quinta-feira, 31 de maio de 2012
RUPERT MURDOCH - Hearst Ressuscitado?
Poucos serão os que se lembrarão do magnata da imprensa americana, William Randolph Hearst (1863-1951). Porém, se se adiantar “Cidadão Kane”, essa maravilhosa película de atuação e realização de Orson Wells (1915-1985), em que o retratou, certamente que avivará muitas memórias. Personalidade definida de “proporções Shakespearianas, de obstinada determinação e de inesgotável energia”, a ele se deve a revolução dos media americanos tornando-se num dos mais potentes e igualmente perigosos magnates do sector. Empresário-mestre por excelência, bem como consumado exibicionista, os seus 28 importantes títulos, nos 19 principais centros populacionais americanos, dominavam, pelo menos um entre quatro dos leitores daquele país. Invulgar magnata, nacionalista e extremista, outro William Hearst poderá ter surgido na pessoa do australiano, naturalizado americano, [Keith] Rupert Murdoch. Filho do influente jornalista e correspondente de guerra, “sir” Keith Murdoch (1886-1952), depois de se formar em Oxford e adquirir experiência em jornalismo, junto de outro influente magnata britânico, Lorde Beaverbrook, foi diretor do seu influente Daily Express, Com a morte do pai, em 1954, regressou à Austrália, onde herdou dois dos seus importantes títulos, Sunday Mail e The News, ambos em Adelaide. Transformando o último, baseando-o em sexo e temas escandalosos, alguns da sua própria autoria, viu a circulação a escalar. O sucesso foi tal que institucionalizou outros títulos em cidades como Sidney, Perth, Brisbane e Melbourne.
Astuto, assim que Margaret Thatcher assumiu o poder, em 1979, imediatamente conquistou a sua simpatia e admiração, prestando-lhe enorme apoio, com a aquisição do antigo e moribundo The Sun, transformando-o, graças à sua indubitável magia, num poderoso título de larga circulação, revolucionando a então sonolenta e dominada indústria pelos títulos dos magnates Beaverbrook e Northcliffe. Com os conceituados e mui respeitados títulos The Times e The Sunday Times, propriedade do canadiano lorde Thompson para venda, o seu relacionamento com Thatcher contribuiu para a sua imediata aquisição, seguindo-se o igualmente influente e então prestigiado The News of the World (NOTW) , sem que houvesse qualquer inquérito anti-monopolista, geralmente requerido em casos desta natureza de detenção de vários e importantes títulos. Estava, assim, aberto o caminho para a formação da News International, que daria lugar ao império mundial hoje conhecido, News Corporation, que inclui, além da anterior, News Limited (Australia), News American Holdings Inc. que incorpora vários jornais, incluindo o prestigiado Wall Street Journal, um estúdio de cinema em Hollywood e o canal televisivo FOX, independentemente de influentes editoras, tanto nos EUA como na Grã-Bretanha, um império calculado em 70 mil milhões de euros. Influente junto das principais figuras políticas britânicas, a sua ação foi particularmente enorme com Tony Blair e, atualmente, o primeiro-ministro, David Cameron, cuja orientação política fortemente influenciou, nomeadamente em questões de política europeia. O “namoro” com Cameron, visava o apoio deste na aquisição total (ou seja os restantes 61% das ações das 39% que já possui) da potente e mui proveitosa BskyB – de que faz parte a não lucrativa Sky - que até Março passado faturou £1bl (1,2 mil milhões de euros de lucros). Compreende-se a sua influência, ao ponto de colocar um dos seus antigos diretores do (NOTW), Andy Coulson, como diretor de informação do primeiro-ministro, quando já era suspeito o seu envolvimento nas escutas ilegais no semanário que dirigiu durante quatro anos. A sua potente influência e magia, porém, chegou ao seu termo.
Continua: RUPERT MURDOCH - HEARST RESSUSCITADO? (II-Conclusão) Fim de um império?
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