Pela primeira vez desde o fim da II Grande Guerra, 1945, o Reino Unido é governado por uma coligação, desta vez entre Conservadores e Liberal Democratas (Lib Dems). E, igualmente pela primeira vez, desde há 200 anos, é chefiado pelo mais jovem (43 anos) primeiro-ministro, David Cameron, o 12º do reinado de Isabel II. Após uma maratona negocial de cinco dias, que oscilou entre Labour e Conservadores, em intenso namoro com os Lib Dems, chefiados pelo inovador Nick Clegg, os perdedores foram tanto o Labour como os Conservadores. Se os anteriores, propunham uma Aliança Progressista, incluindo a há muito desejada Reforma Eleitoral por parte dos Lib Dems, que foram os primeiros a apresentar semelhante proposta, como admitiu o próprio Gordon Brown e que por isso assumiu toda a responsabilidade, demitindo-se dos cargos tanto de primeiro-ministro como de dirigente partidário, mesmo antes da conclusão de qualquer acordo entre “Tories” e Lib Dems. O próprio Partido Conservador, que para formar governo e ao necessitar do apoio de outro partido, teve de renunciar, ou minimizar, importantes parâmetros do seu ideológico programa eleitoral, nomeadamente na educação (com maiores apoios às populações urbanas desfavorecidas), impostos (isenção de IRS nos primeiros 15 mil euros de rendimentos), ataque à dívida (maid moderad do que o imediatamente proposto), mas, especialmente, a partilha de postos com os Lib Dems no Gabinete. Para estes últimos, de regresso ao governo após um século, segundo fontes destacadas, conseguiram mais do que esperavam, por isso foram os grandes vencedores, nomeadamente a ascensão do seu dirigente máximo ao posto de Vice-primeiro-ministro e um seu destacado membro, Vince Cable, para ministro da influente pasta financeira de reforma bancária.
Três incógnitas: a primeira, com um partido euro-fagista como é o Conservador, cujo dirigente máximo tinha afastado o seu partido do principal Partido Conservador no Parlamento Europeu, preferindo associar-se aos xenófobos da extrema direita, garantiu não mais cedências à UE bem como NUNCA ao euro, e com um eurófobo ministro dos negócios estrangeiros, William Hague, que em 2002, então à frente do partido, perdeu as eleições gerais pelo desabrido combate à UE, resta saber se irão continuar com o seu divórcio com a Europa, face à posição antagónica dos seus coligados, os Lib Dems; segunda: quais as consequências imediatas e quais os necessários e prometidos cortes, certamente drásticos na economia e o montante da subida dos impostos?, terceira: quais as consequências desta anatural união para os hordes liberal democratas que normal e ideologicamente se situam mais próximo do labour?
Estas questões, obviamente, não foram respondidas na breve conferência de imprensa dada na Quarta-feira de tarde no soalheiro, aprazível, mas ventoso belo Jardim Rose, nas traserias de Downing Street. Descontraídos. lado a lado, a desmonstrar a exuberante juventude de ambos, os dois, primeiro-miniatro e vice asseguraram que a coligação era o melhor para o futuro do país, pelo que estava para durar os propostos cinco anos, especialmente quando há enormes dificuldades a enfrentar. Numa posição de pujança, ambos estão determinados a garantir a liberdade, justiça, responsabilidade de um governo firme e justo para com as expectativas e ambições do povo. Mas enquanto em governo estão unidos, quando em eleições, como as parciais que se avizinham, os dois partidos lutam entre si. Além disso, deste encontro resultou a novidade de que Nick Clegg, como vice, terá a pesada responsabilidade da Reforma Constitucional, que, como sabemos envolve o Referendo para a Reforma Eleitoral, a redução do número de deputados e a reforma da Câmara dos Lordes, provando, assim que não setrata de um posto nominal.
Entretanto, com Gordon Brown afastado do Poder, após 13 anos (10 como influente ministro das finanças e 3 à frente do Governo), a passar para a oposição, e no momento a gozar um bom e merecido descanso na sua terra, em Karcaldy, na Escócia, auto-afastado da escolha do seu sucessor, a este vai competir a condução do partido para uma nova e estranha fase. Com a até aqui vice, agora Dirigente Máxima Interina, Harriet Harman, que, em princípio diz não estar interessada na liderança, tudo aponta para o jovem e activo ex Ministro dos Negócios Estrangeiros, David Milliband, suceder a Gordon Brown.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
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