A
machadada a tão portentoso império, pelo menos no Reino Unido,
poderá ter sido dada, com a publicação do relatório da Comissão
Parlamentar de Cultura Desporto e Media, resultante de cinco anos de
investigações, no dia 1 de maio último, em que a mesma declarou
Murdoch “impróprio para gerir uma empresa”, independentemente do
império que construiu. O pior, porém, foi os seus executivos,
incluindo o filho e ex Diretor da News International, James Murdoch,
serem também acusados de mentir ao Parlamento, nos vários
inquéritos em que tomaram parte e, em que Rupert Murdoch, que a eles
resistiu, numa das sessões do ano passado, à qual não pôde
evitar sobre pena de prisão, perante a qual ter admitido ser “o
pior e mais humilde dia da minha vida”
Humildade,
porém, não é o que o novo e alto denunciador livro Dial
M for Murdoch (Ligue-se
M para Murdoch), - de autoria do deputado Tom Watson e do jornalista
Martin Hickman, da editora ALLEN LANE – 2012 - termo geralmente
conotado com crime, revela. Este revelador e altamente denunciador
documento, em que um dos autores, Tom Watson, foi vítima, bem
descreve a senda de abusos, implicando a detenção de 36 jornalistas
dois dos quais – o veterano Clive Goodman e Gleen Mulcaire, que já
cumpriram penas de prisão - mas especialmente de intromissão e
desregradas escutas ilegais de, pelo menos, 4.332 pessoas, muitas
delas célebres, como o ator Hugh Grant e os próprios príncipes
William e Harry a fim de ilegalmente obter notícias sensacionais
sobre as suas vidas privadas, publicadas no altamente profícuo e
multissecular NOTW. Não apenas isso, o pior foi o conluio com
algumas das mais elevadas e diversas esferas da Metropolitan Police,
vulgo Scotland Yard, a cujos agentes principais pagava elevadas
somas, permitindo o seu silêncio e inação, provocando, direta ou
indiretamente, a resignação de nada mais nada menos que três dos
mais altos dignitários da Scotland Yard! Não é de surpreender que
o principal jornalista denunciador do Caso Watergate, Carl Bernstein,
em artigo publicado na revista Newsweek,
afirmasse
que o caso das escutas ilegais só deveriam surpreender apenas
aqueles que ignoraram a “perniciosa
influência de Murdoch no jornalismo”.
E adianta: “muitos
de nós pestanejaram com certo gozo obsceno sem considerar a enorme
corrupção do jornalismo e política da Cultura de Murdoch em ambos
os lados do Atlântico...” O
corolário da saga agora chamada Murdoch, que está longe do seu
termo, tanto mais que também no mês passado foi formalmente acusada
uma das suas mais influentes jornalistas, e até que chegou a ser
Presidente da News International, Rebekah Brooks, bem como o marido e
assistente redatorial, por interferência no decurso da justiça . O
mesmo aconteceu com o seu ex colega, diretor do NOTW e Diretor de
Informação de David Cameron, Andrews Coulson., Independentemente de
outros três processos judiciais em curso, pelo menos três, contra
o Império Murdoch, culmina com outra vasta investigação, esta
liderada pelo Juiz de Suprema Instância, Juiz Lorde Brian Leveson.
Tudo isto, resultante das sucessivas tentativas de negação e
ocultação das infrações de escutas ilegais, embora reveladas em
2006. O mérito, coube ao matutino The
Guardian, que
divulgou
a
interferência e manipulação de alegadas mensagens, atribuídas à
raptada e morta, jovem Milly Dowler, em 2002. Estas, com o objetivo
de alimentar o sensacionalismo noticioso do NOTW, em que este
semanário inventou “conversas” e mensagens de telemóvel,
atribuídas à desditosa e bem morta filha, para convencer os pais da
jovem que ainda estava viva! Este, o potente tiro saído pela
culatra, que obviamente despertou e revoltou a opinião pública
britânica, que obrigaria Murdoch a encerrar definitivamente o
desacreditado multissecular e altamente lucrativo semanário News
of The World e
a oferta de cerca de três milhões de euros de compensação à
família da jovem Milly Dowler, assim como a organizações de
caridade, em que muitas, inicialmente, se recusaram a aceitar..
TRISTE E NOJENTO CAPÍTULO PARA A LONGA E LOUVÁVEL TRADIÇÃO DA
IMPRENSA BRITÂNICA!
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