AS
AGÊNCIAS DE “RATING”
Na
crónica anterior, insurgi-me contra as agências de “rating”, ou
anotação e, embora nela quisesse falar do seu papel, esclareci que
por razões de espaço não o poderia fazer. Pois bem, esta a
oportunidade para me ocupar de tão notáveis e, por que não
“chagas” cuja sapiência tão prejudiciais nos são. QUEM
SÃO:
Existem três principais agências de anotação – Standard
& Poors (pronuncie-se
Pórs
e não púrs, como é errado hábito na nossa praça!), a mais
antiga, e a última, como se focou na crónica do Nº. 1083, de 19 de
janeiro último, que lançou a economia do nosso país no “lixo”,
fundada em 1860 por Henry Varnom Poor (1812-1905), que através da
sua obra History
of the Railroads and Canals of the United States (História
dos Caminhos de Ferro e dos Canais dos Estados Unidos da América) se
notabilizou e foi referência para os investidores de tão importante
setor, seguindo-se-lhe o Manual do mesmo nome, mas apenas relacionado
com os caminhos de ferro, atualmente, desde 1966, é uma empresa
subsidiária da potente empresa-mãe, a editora McGraw-Hill. Moody's
Corporation,
fundada em 1909 por John Moody, com o objetivo de produzir manuais de
estatística sobre títulos e ratings. Em 1962 foi adquirida por Dan
Broadstreet, empresa dedicada ao setor de informação sobre
crédito.
Fitch Ratings, fundada em 24 de dezembro de 1913 como Fitch
Publishing Company, conheceu a sua origem à publicação de dados
sobre estatísticas financeiras, dando igualmente origem, em 1924, à
anotação de AAA a da.
Embora as duas anteriores sejam empresas americanas, com capitais
exclusivamente daquele país e com sede em Nova Iorque, a última,
parte do Fitch Group é maioritariamente pertencente e subsidiária
da empresa francesa Fimalac SA e é a única a dividir a sua sede
com base em Londres. O
QUE FAZEM:
Como se pode verificar pela informação acima, a missão e papel
principal destas entidades é avaliar as economias e gestões dos
Estados, dos municípios, das empresas e a performance das mesmas nas
bolsas mundiais. Da sua avaliação, compilando em listas, ou
“ratings” e, daí, o nome que lhes é atribuído, de AAA+, a mais
elevada, a D, mais baixa, e, portanto, “lixo” Como sabemos, em
relação às consequentes relações recentes com o nosso país,
depende a credibilidade e, consequentemente a aplicação dos juros
a
cobrar pelo mercado mundial de capitais (geralmente fundos de pensão
e importantes capitalistas como George Soros e Warren Buffett) quando
os estados se candidatam na venda de títulos, ou seja, na aquisição
de capitalização da sua economia. DE
QUE DEPENDEM:
Geralmente independentes, as agências depende de quotas dos estados
e das empresas que a elas recorrem pagando pesadas verbas.
Pergunta-se. Por que é que ou os estados ou companhias, quando a
classificação lhes é adversa, não saem das agências. Caso o
fizessem, mais descredibilizadas ficariam perante os potenciais
investidores. SÃO
AS AGÊNCIAS TOTALMENTE INDEPENDENTES E IMPARCIAIS?
Obviamente que, em princípio, deveriam sê-lo. Aliás é no que
insistem! Porém, face, primeiro aos efeitos dos chamados “juros
tóxicos”, ou seja, as consequências do rebentamento do igualmente
chamado “balão imobiliário” em que as pessoas que tinham
adquirido as suas residências se viram obrigadas a entregá-las aos
credores por não poderem pagar as hipotecas, crise que gerou a
derrocada da banca principalmente ocidental que tinha pesadamente
investido naqueles fundos, seguida da falência dos principais
montepios americanos, Fannie Mae e Freddie Mac, dando igualmente
lugar à falência de uma das principais instituições financeiras
mundiais, Lehman Brothers, ora se estas agências falharam na
antecipação do problema algo de mal aconteceu. Além disso, quando
a crise financeira americana, principalmente provocada pelo desacordo
em relação ao plafond da dívida do país, no Congresso, nos meados
de 2011, entre republicanos e democratas e as suas inevitáveis
consequências, as agências foram tímidas em ameaçar os políticos
da desvalorização do rating! Enquanto isso, por razões contrárias,
e em relação ao euro, como acabamos de verificar, não hesitam em
colocar-se, lado a lado com todos os que nos EUA procuram, por
interesses próprios e principalmente especuladores, contra as
economias do Espaço da Moeda Única e, por conseguinte, pressionando
o euro! Para o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que não tem papas na
língua “há uma guerra declarada contra e entre o euro e o dolar”
Imparciais? Deixo a resposta ao/á leitor/a! Entretanto, e, para
facilitar a sua tarefa, adianto-lhe a importante ajuda de, nada mis
nada menos, que o prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, que
afirmou recentemente em Lisboa que “estão a atuar de uma forma
política e irresponsável”!
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