quinta-feira, 28 de abril de 2011

Núpcias Reais

As núpcias, no dia 29 de abril, sexta-feira, do segundo herdeiro do Trono Britânico, príncipe William com a plebeia Catherine Middleton, cujos antepassados maternos foram mineiros em Durham (nordeste da Inglaterra) e paternos empresários e advogados, que se conheceram na este ano, seiscentista Universidade de Saint Andrews, em Edimburgo, Escócia, onde ambos estudaram, obviamente é um acontecimento nacional e mundialmente mediático e que tantos turistas tem estado a atraír a Londres. (Porém, isso não acontece, para grande escândalo, e dura realidade, com milhares de britânicos, que fogem a tão notável cerimónia de pompa. Decretado feriado nacional, segundo as agências de turismo britânicas, com a criação de ponte, milhares de britânicos aproveitam-na para férias no estrangeiro. Tanto a agência de viagens Thomas Cook, uma das principais, como a companhia aérea Ryanair, apontam aumentos de reservas de viagens na proporção de entre 40 e 65% em relação ao ano anterior!) Isso, porém, não acontece, praticamente em todo o país, e, muito mais no aglomerar de gente junto ao percurso, onde colocaram tendas, a população preparou e celebras em ruas e localidades a comemorar o evento. A cerimónia religiosa, que ultrapassa o desejo de ambos em que fosse de caráter mais privado, decorrer entre as 11 às 1215, na milenar abadia de Westminster, sede de coroações e lugar de repouso das mais brilhantes figuras do país, abarrotada com 1900 convidados, dentre eles pelo menos 40 Chefes de Estado, especialmente convidados de Isabel II, resulta num dos mais invejáveis espetáculos televisivos, assistido por 4500 jornalistas, em sua maioria dos canais de televisão mundiais, ultrapassando a cerimónia do fatídico casamento dos pais, realizado em Maio de 1981, com enorme pompa, na não mui distante Catedral de São Paulo. Os felizes contemplados, de que não consta nem o casal Obama, que, para compensar foi convidado para uma visita estatal no próximo mês, como a divorciada tia Duquesa de York, vulgo Fergie – Sarah Ferguson – ou ainda Tony Blair e Gordon Brown, foram notificados pela Soberana, no clássico, mas sempre ambicionado, cartão embutido com o brasão real, com os dizeres ”O Lorde Chamberlain [oficial superior real], instruído pela Raínha, convida.......para o casamento de Sua Alteza Real Príncipe William of Wales K.G., com a Miss Catherine Middleton, na Abadia de Westminster, na Sexta-feira 29 de Abril de 2011, às 11 horas da manhã. Pede-se a resposta dirigida ao Secretário dos Convites de Estado, Escritório do Lorde Chamberlain, Palácio de Buckingham”. Mas enquanto na cerimónia religiosa estarão presentes os quase 2000 convidados, o mesmo não sucederá nem na refeição que se lhe seguirá, presidida pela Raínha, limitada apenas a 600 pessoas, nem no jantar, seguido de baile, assistido apenas por 300 famílias pessoalmente convidadas pelos noivos, ambos no Palácio de Buckingham.

Embora um evento compreensivelmente feliz para o jovem, mui admirado e popular casal, sem dúvida que o local de onde partiu o féretro da amada companheira e mãe, na distante e soalheira manhã outonal de Setembro de 1979, evocará, pelo menos para o noivo, sentimentos profundamente nostálgicos tanto mais que fez questão de que o anel de noivado e ostentamente evidente nas fotos que acompanharam o anúncio do enlace, era precisamente o mesmo da mãe quando noiva! Porém, num país em que os índices de divórcio são altamente elevados, predominando a coabitação, ou “partnerships”, como vulgarmente é preferido, o enlace real representa, na melhor das hipóteses, romance, ou como um ousado bispo chegou a afirmar para escândalo do país, mais um divórcio real, passados alguns meses ou escassos anos! Guilherme e Catherine, pela sua juventude e experiência de vida, herança, preciosa dádiva da mãe do noivo, que quando adolescente, e já divorciada, fez questão de preparar os filhos para a vida real a que a experiência clausural palaciana não lhes dava, são jovens suficientemente experientes e, portanto, bem preparados para as exigências da vida e do mundo modernos. E, daí, o desejado realismo de uma família real que persiste em resistir à modernidade.

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