sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

AS AGÊNCIAS DE “RATING”


AS AGÊNCIAS DE “RATING”

Na crónica anterior, insurgi-me contra as agências de “rating”, ou anotação e, embora nela quisesse falar do seu papel, esclareci que por razões de espaço não o poderia fazer. Pois bem, esta a oportunidade para me ocupar de tão notáveis e, por que não “chagas” cuja sapiência tão prejudiciais nos são. QUEM SÃO: Existem três principais agências de anotação – Standard & Poors (pronuncie-se Pórs e não púrs, como é errado hábito na nossa praça!), a mais antiga, e a última, como se focou na crónica do Nº. 1083, de 19 de janeiro último, que lançou a economia do nosso país no “lixo”, fundada em 1860 por Henry Varnom Poor (1812-1905), que através da sua obra History of the Railroads and Canals of the United States (História dos Caminhos de Ferro e dos Canais dos Estados Unidos da América) se notabilizou e foi referência para os investidores de tão importante setor, seguindo-se-lhe o Manual do mesmo nome, mas apenas relacionado com os caminhos de ferro, atualmente, desde 1966, é uma empresa subsidiária da potente empresa-mãe, a editora McGraw-Hill. Moody's Corporation, fundada em 1909 por John Moody, com o objetivo de produzir manuais de estatística sobre títulos e ratings. Em 1962 foi adquirida por Dan Broadstreet, empresa dedicada ao setor de informação sobre crédito. Fitch Ratings, fundada em 24 de dezembro de 1913 como Fitch Publishing Company, conheceu a sua origem à publicação de dados sobre estatísticas financeiras, dando igualmente origem, em 1924, à anotação de AAA a da. Embora as duas anteriores sejam empresas americanas, com capitais exclusivamente daquele país e com sede em Nova Iorque, a última, parte do Fitch Group é maioritariamente pertencente e subsidiária da empresa francesa Fimalac SA e é a única a dividir a sua sede com base em Londres. O QUE FAZEM: Como se pode verificar pela informação acima, a missão e papel principal destas entidades é avaliar as economias e gestões dos Estados, dos municípios, das empresas e a performance das mesmas nas bolsas mundiais. Da sua avaliação, compilando em listas, ou “ratings” e, daí, o nome que lhes é atribuído, de AAA+, a mais elevada, a D, mais baixa, e, portanto, “lixo” Como sabemos, em relação às consequentes relações recentes com o nosso país, depende a credibilidade e, consequentemente a aplicação dos juros a cobrar pelo mercado mundial de capitais (geralmente fundos de pensão e importantes capitalistas como George Soros e Warren Buffett) quando os estados se candidatam na venda de títulos, ou seja, na aquisição de capitalização da sua economia. DE QUE DEPENDEM: Geralmente independentes, as agências depende de quotas dos estados e das empresas que a elas recorrem pagando pesadas verbas. Pergunta-se. Por que é que ou os estados ou companhias, quando a classificação lhes é adversa, não saem das agências. Caso o fizessem, mais descredibilizadas ficariam perante os potenciais investidores. SÃO AS AGÊNCIAS TOTALMENTE INDEPENDENTES E IMPARCIAIS? Obviamente que, em princípio, deveriam sê-lo. Aliás é no que insistem! Porém, face, primeiro aos efeitos dos chamados “juros tóxicos”, ou seja, as consequências do rebentamento do igualmente chamado “balão imobiliário” em que as pessoas que tinham adquirido as suas residências se viram obrigadas a entregá-las aos credores por não poderem pagar as hipotecas, crise que gerou a derrocada da banca principalmente ocidental que tinha pesadamente investido naqueles fundos, seguida da falência dos principais montepios americanos, Fannie Mae e Freddie Mac, dando igualmente lugar à falência de uma das principais instituições financeiras mundiais, Lehman Brothers, ora se estas agências falharam na antecipação do problema algo de mal aconteceu. Além disso, quando a crise financeira americana, principalmente provocada pelo desacordo em relação ao plafond da dívida do país, no Congresso, nos meados de 2011, entre republicanos e democratas e as suas inevitáveis consequências, as agências foram tímidas em ameaçar os políticos da desvalorização do rating! Enquanto isso, por razões contrárias, e em relação ao euro, como acabamos de verificar, não hesitam em colocar-se, lado a lado com todos os que nos EUA procuram, por interesses próprios e principalmente especuladores, contra as economias do Espaço da Moeda Única e, por conseguinte, pressionando o euro! Para o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que não tem papas na língua “há uma guerra declarada contra e entre o euro e o dolar” Imparciais? Deixo a resposta ao/á leitor/a! Entretanto, e, para facilitar a sua tarefa, adianto-lhe a importante ajuda de, nada mis nada menos, que o prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, que afirmou recentemente em Lisboa que “estão a atuar de uma forma política e irresponsável”!

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