domingo, 11 de dezembro de 2011

AS INEGÁVEIS VANTAGENS DA UNIÃO EUROPEIA

A vivência de quase meio século num país erradamente apelidado de euro-fóbico, mas mais apropriada e tradicionalmente insular, garante-me alguma autoridade para falar sobre este importante tema. Os conhecidos euro-fóbicos, tradicionalmente da extrema direita do partido conservador britânico por não terem um tema político suficientemente importante para se debaterem e serem suficientemente conhecidos na importante opinião pública, insistem na sua romântica insularidade e pequenês, não se preocupando de pôr em causa a segurança política do seu partido, mas, pior, quando governo, como foi o caso do chefiado por John Major, particularmente em 1992, levando o então primeiro-ministro ao desespero, classificando-os de “ filhos da pxxa”. E embora o número tenha aumentado, principalmente graças a uma imprensa favorável. esquecem-se, por exemplo, na insistência daquele grande homem que dizem reverar, chamado Winston Churchill no seu importante e revelador discurso, em Zurique, em 19 de Setembro de 1946, em que propunha uma União Europeia que ligasse para sempre a França e a Alemanha. Além disso, acrescentou que, embora a Grã-Bretanha preferenciasse os laços atlânticos, ou seja, o relacionamento especial por ele criado entre o seu país e os Estados Unidos da América (EUA), o Reino Unido estaria para sempre ligado à Europa. Por ela lutou sacrificando o império, centenas de milhar dos seus filhos, e a própria falência do país pondo em jogo o futuro do seu povo a favor de uma Europa livre.
Foi o espírito de Churchill, que levou outros grandes homens do Continente, testemunhas e vítimas das agruras devastadoras da guerra que, por causa dela e embora por razões económicas, devido às vantagens e escassês do carvão e do aço, a formarem uma aliança, génesis do que, mais tarde, viria a ser Mercado Comum iniciado pelo Tratado de Roma, em 1957. Embora convidado a aderir, mas duvidoso de sucesso, encorajado pela neutralidade de países como a Áustria a Suíça, o governo britânico de então declinou, preferindo, mais tarde, formar outra instituição, de que o nosso país foi membro, a EFTA. Porém, e reconhecendo o seu erro, foi um primeiro-ministro Conservador, Harold McMillan que, em 1963, tentou aderir, mas devido ao ressentido e orgulhoso general de Gaulle, então Presidente da influente França, tal tentativa foi duas vezes frustrada. Mas como não há duas sem três, à terceira, o então primeiro-ministro, Edward Heath, levou, finalmente, o seu país a aderir ao Mercado Comum, em Janeiro de 1973, fazendo do Reino Unido um dos seus principais membros, embora, mais tarde, principalmente aquando do Tratado de Maastrich, o então primeiro-ministro, John Major, sob intensas pressões internas, invocou – e conseguiu – até então inéditas importantes exclusões, que mais tarde o governo de Tony Blair voltaria a invocar em relação à adesão ao euro. E, Portugal? A adesão do nosso país em 1986, embora impreparado, especialmente devido a uma economia deficiente em relação a outros países membros mais desenvolvidos, foi mais uma questão política, invocada e aceite para a consolidação da sua até então débil democracia. A partir de então, começou a beneficiar do Fundo de Coesão, arrecadando importantes e vastas verbas. Foram, por isso, enormes os benefícios que os políticos de então decidiram primeiro, e bem, canalizar e beneficiar as débeis infra estruturas, ignorando ou adiando áreas da economia que gritavam pela diversificação e competitividade. Nessa altura, obviamente, ninguém questionava a adesão. Antes pelo contrário! Ficar de fora, nunca! O mesmo sucedeu em relação à adesão ao euro, quando persistiam os problemas económicos e as enormes diferenças entre outros países membros. Tanto ao nosso país, como à Espanha, mas principalmente `à Irlanda, a adesão ao então Mercado Comum representou uma enorme e inquestionável vantagem. Prova disso, foi principalmente os países da antiga União Soviética, que depois de se tornarem independentes, procuraram imediatamente aderir, tornando-se membros entusiásticos. Indubitável e independentemente das vantagens económicas, a UE tem sido um elo de coesão entre países até então inimigos, reforçando a paz entre si. Embora acusada de deficiência democrática, facilmente se esquece que, independentemente de um executivo, reconhecidamente burocrático, as decisões principais são apenas tomadas pelo Plenário composto pelos chefes de governo e presidentes eleitos dos países membros. Se precisa de reformas e liderança? Claro, especialmente agora com a crise do euro em que, possivelmente, se procurarão novas medidas de maior integração política e fiscal.

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