quinta-feira, 17 de maio de 2012

O MAIOR FLAGELO DOS NOSSOS TEMPOS

Todos sabemos que o desemprego juvenil, devido às intoleráveis taxas, é uma das chagas, ou como já foi também apontado, “verdadeiro flagelo” nacional. Se no nosso país são intoleráveis os 14%, e que entre os mais jovens a falta de emprego ultrapassa os 35% daqueles que, entre os 15 e os 24 anos, integram a população ativa, estamos, na realidade, a falar de 156 mil entre 441 mil jovens. O único consolo, se é que isso significa algo, não se passa apenas no nosso país e, muito menos, na União Europeia (UE). Da UE, segundo dados recentes da revista TIME (Nº de 16 de Abril de 2012, págs 23-27), se a Grécia atinge os 51,1%, e a Espanha 50,5, seguida pela Itália com 31,1, a Suécia 23,5, e Reino Unido 22,4%, só a Alemanha é o país com taxas menores - 7,8%. Fora da UE, e dentre os países mais industrializados, como os Estados Unidos, com 16,5 e o Japão com 8,5%, temos o penoso cenário de uma geração em verdadeira crise. O pior é que se trata de uma classe etária com elevado índice de educação, em sua maioria até com licenciaturas ou, até, com mestrados ou doutoramentos. A tragédia, segundo a Organização Internacional de Trabalho, 75 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, ou seja 2 em cada 5, encontram-se desempregados a nível global. E esclarece que, no contexto atual, há pouca esperança de melhoria. Segundo, Gianni Rosas, coordenador daquela organização, citado pela TIME, “estamos numa situação em que os nossos pequenos encontram-se em pior estado do que estávamos há 20 anos atrás”. Não surpreende que para o FMI, trata-se de “uma geração perdida”. A situação complica-se por vários fatores, nomeadamente, por exemplo, na Europa Ocidental, a proteção laboral, considerada excessiva torna a situação mais difícil para que os jovens encontrem emprego. Como os despedimentos de pessoal, a tempo integral, são complicados e dispendiosos, as empresas evitam recrutar pessoal novo quando funcionários com mais tempo de casa geralmente têm a prioridade. E, quando se enfrentam os despedimentos, são geralmente os jovens recém recrutados que vão para a rua. Não surpreende que tentando debelar a crise, países como o Paquistão, cujo esforço em combater a crise do emprego juvenil é semelhante ao ataque contra o terrorismo, o primeiro-ministro daquele país, Yousuf Raza Gilani diz que a sua prioridade é “lutar pela elusiva tentativa de encontrar emprego para os mais jovens”.Quando a crise e a recessão são cada vez mais profundas mais ausentes estão os indispensáveis incentivos. Neste domínio, o governo do Reino Unido, cuja juventude se manifestou recentemente numa caminhada de 450 quilómetros, semelhante à histórica "Marcha por Empregos", realizada em 1936, quando 200 homens desempregados caminharam desde Jarrow, no norte de Inglaterra, até à capital britânica para entregar uma petição a favor da criação de emprego. No final de julho foram registados 2,51 milhões de desempregados no Reino Unido, dos quais 972 mil eram menores de 25 anos. E, segundo o Instituto Nacional de Estatística britânico, dentre os desempregados licenciados, forçados a recorrer a trabalhos manuais não especializados, a taxa aumentou para 36% comparada a 27% ao período homólogo de uma década atrás! Por isso, o governo foi forçado a movimentar-se. Enquanto dera antes início a um esquema, altamente criticado, em que os jovens desempregados seriam aceites pelas empresas, por período temporário, mas sem remuneração e que, com base no seu desempenho poderiam ser recrutados, ou caso não fossem, receberiam uma recomendação que os poderia beneficiar assim que encontrassem trabalho, foi o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, que recentemente anunciou um novo esquema, válido durante três anos, orçado em 1,2 biliões de euros, de forma a reduzir o desemprego juvenil. As empresas que adirem ao esquema serão subsidiadas por cada jovem que recrutem. Esta, uma louvável tentativa de enfrentar e atacar o problema que poderia ser seguido por outros países afetados, em vez de os aconselhar a emigrar, como foi o infeliz caso dos nossos governantes. Faz-me lembrar a República da Irlanda, que nos anos 70 viu os seus jovens, aqueles que lhe poderiam ser úteis nos anos vindouros, em sua maioria alta e dispendiosamente educados no sistema nacional de ensino, emigrar para outros países como o vizinho Reino Unido, ou os Estados Unidos, de onde, com melhores condições, salários mais altos e maior capacidade de investigação, jamais regressariam..

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