Como um dos principais dias do ano, embora não apenas em termos religiosos, mas cada vez parte integrante e componente social, nomeadamente de reunião de família, no Reino Unido, o Natal é um dos períodos mais destacados do País. E, se o comércio começa a movimentar-se já em fins de Setembro, lembrando e aliciando a clientela, as ricas ornamentações iluminadas das ruas das cidades principais, geralmente inauguradas por figuras célebres, e, em Londres, a inauguração da tradicional e enorme Árvore de Natal, em Trafalgar Square, dádiva clássica da cidade de Oslo, na Noruega, a comemorar a gratidão daquele país ao Reino Unido pela solidariedade manifestada durante os negros dias da ocupação Nazi aquando da II Guerra Mundial, sempre ladeada de corais a entoar hinos natalícios, o Natal é prelúdio de festa – Festa de Família! Não surpreende que um dos escritores mais focados desta época, e aquele que mais e melhor interpretou a solenidade, mas acima de tudo, a solidariedade do Natal, seja Charles Dickens (1812-1870), no seu notável livro-poema, Christmas Carol. Por isso, e no domínio da literatura, a Charles Dickens deve-se a consagração de tão importante época festiva.
A história passa-se, em Londres, numa fria noite véspera de Natal. Com a personagem principal, Ebenezer Scrooge (cujo sobrenome, em Inglês, muito apropriadamente, significa Forreta), obviamente quer entre colegas, poucos amigos e reduzidos familiares, Scrooge, que mais devido à sua avareza amealha um fortuna, vive para si próprio, desdenhando dos menos favorecidos ou recusando esmola àqueles que ousam estender-lhe a mão! Porém, e nas vésperas de Natal, Scrooge é visitado por três espíritos que lhe lembram o seu passado, só e de forreta, alertando-o para algo nóvel, especialmente a bem-aventurança de benfazer, que finalmente reconhece e aceita, distribuindo a sua fortuna por aqueles que até ali tinha negado. Obviamente, o objectivo de Dickens é transmitir alegria e felicidade, contrastando aqueles que, pela sua maldade e avareza, vivem só para o seu dinheiro.
Como se sabe, até ao século XV a escassa literatura existente, em sua maioria limitada a iluminuras, radicava-se apenas aos conventos. Fora deles, durante a Idade Média, o Natal era celebrado pelos menestréis com os característicos hinos em homenagem aos pastores natalícios. Quem o assinalou foi o poeta Geoffrey Chaucer (1340-1400), que se referia aos minestréis a desempenhar papel importante tanto no palácio, como, e principalmente, nos adros das vilas e aldeias. Mas um dos mais antigos hinos impressos, “Christmasse Caroles”, iniciativa de Wynkin de Worde, em 1521, faz parte das preciosidades da Biblioteca Bodleian, de Oxford. Mais tarde, William Shakespeare não deixa de se referir às festividades de Natal, relacionando-as apenas a antigos e misterosos costumes e a duendos que desapareciam ao cantar do galo, nas vésperas de Natal! As festividades, porém, conheceram novo ímpeto durante os reinados de Isabel I (1533-1603)e de James II (1633-1701, tão mencionados pelos cronistas da época, nomeadamente Samuel Pepys (1633-1703). O Natal, porém, em termos populares, seria comemorado – e ainda o é!- em termos teatrais, nas célebres pantomimas, oriundas de pantomimus, da Roma antiga, em que os actores representavam, em mímica, personagens diferentes em curtas cenas baseadas na mitologia e folclore, envergando vistoso guarda roupa e o facto das personagens principais serem interpretadas por pessoas do sexo oposto e em que o elemento cómico desempenha parte dominante, a culminar na lição da vitória do bem contra o mal, sendo os papéis dos tiranos geralmente interpretados por figuras, normalmente caricatas, que mais ridículas se tornam pelo vestuário que envergam, mas sempre por actores ou actrizes muito famosos, que geralmente incitam a criançada a tomar parte.
A TODOS OS ESTIMADOS LEITORES E SUAS FAMÍLIAS, UM BOM E PACÍFICO NATAL!
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