sábado, 7 de setembro de 2013
DIVAGAÇÕES DE UMA NOITE DE VERÃO?
Hábitos, tradições e culturas são características idiossincráticas dos povos. E a melhor forma de as distinguir é a vivência e identificação. E, quando delas se é parte histórica, trata-se de um bónus adicional.
Uma das primeiras observações com a cultura e práticas britânicas, ocorrida há mais de meio século, esta em termos académicos, foi a ênfase na opinião do aluno e da sua argumentação sobre um determinado tema, em vez da do tutor, que se limitava a ouvir e, quando necessário, opinar e, a segunda, o planeamento.este, algo estranho para quem vinha de uma cultura de “última da hora” ou do habitual “em cima do joelho”. Outra, o muitas vezes desnecessário, e até vulgar pedido de desculpa. Porém, a que mais me impressionou foi, e é, a fidelidade na resposta a um contacto por correspondência. Que diferença entre, diria, o nosso MAU HÁBITO! Infelizmente, no nosso país, é raríssimo receber-se resposta (agora felizmente em contactos oficiais PRÁTICA CORRENTE e, até, com relativa rapidez!), mesmo quando em casos de simples cortesia (e tenho inúmeros), em que a simples receção, ou prova de boas maneiras - o agradecimento - são os GRANDES AUSENTES!
Porém, quando, por circunstâncias, ocasionais ou inerentes a cargos ocupados, somos parte, e, em alguns casos, iniciamos hábitos, costumes ou normas, mais tarde adotados a nível nacional, compreende-se a satisfação pessoal. Estes, particularmente quando, a título voluntário, ocupei funções sindicais na BBC, notável instituição que profissionalmente me formou e servi durante 30 inesquecíveis anos. Casos pioneiros, que, iniciados nessa Corporação, se tornaram em PRÁTICA NACIONAL! A primeira, quando pouco se falava ainda do assunto, em princípio devido à exiguidade dos então estúdios, refrear-se o uso do fumar durante as transmissões. Prática que depois se estendeu aos refeitórios, em que inicialmente foi dedicado um espaço para fumadores que, mais tarde, foi abolido, inclusivamente no interior dos edifícios, concedendo-se alguns minutos de ponto para os fumadores inveterados. Prática que, anos mais tarde, transformada em lei, se consolidou a nível nacional e nos transportes. Seguiu-se a segurança, especialmente devido à possibilidade dos anunciados ataques do IRA (que, não obstante publicamente anunciadas ameaças, nunca ocorreram a instalações da BBC). Ironicamente, e quando, inicialmente, propus identificação própria dos funcionários e registo de visitantes, recusados devido a alegados custos, quando, poucos anos depois, um dos estúdios foi invadido por adeptos do Partido Nacional Galês (Plaid Cymru - pronuncie-se Pláid Cúmrí), em que foi solicitada a minha mediação, em protesto. por parte daquele partido à, para eles, indevida promoção do galês em emissoras nacionais naquele país, em desprimor às transmissões em línguas vernáculas como era o caso do Serviço Mundial da BBC. Prática atualmente generalizada em todo o país. Finalmente, o processo, inicialmente modesto, da emancipação feminina, ou melhor, o aumento da quota de profissionais femininos em jornalismo, até então defensivo reduto masculino e apenas reservado a secretárias. Ironicamente, anos mais tarde, e quando achei pôr termo a 13 anos de chefia sindical voluntária, o primeiro não britânico a ocupar o cargo, mas eleito, do Serviço Mundial, dei lugar, primeiro a uma Presidente, seguida por outra, esta Portuguesa, que imediatamente fizeram campanha para o Movimento Lésbico, então obscorecido (mas mais tarde prevalecente na Corporação). Fazer parte da História, ser-se pioneiro, talvez por acidente, do que atualmente é apenas hábito corrente e, quando esse intérprete não é cidadão desse Povo e Cultura, mas PORTUGUÊS, ou melhor, Tondelense, é uma realidade! Não uma divagação de uma noite de verão!
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