quinta-feira, 8 de novembro de 2012

QUEM SÃO OS SALAFIS?

Nesta que é uma importante fase de ressurgimento islâmico, principalmente depois do ataque do Al Qaida aos USA, em 2009, e da retaliação destes, primeiro ao Afeganistão e, depois ao Iraque, os muçulmanos começaram a recrutar adeptos e a intensificar a sua ação em todas as partes do mundo, graças, principalmente, aos enormes fundos proporcionados quer pela Arábia Saudita, como pelo Qatar. Foi o que aconteceu com os Salafis, principalmente durante a ocupação soviética do Afeganistão em que ali afluíram. Até então obscuro e até chacoteado movimento fundamentalista, particularmente conhecido pela mera distribuição de folhetos junto às mesquitas e festivais islâmicos e conhecido especialmente pelos seus controversos costumes, radicados ao período original de Maomé e, daí, o nome salafi, que significa “os predecessores”. Oriundos dos Sunni, que juntamente aos Shiitas, constituem os dois principais troncos do islamismo, o Salafismo, que não passava de uma filosofia, uma forma de vida, portanto sem qualquer liderança hierárquica, pelo que os seus aderentes não seguem, nem obedecem a uma simples figura, mas dependem e confiam nos escolásticos, antigos e modernos sobre a sua conduta. Para os Salafis, a vida é demasiado séria, pelo que não há lugar para o que consideram frivolidades, como a mais do que comum música, o cinema, a televisão ou a maioria de quaisquer diversões, como é o caso das civilizações ocidentais. O seu lema é o regresso às raízes e à emulação da austera piedade do Profeta Maomé e aos seus primitivos seguidores. Até recentemente, os Salafis não estavam muito interessados em política ou em qualquer forma de governo, democrático ou ditatorial, uma vez que, para eles, Deus, ou Alá é soberano. Porém, devido à acção e radicalização de um dos seus principais membros, Ben Laden, o movimento assumiu nova posição, mas pior, violência. A mais notável ação de terrorismo, encetada por Salafis, ou melhor, pelo seu braço, Ansar al-Sharia, foi o ataque e morte do embaixador americano, J. Christopher Stevens, assim como três dos seus acompanhantes, no consulado americano de Bengazi, na Líbia, no início de setembro de 2012. A sua agressividade repetiu-se no Paquistão, no dia 21 do mesmo mês, declarado feriado oficial para dia de protesto, encorajando motins que levaram à morte pelo menos 25 pessoas. A notória radicalização foi o objetivo dos Salafis que levou virtualmente todo o Paquistão a um espetro político de vários graus para a direita. Mas não apenas. Na decorrente e trágica convulsão da Síria, com Salafis a emergir de todos os cantos do mundo muçulmano, dão nova dimensão à luta contra Bashar al Assad, caracterizada por um novo factor - o sectarismo. Este fenómeno, provocou um verdadeiro terramoto em todo o mundo islâmico ao ponto do próprio presidente tunisino, o liberal Moncef Marzouki, declarar que “estamos a lidar com um grande perigo, uma verdadeira ameaça”. Na realidade, acrescenta que o “Salafismo é como um cancro. Quanto mais retardarmos, mais extremamente difícil será curá-lo”. Aponta a revista TIME (8 de outubro de 2012), que “se os governos democraticamente eleitos do Egito, Líbia, Tunísia e Iémen representam o florir da Primavera Árabe, os recém e afirmativos Salafis são ervas daninhas a dominar o terreno fertilizado pela livre expressão, mas pobremente cuidado por fracos governos.” Por isso, alerta para o facto de que, embora muitas capitais do Ocidente estejam de sobreaviso, isso não chega. Se o seu alastramento não for devidamente atacado, os “Salafis, ao forçarem este tipo de islamismo, puritano e intolerante (…) sufocarão o despertar das novas democracias…”! O melhor e mais recente exemplo é a súbita quase ocupação de metade de um dos mais liberais estados e centro de cultura africanos – o Mali.

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