As eleições regionais e autárquicas, realizadas na quinta-feira 5 de Maio, mas principalmente o referendo sobre a alteração constitucional, o primeiro desde a saída ou não do Mercado Comum, em 1975, foram reveladores. Se no último, promessa resultante da coligação, resultou, largamente, na inalterável posição atual, nas primeiras, a grande surpresa foi a obtenção da maioria absoluta do partido nacionalista escocês, SNP. Isto significa que, possivelmente daqui a dois anos realizar-se-à o há muito prometido referendo para a secessão da Escócia do Reino Unido, possibilidade que será fortemente resistida pelo governo central de Westminster, seja qual for o partido no poder. Quanto ao referendo, e nas eleições autárquicas, a forte derrota dos Liberais-Democratas, ainda que as promessas de que não afetarão a coligação, os efeitos, especialmente devido à posição assumida pelos Conservadores, que os Liberais Democratas acusam de desleais, as verdadeiras consequências só o tempo revelará.
O atual governo britânico, coligado entre Conservadores e Liberais Democratas (Lib Dems), desde Maio do ano passado, o primeiro do género desde o início do século, não obstante os desafios, nomeadamente o aumento dos impostos e drásticas reduções na economia, elevado aumento das propinas universitárias, às quais os chamados Lib-Dems tinham prometido abolir durante a campanha eleitoral, que lhes custou o opróbrio dos seus adeptos e simpatizantes pelo incumprimento da promessa, e várias e numerosas manifestações, algumas delas violentas, tem funcionado relativamente bem como coligação governamental. Porém como cada partido procura manter a sua independência fora do governo, o que tem acontecido em eleições parciais, e agora nas autárquicas e no referendo, em que cada um disputa o seu próprio espaço.
Esclareça-se que o sistema eleitoral britânico não é idêntico ao nosso ou de outros países europeus, ou seja o método proporcional Hont. Foi sempre um sistema uninominal, e não por bloco partidário, como é o nosso caso. Denominado “Past the Post”, ou seja o candidato com o maior número de votos num determinado circulo, é vitorioso. Embora meio utilizado com grande sucesso nos últimos 90 anos na Austrália e, ironicamente, há muito em eleições sindicais, de organizações de caridade e das igrejas do país, este sistema é combatido pelos partidos minoritários, como é o caso dos Lib Dems, o maior dos desta categoria, que assim não conseguem eleger os seus candidatos, calhando normalmente, a maior fatia para os dois partidos principais – Labour e Conservadores - que geralmente mantêm a alternância do poder. Uma das condições dos Lib Dems aquando da formação da coligação, foi propôr e – obter – a realização de um referendo a fim de se alterar o sistema. Porém, e enquanto preferia o sistema proporcional, ou Hont, como no nosso caso, os Conservadores, obviamente contra qualquer reforma do sistema antigo que lhes dá vantagem, propuseram uma alternativa - o sistema de Voto Alternativo, que os Lib Dems não tiveram alternativa que aceitar. Trata.se de um método em que o candidato, para ser vencedor, tem de obter o mínimo de 50% da totalidade dos votos. Da lista eleitoral do círculo, o eleitor opta pela 1ª, 2ª e 3ª escolha. Na contagem final, o resultado do candidato com o menor número de votos é desclassificado, transitando o resultado para o candidato mais favorecido até que obtenha os desejados 50% para ser o virtual vencedor. Entendido, caro(a) leitor(a)? Complicado? Sem dúvida! Por isso foi recusado pelo eleitorado.
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