O Tratado Militar anglo-francês, assinado no passado dia 2, em Londres, em que os dois países partilham de recursos militares pelo menos até daqui a 50 anos, poupando cada um deles centenas de milhões de euros, prontifica várias e pertinentes questões: Realismo ou Génesis de Uma Força Europeia Conjunta? Embora dois dos mais importantes parceiros tanto na União Europeia como na OTAN, os dois vizinhos, apenas separados pelo estreito do Canal (para os Franceses Le Channell de la Manche, mas para os Ingleses, The English Channell), mas agora ligados pelos 42km do Eurotúnel, a História é abundante em guerras, inimizades e rivalidades. Enterrado o machado de guerra? Nova e histórica era de co-operação? Foi o que os dois dirigentes signatários, Presidente Sarkozy e o primeiro-ministro, David Cameron, afirmaram! Se para o Presidente Sarkozy trata-se “de uma decisão sem precedentes, demonstrando nível de co-operação e confiança entre os dois países, caso único na história”, para David Cameron “o princípio de algo novo...um tratado baseado em pragmatismo e não em sentimento”. Pragmatismo, sem dúvida, particularmente quando forçado por questões económicas dos dois países, desde a Entente Cordiale, assinada em 1906.
Após um multi secular historial, de conflitos e traições mútuas, sem dúvida os dois vizinhos concluíram um notável e histórico tratado, em que, no futuro, em vez de se degladiarem, lutarão juntos, com os recursos mútuos. Mas, como David Cameron, conhecido eurocéptico, fez questão de frizar, não está em causa a independência e soberania, pelo menos do seu país! Boas intenções, perfeitamente, mas como o matutino francês Le Figaro assinalou, as boas e optimistas intenções “têm que ser gravadas em pedra”, ou melhor, da intenção à prática! Esta, a grande incógnita levantada principalmente pelos cépticos britânicos, quando está em causa a partilha conjunta tanto de homens (força expedicionária composta por 10, 000, incluindo comandos, serviços especiais e infantaria) como de material bélico, incluindo aviões e porta-aviões, investigação e aperfeiçoamento de equipamento militar, ou, mais delicadamente ainda, a investigação e testes de equipamento nuclear, incluindo ogivas, em que a França está à frente, pelo menos em simulação informática. Outra importante extensão é a partilha de investigação na ciência cibernética e na tecnologia e combate de minas marítimas. Separação dos Estados Unidos, esse grande sonho de de Gaulle, génesis de um Exército Europeu, anátema dos britânicos? Em relação à primeira questão, segundo fontes do Pentágono, a separação dos EUA não está em causa uma vez que os britânicos estão dependentes, e partilham, de sistemas nucleares americanos, como é o caso do Trident. Porém, e em relação ao início de Uma Força Militar Europeia, é cedo para se fazerem conjecturas! Mas, este entendimento entre as duas principais potências europeias de defesa e membros da UE, pode muito bem ser o princípio! Se assim for, o mais irónico é o facto da sua génese ter partido de um eurocéptico como David Cameron! Pragmatismos, como ele afirmou? Vejamos. O tempo o dirá! Intenção aflorada na Cimeira de St. Malo, em 1998, entre Jacques Chirac e Tony Blair, e, nos últimos anos, avançada peloseu sucessor, Gordon Brown, coube a David Cameron e Nicholas Sarkozy, confirmarem e selarem o acordo no vetusto e histórico palacete de Lancaster House. Para trás, enterradas pelo machado de guerra, ficam para a História as quezílias, disputas e confrontos nos campos de batalha, que remontam à invasão de Guilherme, e o seu exército normando, em 1066, como bem o tipifica esse belo e enorme documento, As Tapeçarias de Baieux, da Batalha de Hastings, exibidas não muito longe, no Museu de Bournemouth. Para trás, também, fica a Guerra dos Cem Anos, do século XIX, que culminou com a vitória britânica em Agincourt, em 1415, as guerras napoleónicas e a vitória de Trafalgar. Tudo isto é apenas névoa de uma história distante, quando novos horizontes se desbravam entre os dois antigos inimigos, mas que, também juntos, afastaram a ameaça Nazi!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário