é mais do que outra das várias provas de desesrespeito e arrogância daquele país ao mundo democrático em que insiste inseririr-se. Desde as recusas em respeitar – e obedecer – as várias deliberações do Conselho de Segurança das Nações Unidas, à dizimação do sul do Líbano há dois anos, o arrasar da Faixa de Gaza, há outro ano, em que novas e inocentes vítimas, incluindo, segundo a ONU, centenas de crianças, foram chacinadas e a desejada reconstrução de infra-estruturas recusada, bem como a insistente ignorância aos múltiplos apelos tanto de importantes personalídades como dos mais variados governos, incluindo a União Europeia e o seu mais directo Aliado – e principal contribuinte financeiro com biliões de dólares anuais – os Estados Unidos da América, na reactivação do Processo de Paz Israelo-Palestiniano e na cessação da construção de aldeamentos em território palestiniano, à custa da destruição das habitações ali situadas há milénios, incluindo, o Leste de Jerusalem, quem é Israel, que dependendo e insistindo fazer parte do Mundo Democrático, continua a fazer Ouvidos de Mercador e desvirtuar a Democracia!
PS.
Os ataques aéreos a GAZA, efectuados na sexta-feira dia 2, reiteram a tónica desta crónica. Segundo fontes palestinianas contactadas pela BBC, os israelitas efectuaram 13 ataques, quatro das quais à vila de Khan Younis, onde dois soldados israelitas foram mortos em recontros, na semana passada. Segundo fontes israelitas, o objectivo foi quatro fábricas de armamento, o que é negado por fontes palestinianas do HAMAS. Segundo estas, além do ferimento de três crianças, o objectivo foi a destruição de oficinas de artigos metálicos, quintas, uma fábrica de produtos lácteos e pequenos locais ocupados pela ala militar do Hamas. Trata-se do maior ataque desde as operaçôes de Janeiro do ano passado que arrasaram a Faixa de Gaza. Segundo grupos de direitos humanos, mais de 1400 habitantes daquele território morreram no conflito, embora os israelitas insistam que o cômputo limita-se a 1166. Em contrapartida, 13 israelitas pereceram, três dos quais civis.
Segundo o The Guardian de 2 de Abril, baseado no matutino de Israel, Ha'aretz, a jornalista israelita, Anat Kam, de 23 anos, que se encontra em prisão domiciliária desde Dezembro, aguarda julgamento dentro de duas semanas por ser acusada de “traição e espionagem” por divulgar documentos militares altamente secretos referentes aos militares israelitas que ignoraram o parecer jurídico sobre os assassinatos efectuados na ocupada Transjordânia. A jornalista, aparentemente, teria obtido e copiado os documentos aquando efectuava serviço militar passando-os ao matutino Ha'retz. Mas a acusada desmente estar envolvida.
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