O Natal dos nossos dias, cada vez mais assediado pelos interesses comerciais, está longe – e que saudades!! - dos tempos de antanho, em que a época natalícia era aguardada, particularmente pela miudagem, com a expectativa dos tão ansiados presentes e da chegada do tão ocupado Pai Natal, recebido por inúmeros sapatinhos! O presépio, uma das tradições Portuguesas, embora ainda seguidas, é acompanhado pela agora praticamente obrigatória árvore do Natal, tradição particularmente importada da Alemanha. Um dos fascinantes livros sobre esta época festiva, que jamais li, aliás obra da amiga de longa data, e colega da BBC, Edite Vieira Phillips, intitulado Natal na Europa (*), é mais do que revelador e, portanto, particularmente recomendado. Recheado de curiosidades, mas, acima de tudo, receitas natalícias, embora pequeno, é um GRANDE livro!
Com os agradecimentos à Edite, é na sua obra que baseio a minha divagação. Nos países cristãos, as tradições, e até a data festiva, variam. Na Arménia, por exemplo, o primero país europeu a adoptar o Cristianismo, a nível oficial, o dia de Natal é celebrado a 6 de Janeiro, a data comemorada até à decisão de Roma, em 336 AD, para a actual, 25 de Dezembro. E, em relação a datas, a religiosamente ortodoxa Grécia, (agora a lutar contra a pior prenda do Natal – a sua séria situação económica!), a data de 6, mas do mês de Dezembro, dia de São Nicolau, padroeiro dos pescadores, com os barcos engalanados, é quando as comemorações natalícias começam a ser celebradas. Porém, os presentes, esses, vêm mais tarde, no dia 1 de Janeiro, em que se celebra São Basílio.
Entretanto, na Bélgica, particularmente em Liége, a data é comemorada por procissões de velas, seguidas da bênção aos animais, enquanto na vizinha Holanda, o dia grande, à semelhança da Grécia e da Arménia, é 6 de Dezembro, dia de São Nicolau, em que as crianças são contempladas com os tradicionais presentes. O mesmo, aliás, acontece na Húngria. Na nossa vizinha Espanha, a quadra natalícia começa a ser oficialmente celebrada, dois dias depois, portanto a partir do dia 8, prolongado-se até 6 de Janeiro, Dia dos Reis, o dia das oferendas. Outra tradição, esta na passagem do ano, em que se comem 12 bagos de uva, uma a uma, ao som das badaladas da meia noite, augúrio de boa sorte nos também correspondentes 12 meses que se seguem. Na Itália, pratica-se o jejum que precede o Natal, em que na isenção da carne, predomina o peixe, ou melhor, o tradicional prato de enguias fritas, na véspera. Mais a norte, na fria Europa, tanto na Finlândia, terra do Pai Natal e da sua lendária Lapland, dominada pelos elces, como na vizinha Suécia, o Natal chega também cedo, com iníco a 13 de Dezembro, dia de Santa Lúcia, prolongado-se até ao Dia de Reis. Porém, aqui, um curioso pormenor, em preparação a tão festiva data, a população preocupa-se na cuidadosa limpeza das suas casas, em que, igualmente, os vizinhos lituânios seguem com toda a religiosidade, celebrando particularmente a consoada, no dia 24, com um jantar em homenagem aos Apóstolos, portanto com 12 pratos diferentes, mas sem carne. Enquanto isso, seguindo a boa e tradicional limpeza dos lares, como se vê, preocupação dos escandinavos, os noruegueses, ocupam-se, igualmente, na confecção da cerveja caseira, baseada numa receita antiga. Porém, na Inglaterra, o Natal, comemorado em todo o país com o engalanamento dos templos, a época é festivamente celebrada: nas ruas com cânticos e hinos, particularmente em Londres, junto à enorme árvore de Natal, na Praça de Trafalgar, tradicional dádiva da cidade de Oslo; nos lares, a reunião da família, em que, independentemente da distância, se reune nesta época do ano, à volta da mesa dominada pelo perú recheado, pelos bolinhos, decorações e tradicionais bombinhas.
FELIZ NATAL CAROS LEITORES E SUAS FAMÍLIAS
(*) Edição Feitoria dos Livros ´
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
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