sexta-feira, 15 de março de 2013

CRISES

Muito se tem comentado, e continuará a comentar-se sobre CRISE. Esta no singular, particularmente em relação ao nosso país e à Europa. A ela, adiciono uma outra e, neste caso, CRISES, no plural. Refiro-me, em particular à outra crise: a da Igreja Católico-Romana. E aqui não considero apenas a eventual decisão que teria levado à renúncia de Bento XVI, atualmente caso de grande especulação e até revolta, como foi o caso do sacerdote italiano,Andrea Maggi, de Liguria (no litoral noroeste da Itália), que rasgando a foto de Bento XVI o associou ao comandante do naufragado Costa Concordia, em Giglio, levando a Igreja contra as rochas. Mas à que alastra, em relação a uma boa parte do comportamento do clero, particularmente o superior. Por isso, além da crise da Europa, em que a sede da Curia Romana se insere, temos a crise da própria Igreja Católico-Romana, e, portanto, CRISES. Em relação à última, enquanto a falta de transparência, as acusações de intrigas, lutas de proveito próprio e de senioridade na hierarquia da Curia, assunto que o ex-mordomo de Bento XVI justifica em ter sonegado para revelar e denunciar, assim como alegada a noticiada lavagem de dinheiro pelo banco do Vaticano, isto a nível interno; no exterior, depois do inaceitável escândalo de pedofilia cometido por membros do clero que lavrou desde os Estados Unidos, à Europa (envolvendo vários países), notabilizando-se particularmente na República da Irlanda, rebentou também há poucas semanas na Escócia, que justificadamente levou à demissão do Cardeal Keith O’Brien. Sobre a falta de transparência, particularmente em relação à razão e timing da renúncia de Bento XVI, debruçou-se, recentemente, e muito bem, o conhecido cronista do Diário de Notícias, Ferreira Fernandes (DN 05/03/13, ‘Cum clave’ ‘Ma non troppo’). No seu bem conhecido estilo, este jornalista cita a insistência na procura da verdade por duas destacadas figuras eclesiásticas católico-romanas,, os cardeais D. Geraldo Majella Aguelo, de Salvador da Baía (Brasil) e D. Wilfred Napier de Durban (África do Sul). Segundo Ferreira Fernandes, sustentam ambos que, existindo o tal relatório alegadamente apresentado a Bento XVI e que o teria levado à renúncia, obviamente QUEREM – e DEVEM - SABER O SEU CONTEÚDO. E se estas altas instâncias da hierarquia católica publicamente se pronunciam, o que dirá o bilião ou mais de fiéis em todo o mundo? Aceitar, ou melhor, engolir, o que se lhe dita como credo ou alegada presunção de fé? Além disso, que dizer do escândalo da pedofilia? Certos, igualmente membros da alta hierarquia católica, perante tal crise desculpam-na afirmando ser o clero humano, e consequentemente sujeito a inerentes erros pelo que devem ser desculpados. Perante tal situação a conhecida afirmação “Faz o que digo e não o que faço”, é descaradamente invocada por quem não quer reconhecer nem o voto sacerdotal, mas pior, a CONFIANÇA que neles é depositada pelos fiéis, quando é notória – e GRAVE – a evidência. Muitos há, incluindo-me eu próprio, que procurando melhor obedecer e servir Deus, se dececionaram pelos atos daqueles que dizem oficialmente servi-lo. Obviamente não me refiro à maioria, cujo exemplo, por ser notável, aplaudo. Porém, quando o comportamento, altamente condenável, vem do topo, está-se perante uma ENORME CRISE. E, se recorrermos à História, embora haja atos que devem ser interpretados no seu próprio contexto, crises, ou melhor, TRAGÉDIAS de alegada Fé como as Cruzadas e, dentre estas, a que dizimou os Albigenses do sudoeste da França, os exemplos são miríade, a contrastar com a pureza dos Evangelhos, assim como de Cristo. Não sou ateu, mas olhando para o exemplo e prática de certos religiosos, prefiro não ser adepto de nenhuma religião, procurando a máxima que se sempre me orientou na vida – servir a sociedade e o ser humano que responsavelmente se integram na sociedade de que fazemos parte. E, voltando à crise europeia, mas particularmente no contexto da eleição de um novo Papa, quão errados estão aqueles que advogam a continuidade de um Sumo Pontífice europeu, como é o caso de outro conhecido comentador do mesmo matutino, Vasco Graça Moura, na sua crónica de 06/03/13, intitulada ‘A Europa e o Papa’. Com a eleição de um cardeal argentino, o que aconteceu pela primeira vez também proveniente da América Latina, agora Papa Francisco I, pergunto: Com uma Europa e a Igreja Católica em crise, que mal houve eleger-se um Papa com a experiência e visão de qualquer outro continente, capaz, como se deseja, de debelar a Crise? Devido à enorme responsabilidade e à consequente necessidade de reforma, NELE RECAI UMA ENORME RESPONSABILIDADE. PORTANTO, ESTA, A OPORTUNIDADE IDEAL. OXALÁ QUE NÃO SE PERCA!

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