quinta-feira, 15 de abril de 2010

DEBATES TELEVISIVOS - A GRANDE NOVIDADE DAS ELEIÇÕES GERAIS DESTE ANO!

Mantendo a tradição da marcação das eleições, segredo bem guardado e exclusivo dos primeiros-ministros, que, no caso de Gordon Brown, não poderia ser depois do próximo mês de Maio, como se previa, 6, do mês que vem, é o dia, que, como é tradicional no Reino Unido, eventos eleitorais, tradição tipicamente britânica, realizam-se às quintas-feiras. Nisso não é novidade! A novidade, desta vez, é a realização de três debates televisivos, em directo, (BBC1, ITV1 e SKY), com e entre os dirigentes dos três principais partidos – New Labour (partido do governo), com o primeiro-ministro, Gordon Brown; Conservadores – David Cameron e Liberal-Democratas – Nick Clegg, bem como a activa dependência da Internet. A democracia britânica, a provar o seu conservadorismo centenário, é alheia a alterações, inclusive referendos. Salvo raríssimas excepções – como foi a contínua adesão à então CEE, em 1975, e a formação de parlamentos autónomos tanto no País de Gales como na Escócia, nos meados da década de 90 – é alheia a referendos. E, quanto à intromissora televisão, tão longamente debatida e resistida na transmissão (com excepção de um canal exclusivo – Parlamento - a cargo da BBC), mas nos canais principais, em deferido e sempre em breves montagens, salvo casos excepcionais como nas sessões semanais de Interpelação ao Primeiro Ministro, sessões de Abertura, em que a Raínha apresenta o programa de Legislatura do Governo, apenas presente – e bem presente! - nas campanhas eleitorais com a cobertura, geralmente também em deferido, de importantes intervenções dos principais dirigentes partidários. Além destes, há, claro, também, os tempos de antena. Nunca, porém, no Reino Unido se realizaram debates entre, e com os principais dirigentes políticos, o que, à semelhança da longa tradição americana, o debate entre Nixon e Kennedy, em 1960, acontece este ano pela primeira vez.
Não surpreende a cuidadosa preparação, mas especialmente a complicada regulamentação, subordinada a 76 subparágrafos, das intervenções! Com apenas um minuto para apresentar a sua tese e outro para responder, os intervenientes não têm mãos a medir. Perante audiências compostas por 200 convidados seleccionados por empresas de sondagens independentes, só lhes é permitido aplaudir no princípio e no fim das sessões, os dirigentes participantes respondem a perguntas submetidas e seleccionadas previamente via e-mail, mas totalmente desconhecidas até ao momento da transmissão. Dos três debates, todos às quintas-feiras, na hora nobre das 20 às 2130, são distintos. Transmitidos pelas várias estações, cabe à ITV1 dar o pontapé de saída, com o conceituado e veterano moderador, Alastair Steward, hoje, 15. Este primeiro programa ocupar-se-à da política interna, inluindo o Serviço Nacional de Saúde, educação, imigração e confiança do eleitorado na política e nos políticos. O segundo programa, cabe à Sky, sob a responsabilidade do competente editor político daquela emissora, Adam Boulton, transmitido na semana seguinte, 22 e subordinado a negócios estrangeiros, incluindo União Europeia, Afeganistão e Iraque. O prograna final, a transmitir no dia 29, cabe à BBC, com o veterano, respeitado e mui competente moderador, David Dimbleby e subordinado a questões económicas, incluindo o enorme déficit público, impostos, serviços públicos e banca.
É difícil de prever a influência destes debates no resultado real eleitoral. Se, obviamente, o desempenho dos intervenientes é um factor importante, o carisma também o é. Neste domínio, se a “fotogenia” tanto de David Cameron como de Nick Clegg é uma vantagem, a notória sobriedade de Gordon Brown pode prejudicá-lo. Mas tem uma vantagem em relação aos seus adversários: experiência e autoridade governamental e, muito mais, provas cabais do desempenho da economia e finanças, perante a crise actual e Global. Aliás, é aqui que o eleitorado vai decidir. Segundo as múltiplas sondagens, enquanto os Conservadores, desde há um ano gozavam a vantagem média de 15 pontos de vantagem em relação ao partido do Governo, os últimos resultados apontam, na média, entre seis e 2 pontos de vantagem e os liberais democratas em terceiro, co 21%. A grande incógnita reside nos círculos em dúvida do partido vencedor, o que significa um indesejável resultado de vitória minoritária, possivelmente a favor dos Conservadores de David Cameron. Se assim for, quem vai ter a última palavra é Nick Clegg dos Liberais Democratas, que se poderá ligar ou associar a qualquer dos partidos, garantindo-lhe a almejada maioria. Esta situação só aconteceu em Fevereiro de 1974, com o governo Conservador de Edward Heath.

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