quinta-feira, 23 de maio de 2013
POMPEIA E HERCULANO EM LONDRES
Estas duas cidades italianas, sepultadas no primeiro século AD, quais Fénix ressuscitadas, ou parcialmente ressuscitadas, das cinzas. estão de visita a Londres numa invulgar e única exposição, no vetusto Panteão da Arte e Cultura, chamado Museu Britânico. Patente até finais de setembro, nela se podem observar, e reviver, através de 250 vívidos, empolgantes e, muitos deles chocantes documentos, o que subitamente aconteceu a partir de um meio-dia, e em apenas 24 horas, nos longínquos idos anos 97 AD (ou, como os cientistas agora afirmam, em vez de AD, BP (Before Present – Antes do Presente). Porém, quanto a mim, numa opinião puramente pessoal, embora a imprensa britânica tenha colocado esta exposição nos pináculos da fama, não atinge os níveis de outras a que assisti no mesmo Museu, nomeadamente a inolvidável do Faraó Tutankamum, realizada em 1979, ou a mais recente, de há uma década, também sobre Herculano, neste caso, o Imperador. Embora seja evidente a colaboração do Moseo Nazionale Archiologico di Napoli, sem a qual esta mostra não seria possível, nos muitos dos raros achados encontrados até ao momento, (tanto mais que as escavações, devido à exigida morosidade, ainda estão, e estarão por muitos anos, em curso), desejar-se-ia mais.
Conquanto belos e descritivos frescos, estátuas de bronze quer do Imperador da época, Augustus (Lucius Maximus Maximus) e de sua bela e esbelta mulher, a Imperatriz Lívia, como outra de mármore da sacerdotisa Eumachia, mosaicos como o magnífico da Casa de Orfeu a retratar um pujante e insaciável canino, enriqueçam esta mostra, nela não faltam chocantes documentos, como a figura de dois cães petrificados ou, pior ainda, o drama, a dor de uma mãe, e marido, igualmente petrificados, a tentar agarrar e salvar os filhos quando, sucumbidos, tentavam abandonar o seu rico lar. Abundam, igualmente, utensílios de cozinha, assim como comida, ou alimentos, estes refletidos no pão da época, obviamente petrificado, ornamentos em ouro e até o abandonado boletim de nascimento de uma criança possivelmente no seu móvel de quarto. E, a refletir o intenso e súbito calor das engolfantes cinzas um chocante berço ou um banco de jardim carbonizados. O que os expositores conseguiram, tal como o tema da exposição reflete, foi retratar, quanto possível, a vida diária das duas cidades: as casas dos ricos e dos pobres, incluindo atos amorosos e até sexuais refletidos nos vários frisos presentes. Tudo isto, para mim, a lição mais chocante foi a surpresa do inesperado, prova da fragilidade humana e da sua insegurança e incerteza sobre o seu futuro. aliás muito bem traduzidos na interrogação do escritor da época. Stacius: “No futuro, assim que os campos verdejem e as devastadas plantas floresçam, será que alguém reconhecerá, que cidades, mansões e habitações foram sepultadas?”
Afinal, tudo aconteceu subitamente, em apenas 24 horas. Não obstante os prévios avisos do vizinho e até então dormente vulcão do Monte Vesúvio, trepidante e ameaçador, a vida continuou como habitualmente. Num meio-dia, como outro qualquer, do longuíssimo ano de 79 AD, subitamente, do estrondo, o Vesúvio começou a vomitar chamas, enormes nuvens de cinzas, juntamente a incandescentes rochas, escurecendo tudo ao redor. A população, agora consciente, tentou fugir. Primeiro Pompeia, que em poucas horas ficou cerca de 1/3 submersa em 5 metros de altura de cinzas, sepultando 1150 pessoas, seguindo-se-lhe a vizinha, bela e luxuosa estância balnear de Herculano, ambas na Baía de Nápoles, esta última, mais pequena, afetada em 2/3 e soterrada em 20 metros de profundidade, mas com apenas 350 vítimas. As escavações, iniciadas nesta última, ocorreram em 1740 e as de Pompeia em 1748.
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