quarta-feira, 17 de julho de 2013
O FENÓMENO DOS PROTESTOS GLOBAIS
Como se tem verificado, o enorme Brasil é o exemplo mais recente dos protestos populares, que tiveram início na Tunísia em janeiro de 2011, se seguiram no vizinho Egito, contra ditaduras há muito neles radicadas. Esta, uma, que se diria, justificada razão. Antes do Brasil, a Turquia foi, e está a ser, foco das atenções mundiais. Enquanto isso, já Portugal, Espanha e a própria França foram igualmente cenário de manifestações, algumas delas violentas. Nos países europeus, como no Brasil, nações democráticas e cujos dirigentes foram eleitos democraticamente, embora a razão inicial dos protestos tenha sido despoletada por um único motivo, rapidamente engolfou outras questões de carácter social. Se na Espanha e Portugal foram devido à crise económica, que envolveu os dois países e, na França, contra a nova lei marital do mesmo sexo, na Turquia surgiu devido à projetada transformação de um parque em complexo comercial; no Brasil, o pretexto foi o magro aumento das tarifas dos autocarros da cidade de S. Paulo, resultando, como se sabe, no espalhar dos protestos às suas cidades principais, incluindo a maior paixão daquele país, o futebol, ou melhor, as consideradas desnecessárias despesas com a construção dos novos estádios para o Mundial de Futebol de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. De assinalar que praticamente, em todas as manifestações, foi influente o papel quer das redes sociais quer da juventude, especialmente a mais formada e até abastada.
Protestos e manifestações sempre existiram. Enquanto eram praticamente exclusivo de entidades sindicais ou organizações políticas e cívicas, agora passaram a um conjunto amorfo de indivíduos sem qualquer, e que até recusam liderança. Dentre os considerados protestos e manifestações clássicas, destacam-se as das desigualdades civis e raciais, oriundas dos Estados Unidos da América (EUA), com início nos meados da década de 1950, em sua maioria lideradas por Martin Luther King. A estas, seguiram-se as grandes manifestações de Seattle (na zona oriental dos EUA), em dezembro de 1989, aquando da realização do encontro ministerial anual da Organização Mundial do Comércio (sigla WTO em inglês) de cariz anticapitalista, que despoletaram idênticas e consequentes manifestações em encontros similares, quer na cimeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Génova, em 2001, de novo, em Doha, Qatar (Emirados Árabes), aquando de outro encontro ministerial do WTO, em novembro do mesmo ano e de ulteriores encontros quer por parte destas organizações quer de outras semelhantes, como o G8 (países mais ricos do mundo), como aconteceu recentemente em Enniskillen, (Irlanda do Norte). Assinalem-se outras grandes manifestações, ou ocupações, como a de Wall Street, em Nova Iorque e na Catedral de São Paulo, em Londres. Porém, tal como esta última, efetuadas na Inglaterra, a primeira contra a greve dos mineiros, no início dos anos 80, seguida, pouco depois, contra o chamado imposto “Pol Tax”, ou comunitário, promulgado pela então primeira-ministra Margaret Thatcher, em Londres, estas que foram conhecidas pela até ai ausente violência, seguiu-se a maior de sempre, nos meados dos anos 90, contra a participação britânica na Guerra do Iraque, que envolveu milhão e meio de participantes. Todas elas, organizadas e lideradas, o fenómeno das manifestações atuais é o voluntarismo e a participação popular de ideologias diferentes. E, se na Turquia, o primeiro-ministro Recep Tayip Erdogan insiste em ignorar os manifestantes, que agora imitaram a nossa chamada ºRevolução dos Cravosº que contra os fortes embates da polícia e dos seus canhões de água, assim como ataques de gás lacrimogénio ostentam cravos, no Brasil as autoridades foram forçadas a desistir do aumento das tarifas e a Presidente Dilma Rousseff, tentanto acalmar os ânimos, anuncia a realização de um Referendo de Reforma Política.
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